No artigo passado abordei a questão académica e a sua relação com o basquetebol, dando a conhecer uma parte do sistema desportivo e a maneira como interage. Hoje continuo com os deveres do atleta extra basquetebol.

A actividade física e o desporto é aquela parte da nossa vida que nos acompanha praticamente desde que nascemos. Os primeiros passos que cedo se tornam nas primeiras corridas, que passam para os primeiros chutos na bola, dribles ou simplesmente atirar a bola, para a actividade física com a iniciação na escola, acabando muitas vezes com a escolha de um desporto onde possa praticar, treinar e/ou competir.

Todos os sistemas desportivos à volta do mundo têm aspectos positivos, menos positivos e/ou negativos, pessoalmente já expressei a opinião em público que serei sempre adepto e defensor de um sistema em que o atleta tenha lado a lado o seu percurso académico, que existam regras que façam o aluno/atleta ter que cumprir com a sua vida académica de modo a que possa continuar a treinar e competir.

Mas os deveres e obrigações do aluno/atleta não ficam por aqui. Nos Estados Unidos os jovens que integram equipas universitárias são vistos como modelos, tendo algumas obrigações para com a sociedade, devendo respeitar as suas regras e actuar como cidadãos exemplos. Sabemos muitas vezes que isto não acontece, mas acima de tudo a cultura e as regras à sua volta reforçam a importância de eles terem que actuar desta maneira, o que me leva a abordar no tema de hoje que é a politica das universidades em relação ao consumo de drogas.

Sendo ilegal por lei, o consumo de qualquer droga (sem prescrição medica) não é permitido, logo todos os atletas que fazem parte dos programas universitários desportivos norte-americanos estão sujeitos a controlos de doping regulares, de 15 em 15 dias (poderá mudar de universidade para universidade) sendo escolhidos 5 atletas de cada desporto  em cada teste. Partimos sempre da hipótese que estes testes serão sempre negativos, mas como tudo na vida, existem casos onde os controlos dão positivos, então como tratamos esses casos? Que regras estão implementadas para dar resposta a este tipo de situações? O atleta é imediatamente suspenso dos treinos e jogos, podendo em algumas situações até ser suspenso para a época toda (conforme o tipo de droga). A suspensão poderá ser cumprida em número de jogos ou dias (sendo dias o mais usual), para além desta suspensão, o atleta terá um recolher obrigatório ao seu quarto à hora determinada pelo treinador, cumpre trabalho comunitário, sendo acompanhado por um psicólogo.Mais uma vez sinto-me completamente identificado com este tipo de sistema onde por um lado damos todas as condições para que o atleta possa desenvolver e evoluir a modalidade que pratica, mas por outro deve perceber que tem que cumprir uma série de regras e normas extra modalidade de modo a que possa a evoluir também como pessoa, quer em termos académicos, com um curso que poderá ajudá-lo quando acabar a carreira e que, fazendo parte de uma sociedade com regras, terá que se enquadrar  nela e não violar as mesmas.

Estes artigos servem para partilhar o modelo desportivo norte-americano, muitas das coisas estão completamente ao alcanço de Portugal, devendo ser implementadas a curto prazo, outros não estão pois são o produto de uma evolução gradual do sistema ou simplesmente fazem parte desta cultura e não se enquadra com a nossa. Estes textos acima de tudo servem para olharmos para o que existe à nossa volta e fazer perceber que, lá por sermos um rectângulo no canto da Europa, que devemos pensar para alÉm do pré definido e da rotina, não devemos continuar a fazer “navegação à vista actuando só quando a onda aparece” e que acima de tudo devemos criar as condições, regras e normas para o desenvolvimento do atleta como praticante e acima de tudo como pessoa! Tudo o resto à sua volta (treinadores, árbitros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, clubes, associações, federações, entre outros) naturalmente irá crescer.

Eu Vejo-te...
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