Já foi referido que a carga do horário escolar é um dos grandes obstáculos da formação desportiva.

É por razões de organização da sociedade, ou seja por razões sociais e não de aprendizagem, que as crianças e jovens deste país, comparativamente a muitos países europeus, passam tantas horas na escola. Este facto dificulta e de que maneira a organização dos espaços e horários para treinos e retira aos jovens, a possibilidade da prática informal, tão decisiva para o seu crescimento, quer como praticantes, quer como pessoas.

Na recolha de dados para compreender as questões de fundo da modalidade, e perceber o que está exclusivamente nas nossas mãos alterar e o que, embora poderemos tentar alertar e influenciar, não está nas nossas mãos, a capacidade de modificar, verifiquei que o basquetebol no nosso país tem dois grandes problemas:

O primeiro e o mais grave é que embora estejamos no mesmo espaço geográfico que se chama Península Ibérica, enquanto em Espanha existem 9 praticantes por cada 1000 habitantes em Portugal existem 2 praticantes por cada 1000 habitantes. Viana do Castelo e Aveiro são as Associações que mais praticantes têm por mil habitantes têm 3,6 praticantes por cada 1.000 habitantes. Sendo o basquetebol uma modalidade mais de cariz urbano, dois dos distritos de maior população no país Lisboa e Braga estão no fundo da tabela nacional com 1 praticante por 1000 habitantes. 

O segundo problema é o momento da captação e fidelização dos praticantes e aqui verificamos o seguinte:

1º A nossa maior base de captação de praticantes é muito tardia Sub-14

2º Existe um enorme abandono de praticantes no escalão dos Sub-20

Pelo que temos vindo a dizer estamos convictos que a introdução do escalão de Sub-13 ou a alteração dos escalões viria a contribuir para que o alargamento da base de praticantes descesse dos Sub-14 para os Sub 13 e que de futuro com medidas simples e não muito onerosas de apoio ao minibásquete, conseguiríamos que a principal fase de captação dos praticantes passasse para os Sub-12 e não acontecesse aos Sub-14, como actualmente se verifica.

O outro problema bem visível no quadro dos praticantes até aos seniores é o abandono drástico dos praticantes dos Sub-18 para os Sub-20. Este é um problema que tem de ser abordado com seriedade e sobre o qual por ainda não reflecti tão profundamente como sobre a questão da transição do minibásquete para o basquetebol.

Não tenho dados nem elementos para fazer afirmações, no entanto questiono-me, se um dos factores duma redução tão drástica dos Sub-18 para os Sub-20, não passará pelo facto de o primeiro ano de Sub-20 coincidir com o ano de entrada nas universidades para muitos jovens?

Este e muitos outros factores, que têm de ser estudados e compreendidos não retiram força a um factor, que diversos estudos já realizados, que abordam a prática e o problema do abandono nos diversos escalões de formação, são a verdade incontornável, que o que fundamentalmente prende uma criança, ou mesmo um jovem à modalidade passa em grande parte pela possibilidade de fazer aquilo que mais o cativa: jogar.