Entrevista com Olímpio Coelho
 
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Entrevista com Olímpio Coelho

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altQlímpio Coelho nasceu em Torres Vedras, em 1945. Hoje, mais de sessenta anos passados, é um daqueles nomes incontornáveis do basquetebol. Isto e muito mais é Olímpio Coelho: Uma voz que se não ouve muito mas que muito teria a dizer. Fica o desafio para que o ouçam!

Eliseu Beja


O que faz actualmente? Quais os seus projectos nesta fase da sua vida?
No presente dedico-me à docência na Universidade Lusófona, no domínio da Pedagogia do Desporto, como Professor Associado Convidado. Portanto, os projectos actuais centram-se, principalmente, nas funções e responsabilidades inerentes a esta função. Complementarmente interesso-me pela formação de agentes desportivos em geral e do basquetebol em particular nas vertentes curricular, contínua e de supervisão pedagógica. E mantenho o gosto pela escrita tendo como intenção publicar, a breve prazo, alguns trabalhos.

Está presente em todos os Clinics que se realizam em Portugal. O que o motiva para continuar a aprender?
Não direi que participe em todos mas seguramente participo em muitos deles. Este facto tem como origem, em primeiro lugar, o gosto pela modalidade que suscita a apetência pela actualização e por contactar com diferentes ideias e perspectivas. E basta que de um Clinic retire uma boa ideia para já valer a pena. Mas também é relevante a oportunidade de reencontrar novos e “velhos” companheiros de jornada.

Faz parte do grupo de prelectores de Nível III. Que mensagem pode dar aos jovens treinadores que vão tentar atingir o nível máximo em Portugal?
De facto participo desde 1974, e até á presente data, com poucas interrupções, no projecto de formação de treinadores do basquetebol, em especial no Nível III, tendo sido Director dos mesmos nas últimas três edições. Creio por isso deter a experiência e consequente legitimidade para lembrar aos jovens treinadores que, tratando-se do nível de formação mais elevado, tal implica, desejavelmente, uma vivência significativa no desempenho da função pelo que devem ponderar, conscienciosamente, a sua candidatura. E devem, também, assumir que ser Treinador de Nível III implica responsabilidades para com a modalidade no seu sentido amplo, tendo em conta o seu desenvolvimento.

O Prof. Teotónio Lima indicou-o como um dos principais impulsionadores do basket em Portugal nas últimas décadas. Como se sente ao ouvir estas palavras?
Sinto-me honrado e reconfortado. Mas é importante salientar que se algum contributo dei, tal resulta de ter tido o privilégio de participar em equipas de trabalho de grande qualidade e sobretudo coesas, conduzidas por fortes lideranças, e em que a lealdade sempre foi o regulador das relações entre os seus elementos. Essas equipas de trabalho incidiram, para além da actividade nos Clubes, nas seguintes áreas: Formação de Treinadores, elaboração do Plano de Desenvolvimento do Basquetebol  e do Plano Quadrienal da FPB, criação e direcção da ANTB, elaboração das Bases para um Plano de Desenvolvimento do Basquetebol no Distrito de Lisboa e envolveram como elementos mais significativos Teotónio Lima, Jorge Araújo, José Curado, Hermínio Barreto, Jorge Adelino, Júlio Silva, Adriano Baganha, Carlos Alberto Gonçalves, Manuel Campos, Henrique Ferreira, António Gonçalves, Evaldo Poli, Mário Palma, Ana Távora, Joaquim Pereira, Jorge Fernandes, Rogério Mota, Carlos Bernardino, António Barata, Armando Simões, Miguel Pereira, Carlos Teigas, Eliseu Beja, José Oliveira, Mário Gomes. Tal como numa equipa cada elemento é tanto melhor quanto melhores forem os restantes companheiros. A todos o meu agradecimento e reconhecimento.

Trabalhou em tempos na revista “O Treinador” realizada pela ANTB. Quais eram na altura as principais dificuldades à volta da revista?
Participei, de facto, na criação e desenvolvimento da Revista “O Treinador” da Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol tendo, durante cerca de 15 anos, até ao nº 27, coordenado a sua produção e edição. Neste projecto deparámo-nos com dois tipos de problema que, julgo, são os mesmos do presente: (1) os de ordem financeira para satisfazer os custos da edição (o conteúdo sempre foi voluntária e gratuitamente oferecido pelos associado) e (2) os relativos aos artigos disponíveis para publicação. Estas duas ordens de dificuldades sempre foram satisfatoriamente ultrapassadas pela cooperação de todos os membros dos Corpos Gerentes, pela capacidade de mobilização da ANTB e pelo empenhamento e disponibilidade dos associados em geral e de alguns em particular.

