Efeitos da crise no basquete
 
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Efeitos da crise no basquete

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Mário BarrosNão é novidade nem sequer é discutível ou posta em causa, face à sua evidência, a grave crise que o desporto atravessa e, naturalmente por arrasto, os clubes e todas as organizações desportivas.

Os sinais são alarmantes, clubes falidos com dívidas ao fisco e à Segurança Social, clubes a encerrar portas e a deixar centenas de jovens impedidos da prática do desporto, profissionais do desporto com salários em atraso, desistências de participação em provas nacionais, formação de jogadores entregue a jovens sem experiência, etc. etc.

Os clubes sediados nas ilhas, Madeira e Açores, estão a sentir muitas dificuldades na recepção dos apoios que lhes são devidos ao abrigo do princípio de continuidade territorial previsto na lei de bases do desporto, apoios esses que se referem ao pagamento das despesas do transporte aéreo, alimentação e estadia das equipas.

Estes clubes continuam a não ter da parte dos nossos responsáveis governamentais respostas concretas e imediatas para fazer face aos problemas.

Se a Federação cumprisse com rigor aquilo que está regulamentado haveria já muitas equipas que teriam sido eliminadas das provas nacionais.

Vive-se um clima de intranquilidade; ainda há poucos dias, colegas treinadores nos confidenciaram que não tinham certezas quanto ao futuro e receavam mesmo não terminar a época.

O basquetebol tal como a sociedade portuguesa atravessa uma crise conjuntural (actual) e estrutural (há muitos anos). Sucedem-se as situações mais deploráveis, acentuam-se os sinais de decréscimo de popularidade da modalidade que já foi a segunda no País, logo a seguir ao futebol.

Ninguém sabe quanto tempo esta crise vai durar, o que ainda está para acontecer e como se vai sair dela.

Em situações de anormalidade como aquela em que agora estamos a viver há que encontrar soluções para os novos problemas e perante esta nova realidade económica os clubes teriam necessariamente de se adaptar.

Com o evoluir da situação e a actual conjuntura a piorar, os reflexos são inevitáveis; as autarquias estão a reduzir ou a eliminar de forma drástica os seus apoios, os patrocínios a escassear, gastos de consumo primários a agravarem-se (água, luz, gás e combustíveis) agregados familiares em dificuldades e a cortar nas despesas consideradas não essenciais e, por isso, a não inscrever os filhos nas escolas do desporto.

Estas situações eram previsíveis e, atempadamente deveriam ter sido definidas novas prioridades e opções. No basquetebol, salvo algumas excepções, nada disto foi assumido pelos clubes, associações ou federações e as consequências já são visíveis.

Para sobreviver e ser bem-sucedido em tempos difíceis, num contexto de incertezas e dúvidas no futuro, toda a liderança deve assumir como prioritária a identificação dos problemas e ter capacidade para implementar as medidas adequadas.

Para resolver e ultrapassar estas dificuldades é fundamental encontrar respostas originais; com dirigentes há mais de 20 anos na liderança das organizações desportivas e sem que se vislumbre nas suas actuações quaisquer sinais de criatividade ou adaptação aos tempos actuais, nada irá mudar, antes se agravará.

Os organismos desportivos, salvo honrosas excepções, estão a ser geridos por dirigentes pouco preparados, sem formação na área de gestão do desporto e mais interessados no protagonismo pessoal.

Nos últimos 30 anos o desporto português viveu numa quase total dependência das comparticipações dos organismos estatais, das autarquias, dos beneméritos e de patrocínios sem retorno a que poderíamos chamar mais propriamente donativos.

As Federações e as Associações estão com graves problemas de tesouraria, os patrocinadores em função da actual conjuntura económica não estão agora disponíveis para apoiar nos moldes habituais; as famílias, reduzido o seu poder de compra têm agora outras prioridades e não investem na procura das actividades culturais ou desportivas para os seus filhos junto dos clubes.

Quem ainda não se lembra dos chamados “recibos falsos”, artifício usado por muitas empresas para a fuga ao fisco e que teve repercussões calamitosas para alguns clubes e dirigentes responsabilizados.

Quase todo esse dinheiro foi utilizado sem critério, aplicado no chamado desporto de alto rendimento (?) menosprezando a formação de jogadores.  

Esgotadas essas fontes de financiamento a fundo perdido, vemos agora muitos clubes em perfeita letargia, acomodados, incapazes de se adoptar a esta nova realidade e a viver momentos muito difíceis.

Os clubes começam a reagir, não por antecipação o que se lamenta, antes forçados pelas circunstâncias. Esta situação era previsível e deveria ter sido acautelada.

Um grupo de jovens treinadores, preocupados com o futuro da modalidade, promoveu em boa hora, o encontro “Match Up”. Não pudemos estar presente mas, apoiamos a ideia.

Discutir com humildade e tolerância opiniões diversas para chegar a um consenso não é tarefa fácil. Operacionalizar um plano estratégico para os próximos anos ainda será mais difícil. Estamos esperançados que desta vez se passará da fase do diagnóstico e se avançará para a elaboração de uma estratégia que nos permita “ fazer mais com menos” para conseguirmos ser no futuro mais competitivos, respondendo às necessidades da nossa sociedade e garantirmos melhores resultados desportivos.

 

Comentários 

 
+6 #3 Jorge Duarte 08-01-2013 14:46
Parabéns, um artigo que deixa "dicas", para todos pensarem, vamos por as nossas "quintas" de lado, e se gostamos da modalidade, vamos fazer tudo para a salvar.
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+4 #2 Humberto Gomes 08-01-2013 14:44
Meu caro Mário Barros, Comentaste, está comentado ! Que 2013 te assegure essa lucidez de análise em matéria tão contributiva para um caminho diferente, não obstante considerar,sem querer ser pessimista,que mesmo "fazendo mais com menos" dificilmente possamos dobrar o "cabo bojador".Com a amizade de mais de 3 décadas, aquele abraço.
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+6 #1 Aldina Parente 08-01-2013 13:37
Uma realidade triste para o futuro dos nossos filhos!
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