Ao iniciar este texto tenho de dizer que aprecio o jogo-futebol. Aliás, antes de me ter apaixonado pelo basquetebol joguei com muito prazer futebol a nível federado.
Já não posso dizer o mesmo do espetáculo triste fora das linhas e às vezes dentro delas em que o nosso futebol é fértil. Não aprecio também a instrumentalização que fazem do futebol tornando-o “a questão nacional” e a doentia hegemonização mediática que dele fazem e que prejudica a prática e o desenvolvimento dos outros desportos, embora com essa denúncia não queira sacudir as responsabilidades das gentes do basquetebol no estado actual menos bom do nosso desporto.
Como já se aperceberam, vem isto a propósito do que aconteceu no jogo recente que decidiu o campeão da liga masculina. Quanto ao comentário técnico concordo basicamente com o que foi feito pelo Luís F. Cristóvão na semana passada neste site. Dos jogos que vi, prolixos em falhas, pareceu-me que o Benfica foi o que menos falhou, e principalmente no jogo decisivo, e isso ditou que se tornasse campeão. Mas o que quero salientar aqui é algo diferente:
- o basquetebol dispensa a “futebolização”, no seu mau sentido, caracterizado pelos ataques verbais antes e depois dos jogos, reproduzidos à exaustão pelos media e que passam incólumes ao repúdio dos consumidores passivos de desporto e ao castigo merecido pelas instâncias disciplinares dos organismos superintendentes;
- o basquetebol dispensa também o acréscimo de espetadores inqualificados que só vão aos jogos para insultar e agredir os que erigiram em inimigos;
Pelo lado positivo, o basquetebol precisa em primeira mão, de ser tratado com respeito e grande cuidado pelos seus mais importantes intérpretes: jogadores, treinadores e demais envolvência técnica. Se é tão preciso e importante saber perder, tão preciso e essencial é saber ganhar.
A passada quarta-feira e os dias subsequentes, pelo que neles aconteceu fora do espírito desportivo, deve encerrar uma lição para os que gostam, verdadeiramente, de basquetebol. O célebre treinador Dean Smith, ademais um grande educador, relativamente ao erro no basquetebol, preconizava que se devia “reconhecê-lo, admiti-lo, aprender com ele e esquecê-lo!”. Neste caso e como o que aconteceu não foi um erro mas um conjunto de actos a não repetir, sugiro que no fim de aprender com eles, não se esqueçam.
Comentários
Tão mau vai este nosso basquetebol.