Basquete e problemas do jogo
 
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Basquete e problemas do jogo

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Albert EinsteinRecentemente, ao conversar com um colega, professor de Matemática, e ao falar-lhe dos problemas que se sucedem num jogo de basquetebol ou de outros desportos coletivos,

deparei com a afirmação dele de que não seriam verdadeiros problemas! A conversa, por falta de tempo durou pouco ali e não foi retomada posteriormente. Pretendo com este meu texto abordar a questão solicitando a participação dos leitores do Planeta Basket.

“A resposta mais simples é geralmente a solução do problema”
Albert Einstein

Antes de finalizar aquela conversa ainda tive tempo de entabular um pequeno diálogo com esse meu colega, que apenas deu para situar a questão.

Disse-lhe então que, realmente, muitas vezes chamamos problemas ao que o não é, mesmo no campo da matemática. Para haver um problema ou uma situação problema, como eu tinha aprendido com um pedagogo francês de nome Philippe Meirieu, é necessário que aqueles a quem o problema se coloca não disponham de imediato dos meios para a sua solução.

Quando nos perguntam quantos são quatro vezes três, essa pergunta para nós não é um verdadeiro problema pois temos uma fórmula imediata para saber responder à questão. Um  algorítmo, isto é, “uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, cada uma das quais pode ser executada mecanicamente num período de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita” (wikipédia) não é uma verdadeira solução de um problema. “O conceito de algoritmo é frequentemente ilustrado pelo exemplo de uma receita culinária, embora muitos algoritmos sejam mais complexos” (wikipédia). Quando os conhecemos “resolvemos” a questão mecanicamente, mesmo que a resposta  possa demorar bastante tempo como é o caso de algoritmos complexos realizados sem o auxílio de máquinas de calcular ou computadores.

Também no basquetebol, se pensarmos bem, existem “algorítmos”. Resolver uma situação de 1 vs 1 ou de 2 vs 2, em função das respostas e contra-respostas do defesa e do ataque pode estar “logaritmizado”, não é verdade? Aqui, os jogadores sabem quais são as formas de oposição possíveis de acontecer e as formas de resposta eficazes. Sabem também que muitas vezes têm de provocar desequilíbrios aos adversários antes de os poder aproveitar. Jogar um desporto individual de oposição ou coletivo de cooperação/oposição, implica muito de saber aproveitar ou provocar as situações de jogo que levam ao resultado esperado: no ataque construir situações de finalização e finalizar; na defesa, impedir os objetivos do ataque anteriormente expostos. Mas, e volto a perguntar, não estão estas situações e respetivas respostas, bem “standardizadas”, de tal modo que chamar-lhes problemas não é consentâneo com a definição inicial que demos de um verdadeiro problema? Onde é que nos jogos, afinal, há campo para os problemas reais?

Avancemos com o ensaio de resposta. Sabemos que no campo do treino, ao longo da história tem havido jogadores e treinadores inovadores. Nesses casos, as inovações deles são-no por constituirem respostas novas a situações que apareciam no jogo e que até ali não tinham  encontrado boas soluções. Nestes casos parece-nos evidente tratar-se de problemas. O mesmo acontece, aliás, quase semanalmente  quando um treinador define um plano de jogo, tentando contrariar os pontos fortes do adversário, que parecem por vezes quase imparáveis. Aí, encontram-se sem dúvida verdadeiros problemas: como parar um jogador interior de excelência que carrega a nossa equipa de faltas ou quase sempre consegue pontuar em cada posse? Como parar uma equipa com elevada eficácia no tiro exterior? Muitas vezes as soluções não são as canónicas, pois também os problemas não o são. Conseguir ajustar o nosso ataque ou defesa à defesa ou ataque dos nossos adversários são problemas que nos dão muito trabalho.

Há também nos jogos situações em que as respostas dos jogadores são absolutamente inesperadas mas eficazes. Se é verdade que é de esperar que só jogadores muito bem preparados nos treinos geralmente apresentem este tipo de soluções, elas acontecem em todos os níveis de jogo, mesmo nos iniciantes. Muitas vezes essas respostas acontecem sem que exista o controlo consciente no momento em que ocorrem, por parte dos jogadores que as realizam. Será que também aqui poderemos afirmar a existência de verdadeiros problemas e soluções?

Muitas vezes ouvi dizer, mais noutros desportos do que no basquetebol, que no desporto já está tudo inventado. E na verdade, principalmente nos desportos que já possuem histórias longas, muito do que aparentemente é invenção de momento, já tinha sido algo “inventado” anteriormente. Por isso acho que os inovadores conscientes são aqueles que conhecem bem o passado da sua modalidade. No nosso desporto, como sabemos, não há soluções únicas para ter sucesso. Treinadores e jogadores com filosofias, capacidades e formas de estar e fazer muito diversas têm conseguido grandes sucessos. Uma forma de provocar problemas, como sabemos e nos foi ensinado por alguns dos nossos melhores treinadores, é fazer diferente e/ou variar. Ataques ou defesas múltiplas, como Dean Smith preconizava. Ruturas e alternâncias dos ritmos de jogo ofensivos e defensivos.

O caráter de jogo que o basquetebol tem traz logo no seu seio a incerteza: muitas opções se colocam nas decisões dos jogadores, que têm de ser tomadas em muito pouco tempo, o que torna o ambiente do jogo por vezes bastante complexo. Acrescendo a estes fatores atrás mencionados, os jogadores jogam com pressões psicológicas e com cargas físicas que os deixam menos capacitados, em certos momentos do jogo, levando a que o seu processamento de informações e a realização das ações seja menos correta.

No basquetebol existem indivíduos e coletivos para serem motivados e geridos que são fonte de potenciais conflitos e problemas para serem dirimidos. Aqui, os jogadores, os capitães de equipa, os treinadores e os dirigentes jogam papeis essenciais na resolução de tais problemas.

Hoje parece ser um fato estarmos num período de crise do basquetebol português – a acompanhar a crise social que vivemos -, cujos sintomas muitas vezes têm sido apresentados aqui por várias vozes no Planeta Basket. É também de problemas que se trata. Alguns caminhos/soluções têm já sido apresentados, algumas prioridades têm sido apontadas. Para sustentadamente promovermos o nosso basquetebol são necessários treinadores, dirigentes, árbitros, jogadores e amantes da modalidade. Talvez uma boa perspetiva seja darmos continuidade a alguns setores com bons resultados como aqueles que obtivemos recentemente com algumas seleções representativas. O que levou a esse sucesso poderá servir de incentivo e de exemplo. Os modelos ou ideias que podemos importar de fora - e daqui bem perto, dos espanhóis - são importantes mas é com soluções portuguesas que temos de resolver os nossos próprios problemas. E volto a afirmar o que já disse em escritos anteriores: precisamos de elaborar/ter um plano consequente de desenvolvimento do nosso basquetebol, plano esse que seja levado a cabo e que sustente possíveis bons resultados no futuro.

Por  tudo o que afirmei anteriormente, considero que no universo do basquetebol existe um campo largo onde os problemas surgem espontaneamente ou são inventados, consciente e  inconscientemente, e onde eles são resolvidos. Quando ficam por resolver, o que acontece aliás frequentemente, são fonte de insucessos, frustração e abandonos… 
O meu colega professor de matemática estará equivocado ao pensar que o mundo do desporto em geral e o do  basquetebol, mesmo que só dentro das “quatro linhas” não é de natureza problemática. O que vale é que se o aforismo de Einstein for verdadeiro, as soluções residem normalmente na simplicidade, o que descomplica afinal a questão dos problemas.

 

 


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