Wooden à lupa
 
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Wooden à lupa

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JOHN WOODENLembro-me que logo nos primeiros cursos de treinadores e clinic’s em que participei, na década de 80, alguns dos formadores nos alertaram para a importância que tinham as intervenções dos treinadores nos treinos perante os seus jogadores.

Dois dos formadores que mais insistiam nestes dados e de que me lembro, se não me falha a memória, foram os professores Carlos Gonçalves e Olímpio Coelho. E um dos exemplos que traziam sempre com grande realce prendia-se com essa fígura ímpar do basquetebol e da pedagogia humana que é John Wooden.

Hoje, resolvi trazer-vos uma tradução de um artigo de Bernard Grosgeorge que faz um apanhado sobre a pedagogia aplicada no basquetebol por Wooden a que deu o nome de “Wooden à lupa”.

Antes de vos deixar com a leitura do artigo que traduzi, gostava de informar que nos últimos anos, ainda em vida de Wooden que faleceu quase com 100 anos em 4 de junho de 2010, saíram vários livros sobre ele e dele próprio, geralmente em parceria com alguém. E sobre ele e fazendo uma análise muito aprofundada das caraterísticas da sua pedagogia surgiu um livro (Nater & Gallimore, 2010) que por sinal conta com a autoria de Ronald Gallimore, que é o mesmo que procedeu há algumas dezenas de anos ao estudo a que Grosgeorge se reporta.


Wooden à lupa
por Bernard Grosgeorge
Basketball n.º584 - Outubro de 1993

Nos anos 70, numerosos psicopedagogos interessaram-se particularmente pela análise do ensino: DE LANDSHEERE (1969), BAYER (1972) , PIERON mais recentemente. Estes trabalhos foram largamente retomados nos EUA por Smith (1979), Siedentop (1981), e no Canadá por BRUNELLE (1978).

Entre esses trabalhos numerosos foram aqueles que se debruçaram sobre a análise do comportamento de treinadores de desportos coletivos (futebol americano, hóquei sobre o gelo, basquetebol…).

Um desses estudos centrou-se notavelmente sobre a análise dos comportamentos do célebre treinador JOHN WOODEN que fez muitos émulos com a sua zona press 2:2:1 e o grande rigor dos seus treinos. Mesmo quando os seus jogadores não apresentavam qualidades excepcionais ele obteve sempre o melhor deles.

Em 1976, THARP e GALLIMORE observaram 15 sessões de treino do célebre treinador repartidos sobre uma mesma época. No total 2326 atos de ensino (intervenções essencialmente verbais) foram repertoriadas. A sua repartição em percentagem está indicada no seguinte quadro:

INTERVENÇÕES

PERCENTAGENS

INSTRUÇÕES

58.3

PRESSÕES

12.7

MODELO POSITIVO

2.8

MODELO NEGATIVO

1.6

ELOGIOS

6.9

REPRIMENDAS

6.6

RE-INSTRUÇÕES

8.8

RECOMPENSAS NÃO VERBAIS

8.8

OUTRAS

9.8


Análise dos resultados

  1. Os comportamentos de instrução especificando o que os jogadores deviam fazer e a maneira de a fazer ocupam um lugar considerável. Não devemos ter medo de explicar claramente o que esperamos dos jogadores, mesmo se isso toma tempo no treino. É preciso para isso agrupar os jogadores e evitar assim ter de repetir sem cessar as mesmas instruções.
  2. As pressões visando intensificar o esforço vêem em segundo lugar (elas são muito frequentes nos treinadores de futebol americano). Não é suficiente portanto fazer saber o que é preciso fazer mas também que os jogadores o façam a um ritmo elevado para não serem posteriormente perturbados em jogo. Esta rubrica é nitidamente menos presente quando se trata de intervenções em meio escolar.
  3. Os julgamentos positivos ou negativos ocupam um lugar muito pequeno (4,4%). Contrariamente ao que certos treinadores crêem, os jogadores não têm necessidade de um julgamento de valor sobre o que eles fazem mas de novas informações.
  4. As instruções de relançamento incitando a recomeçar e a corrigir-se (re-instruções : 8,8%) são frequentemente utilizados e marcam bem a vontade de ultrapassar a simples constatação descritiva do tipo « tu fizeste isto », para ir no sentido de novas prescrições do tipo “permanece mais tempo sobre os teus apoios”.
  5. As reprimendas (críticas ) são sempre seguidas de elogios (encorajamentos) ; estes dois tipos de instruções de tonalidade afetiva equilibram-se em volume e são, cada uma tomada isoladamente menos importantes que as re-instruções.
  6. As recompensas não verbais (gestos, atitudes) ocupam um lugar importante. A procura de perfeição comporta efetivamente o risco de dar a impressão de jamais estar satisfeito e é preciso velar por uma atmosfera positiva.


Conclusão
Mesmo se os comportamentos verbais não cubram a não ser uma parte das intervenções do treinador (papel da gestualidade deste último e a qualidade da sua intervenção) eles permitem diferenciar treinadores de nível de “expertise” diferente.

Sobre a base destes resultados assim como sobre outros, comparáveis em outros desportos coletivos, METZLER (74) e SIEDENTOP (81) propuseram programas de simulação na formação de treinadores principiantes e notavelmente :

  • a diminuição do tempo de organização e de reagrupamento;
  • o aumento do número de re-instruções e de retornos positivos para os jogadores;
  • o aumento da participação dos jogadores.

Mas ainda é preciso que os treinadores que intervém nos seus diferentes setores o façam de acordo com as exigências técnicas para desencadear um aperfeiçoamento dos jogadores no sentido desejado.”


Nater, S., & Gallimore, R. (2010). You haven't taught until they have learned. John Wooden's teaching principles and pratices. (2.ª ed.). Morgantown: FIT.

 


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