O que pensa do actual estado do basquetebol em Portugal?
Ao nível dos resultados internacionais naturalmente que identificamos um desempenho muito positivo na generalidade dos escalões o que não deve nem pode ser omitido ou desvalorizado.

Todavia penso que este é apenas um segmento da modalidade correspondendo, em sentido figurado, à parte visível do iceberg. No que respeita à parte imersa, a que está para além dos Centros de Treino e de Alto Rendimento e das competições seniores de primeiro plano há lacunas de concepção e organizacionais com reflexos objectivos nos recursos humanos e materiais disponibilizados. Creio que se perdeu a componente associativa que tornou forte a modalidade o que sendo, no mínimo, estranho, numa modalidade colectiva, impede que dela tenhamos uma visão global e de perspectiva.

Resta a consciência de que existe uma imensa massa crítica que, se inteligentemente mobilizada, pode inverter esta tendência. O que nos permite ter esperança.

Na sua opinião, quais são as características e capacidades específicas que um treinador de jovens deve ter?
O treinador de jovens deve identificar claramente os objectivos do basquetebol Juvenil que decorrem de uma ideia ampla de desenvolvimento e evitar fazer dos praticantes um veículo de afirmação pessoal.. Só assim poderá  valorizar a aprendizagem e o progresso dos praticantes relativamente aos resultados nas competições, impregnar as suas práticas de valores éticos e morais, privilegiar os conteúdos fundamentais, os que são consistentes e não as modas, ser persistente e paciente perante os erros e as dificuldades de aprendizagem.

O treinador de Jovens porque tendencialmente um jovem treinador deve, ainda, manifestar abertura à tutoria/supervisão de treinadores mais velhos s experientes, factor essencial da sua formação e desenvolvimento.

Pode-nos indicar alguns nomes, mesmo que não tenham sido muito populares, mas que tenham sido importantes para a vida basquetebolística nas últimas décadas?
Centrando-me apenas nos treinadores, e sendo difícil citar todos, gostaria de acrescentar aos já referidos anteriormente: Eduardo Quaresma, Ludgero Barroso, José Francisco Costa, Armelindo Bentes, José Esteves, Alberto Martins, António Pinto, Eduardo Nunes, Eduardo Monteiro, Amoroso Lopes, Zeca Macedo, Luís Silveira, Mário Lemos, João Coutinho, Alfredo Almeida, Carlos Barroca,  Carlos Eduardo Gonçalves, Mário Silva, Pinto Lopes, Teresa Barata, Carlos Bio, Luís Laureano, José Tavares, Pedro Ferreira, António Paulo Ferreira, Isabel Ribeiro Santos, José Nogueira, Eurico Brandão, Manuel Janeira, Amândio Graça, Dimas Pinto, Carlos Gouveia, Humberto Gomes… e tantos outros.

Desenvolveu grande parte do seu trabalho a treinar equipas jovens. Que conselhos pode dar aos jovens jogadores?
Que tenham em atenção que só o treino continuado e empenhado produz efeitos e que aprender a treinar é indispensável à sua evolução e progresso; que sejam leais e respeitem os princípios do Espírito Desportivo; que antes de quererem ganhar aos outros queiram ganhar a si próprios e que meditem sobre a afirmação de Bobby Knight “Mais importante do que querer ganhar è querer preparar-se para ganhar.”

O que pensa do projecto PlanetBasket?
O Projecto Planet Basket, naquilo que são os seus objectivos e tem sido a sua prática, constitui uma lufada de ar fresco, uma pedrada no charco de um Basquetebol tristonho, quando já foi alegre e entusiasmante, pobre de ideias e de perspectivas quando já foi, nesse plano, a modalidade mais rica e actuante.

Pode, o Planet Basket, constituir-se como um veículo de comunicação entre os agentes e instituições da modalidade e dar contributo significativo para uma dinâmica em que a modalidade está deficitária. Se conseguir ser independente de instituições e grupos e permanecer, como até agora, aberta á diferença de opinião.

Grande é, para já, o mérito de, a par da actualidade, recuperar o conhecimento de factos e actores da história do basquetebol português em conformidade com o pensamento de Bento de Jesus Caraça: “Um povo que não tem memória é um povo sem futuro.”

 

 


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