Que valores?
 
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Que valores?

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FracoBom 

Que valores?O desporto é uma escola de valores...nos dias de hoje este “chavão” deixou de ter sentido e cada vez menos significado.

Defendo que, como treinador, quando entro em campo encarno muito mais do que esse papel, acima de tudo defendo que nós treinadores somos “condutores” de pessoas, neste caso, de jovens que estão no seu processo de estruturação e desenvolvimento físico e psicológico.

Um treinador deve ser competente nas matérias e conteúdos técnico-táticos mas especialmente aquilo que deve possuir é um sentido do que é certo e errado, justo e injusto, de tratar todos da mesmo modo dando as mesmas oportunidades de evolução. São estes indicadores que os atletas devem receber dia após dia, treino após treino de modo a que o seu comportamento possa evoluir corretamente ao mesmo tempo que o seu jogo evolui.

Mas não são só os treinadores que devem ter a obrigação de conduzir os jovens no caminho correto em termos do seu comportamento, os pais acima de tudo têm que ser os primeiros a dar este exemplo, seja em casa, seja no pavilhão.

Infelizmente o que vemos hoje em dia em muitos pavilhões pelo país fora é uma constante falta de respeito por parte dos adultos que veem o jogo dos seus filhos, fazendo comentários que por vezes podem achar engraçados, mas que no fundo têm um peso muito maior do que aquele que se possa pensar.

Da mesma maneira que para um atleta atingir um nível elevado numa qualquer ação técnica, ele terá que repetir vezes sem conta até ficar interiorizado, o mesmo processo acontece vindo das bancadas, onde se reclama com os árbitros constantemente (será que não se pensa que os árbitros são pessoas, têm uma vida, filhos, pais, irmão e tem o direito de errar?), ataca-se por vezes os jogadores das outras equipas (que exemplo estaremos a dar aos nossos filhos) e troca-se “galhardetes” na bancada com outros pais, tudo isto a ser observado pelas crianças que, no fundo, só querem apenas uma coisa, jogar basquetebol.

Bem sei que muitos poderão pensar que nem todos são assim, se não fossem os pais o basquetebol em Portugal não andava para a frente, mas será que esses argumentos são o suficiente para não me fazer tocar num aspeto que cada vez mais me incomoda quando entro num pavilhão? Nunca, nunca irei deixar de dizer o que penso mesmo que exista só uma pessoa a comportar-se desta triste maneira, gostaria de dizer que é a exceção à regra, mas neste momento, penso o contrário, a exceção à regra são os adultos que se comportam bem, que veem o desporto com fair-play, que são os primeiros a não responder ou a medir o tamanho da sua “testosterona” à frente de outros adultos.

Com alguma expectativa, esperava o fim de semana passado para ir poder ver um ou outro jogo da fase final de sub-16 masculinos em Lisboa, mas mais uma vez sai desiludido com o que lá vi. Entendo que deve haver competitividade entre as equipas, até alguma rivalidade (embora não aprecio muito o termo) mas durante os jogos o que assisti foi um constante “massacre” aos árbitros, aos jogadores da equipa que não era a que se apoiava, a recordar algo do passado como resposta a alguma coisa que era dita do outro lado da bancada e por fim, uma triste cena entre adultos, ali à frente de muitos jovens, onde o insulto subiu em tons deploráveis e a agressão só não aconteceu porque a polícia acabou por intervir e acalmar os ânimos.

E pergunto-me, para onde estamos a caminhar? Como queremos ter um país com um elevado grau de civismo se nas pequenas coisas, que deveriam ser saudáveis, estamos a caminhar para o lado oposto? Que modelos é que estes jovem têm quando assistem com frequência a ações como aquela que vi este fim de semana?

Em conversa com o docente da minha cadeira de basquetebol, o Professor José Curado, dizia-me que atravessamos uma fase onde existe em termos internacionais uma grande preocupação pela falta de valores que o desporto em tempos já teve e que neste momento deixou de ter, no qual eu concordo em absoluto.

Gosto de escrever artigos onde o tema basquetebol está presente mas depois deste final de semana achei que deveria partilhar a tristeza que senti depois de domingo, pois não gostando de usar “chavões”, existe um que cada vez mais ouço por pavilhões, em conversas com treinadores, quando se fala do desporto de formação, em geral muitas vezes é dito, “os pais é que são o problema”.

Penso que os pais são a chave do sucesso, são os nossos melhores aliados para nos ajudar a ver sinais negativos e a ampliar os positivos nos atletas mas cada vez mais se está a perder o controlo nos pavilhões, nas escolas e na sociedade em geral onde os pais começam a ter um papel negativo em muitas situações.

You know!

Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico

 

Comentários 

 
+1 #2 Alcindo Quaresma 17-02-2012 19:17
Olá Nuno.
Primeiro que tudo parabéns pelo que escreveu.....è preciso,mesmo que custe,dizer a verdade: Infelizmente corremos o risco de "evoluirmos" como o futebol...(que tanto criticávamos......por sermos diferentes...)onde os jogos,mesmo dos escalões mais baixos são,muitos deles uma vergonha e tem que ter GNR ou Policia...Os "pais" na bancada dão espetáculo....deprimente...e ,nalguns casos,vergonhos o..
Já se vê muito no Basquete também...infelizmente....
"os tempos vão mudando."..
Teremos que trabalhar muito "em equipa" para podermos inverter o sentido que este "Jogo" leva

Abraço
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+11 #1 San Payo Araújo 15-02-2012 10:22
Caro Nuno

Parabéns por mais este alerta. Este teu texto fez-me relembrar uma promessa que fiz num comentário a um artigo do Luis Cristóvão. É um tema que seguramente irei abordar.
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