Deteção de talentos – Como escolher os com mais futuro?
 
Faixa publicitária
Localização: HOME BASKET CLINIC TREINADORES CANTO DO TREINADOR ARTIGOS DE OPINIÃO Deteção de talentos – Como escolher os com mais futuro?

Deteção de talentos – Como escolher os com mais futuro?

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF
Avaliação: / 16
FracoBom 

altA deteção de talentos em Collell passa por uma filosofia e lógica que tentarei explicar com mais clareza nos próximos artigos e pela metodologia que a seguir passo a expor.

No essencial o método, passa por definir objetivos, um de cada vez e depois observar como os jovens selecionados assimilam a indicação que lhes foi dada. Passa por deixá-los fazer o que mais gostam, com liberdade total para se expressarem, e observar os seus comportamentos.

Em Collell os treinadores não intervêm nos poucos treinos e nos muitos jogos que os jogadores fazem. Aqui o fundamental é criar situações em que os jovens possam livremente expressar as suas capacidades. Os treinadores estão aqui fundamentalmente para observarem capacidades e comportamentos de forma a conseguirem perspetivar, quem no futuro destes jovens terá maior capacidade, quem tem maior margem de progressão para ir mais longe.

Melhor ou pior qualquer um de nós consegue ver quem são os jovens que neste momento são mais fortes e melhores, aqueles que, se necessitarmos de competir no imediato nos dão mais garantias de vencer jogos. Qualquer treinador o pode fazer, pois isso é relativamente fácil. Em última análise até qualquer bom elemento a fazer uma boa estatística pode selecionar. Mais difícil é detetar quem daqui a uns anos, no mínimo quatro, quando os jovens presentes em Collell surgirem no primeiro Campeonato da Europa de Sub-16, serão mais fortes. Esse é o grande desafio colocado aos treinadores presentes.

Para poderem avaliar atitudes e comportamentos, a forma preferencial escolhida são as situações de jogo de 5 x 5 campo inteiro e 3 x 3 meio campo, razão pela qual os jovens passam praticamente toda a semana a fazer aquilo que mais gostam: jogar. Logo no primeiro dia, já com os grupos definidos os treinadores apenas indicam quem rotativamente vai jogar e, ou estão a arbitrar ou estão a observar os jogadores. No primeiro jogo não lhes é dada nenhuma informação. Não existe indicação onde jogar ou quem defender, etc. É apenas jogo 5 x 5. Os jovens cientes que estão ali para serem observados querem mostrar as suas capacidades. Ao fim de algum tempo interrompem o jogo e tem a seguinte intervenção. Nós já percebemos que vocês sabem jogar, de outro modo, não estariam aqui. Mas a partir de agora vocês têm de compreender que este jogo é um jogo coletivo.

A seguir mandam-nos outra vez jogar e começam a observar quem são os jovens que perceberam a mensagem dada, e quem continuou exatamente com o mesmo comportamento individualista, revelando deste modo pouca capacidade de aprendizagem ou de alterar atitudes.

Para poderem melhor individualizar a observação, na parte da tarde põem os jovens a jogar, também sem indicações nenhumas, 3x3 meio campo e ao fim de algum tempo interrompem e dão outra vez a mensagem dada de manhã e voltam a observar.

À noite quando os jovens estão nas atividades lúdicas os treinadores reúnem-se e começam a descrever as capacidades e comportamentos que observaram. Chamo a atenção, que embora fundamentalmente seja avaliado o que se passa nos campos de jogos, também são observados e referidos comportamentos fora do campo.

No dia seguinte na parte da manhã novamente jogo 5 x 5 sem indicações nenhumas e observam, se a mensagem anterior começou a ser interiorizada, se já foi esquecida e após algum tempo de jogo há novamente uma paragem para breve pausa e beber água e novamente é dada uma informação, como por exemplo reforçar a ideia que este é um jogo coletivo, mas que não é apenas de ataque, também há necessidade de defender. Novamente jogo para uma vez mais observarem a capacidade de compreensão dos objetivos propostos.

A semana vai decorrendo assim até ao fim, com esta dinâmica de realizar jogos de 5 x 5 na parte da manhã e 3 x 3 na parte da tarde sempre com uma informação breve pelo meio para observação da capacidade compreensão e aprendizagem e comportamentos.

Convém aqui mencionar que nestas interrupções, em intervenções curtas, às vezes também falam os médicos, que acompanham os trabalhos o dia inteiro, sobre hidratação e outros cuidados a ter, assim como falam os fisioterapeutas, mas sempre em intervenções curtas e objetivas, não em longas palestras informativas.

Ao aproximar-se o fim da semana, o trabalho e discussão dos treinadores é ordenarem os jovens rapazes e raparigas do primeiro ao trigésimo sexto, levando naturalmente em consideração a opinião de todos e sempre na perspetiva de quem será melhor no futuro.

Nos últimos dois dias o escalonamento está já concluído e os jogos já são feitos por níveis, entre os 12 primeiros, os 12 do nível intermédio e os 12 de menores expectativas. Nessa altura os jovens também já têm a perceção em que grupo, ficaram inseridos, e uma vez mais os treinadores podem observar a reação dos jovens ao seu escalonamento.

Para observar quem será melhor no futuro, acima de tudo são observados comportamentos e esta observação é realizada em ambiente adequado. O O que os treinadores querem observar são capacidades de aprendizagem, de reação às adversidades, de adaptação, de empenho, persistência e capacidade trabalho, etc.

Uma das grandes lições que aprendi em Collell é estar mais atento aos comportamentos, que quer queiramos ou não, é sempre o mais difícil de alterar.

 

Comentários 

 
+7 #2 San Payo Araújo 05-04-2012 17:51
Caro Henrique

Aproveito para te informar que nos próximos artigos serão focados alguns dos questões levantadas no teu comentário, Aproveito esta ocasião para elogiar os teus excelentes artigos que tenho seguido atentamente.

Um abraço
Citar
 
 
+10 #1 Henrique Santos 03-04-2012 12:51
Caro San Payo
de facto, esta metodologia de detecção de talentos parece-me muito interessante. É autêntica e realista, pois observa os jogadores no jogo, com todas as suas exigências; é identitária, pois percebe que quem joga são os jogadores, com a sua personalidade inteira; parte da observação armada, que é uma competência fundamental dos treinadores; é colectiva, tanto na exigência que faz aos jogadores, como no trabalho colectivo dos treinadores e demais equipa técnica.
Há que não esquecer o que está a montante e a jusante de Collell. Há trabalho de intervenção que está sempre aliado ao trabalho de observação/avaliação. Há ensino de boa qualidade. Por isso os jovens de Collell já sabem jogar, ao lá chegar, e no futuro jogarão de forma muito mais evoluída, devido ao seu trabalho orientado com os melhores.
Citar
 
 


Facebook Fronte Page

Buscas no Planeta Basket

Wilson Basketball

  • Treinadores

  • Lendas

  • Resultados

Sample image Canto do Treinador Exercicios, comentários, artigos, etc...ver artigos...

Sample image Lendas de Basquetebol Quem foram as personagens marcantes da modalidade. ver artigos...

Sample image Resultadoos e Classificações Todos os resultados na hora... Ler mais...

Facebook Side Panel

 
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária