O interesse que o minibásquete desperta nas autarquias, levou a Câmara Municipal da Moita a organizar com o apoio da Associação de Basquetebol de Setúbal e do clube local o Palheirão o seu 1º Clinic de Minibásquete,
para o qual fui convidado a intervir. Esta preocupação, manifestada pelas câmaras não deixa de ser mais um sinal de vitalidade do minibásquete.
Múltiplos são os temas abordados nas quase 300 acções de formação, que já dei pelo país inteiro. Na Moita, onde fui muito bem recebido, quer pelos técnicos da Câmara, quer pelo presidente e pelo diretor técnico da AB de Setúbal, o tema abordado foi o do “Ensino do jogo” nos escalões de Mini-10 e Mini 12. É bom sentir, que cada vez há maior sensibilidade, na compreensão que o minibásquete é um conceito muito abrangente e que os seus diversos escalões não podem ser tratados da mesma maneira.
Apesar disso há conceitos, que relembrei na Moita, que são transversais a todos os escalões do minibásquete e que desde a minha primeira ação de formação não me canso de repetir:
- O mais importante no minibásquete são as crianças, todas as crianças.
- O decisivo é termos a capacidade de cativar muitas crianças e que todas gostem da modalidade.
- Nestas idades o fundamental é desenvolvermos as suas capacidades coordenativas.
Não é de hoje, é de há mais de vinte anos, no primeiro artigo que publiquei na revista da ANTB, que defendo a importância do desenvolvimento das capacidades coordenativas através de uma dupla perspetiva: O desenvolvimento das capacidades coordenativas, com o objetivo de chegarmos aos fundamentos e a aprendizagem dos fundamentos como forma de desenvolvimento das capacidades coordenativas. Muitas das minhas propostas de exercícios levam em consideração esta dupla perspetiva. A propósito do tema do clinic da Festa do Basquetebol em Albufeira sobre o regresso à importância dos fundamentos, mais uma vez vou falar do desenvolvimento das capacidades coordenativas.
Em Albufeira enquanto, o Mário Palma reforçou a necessidade da repetição da mecânica dos fundamentos para o seu aperfeiçoamento, o Ricardo Vasconcelos abordou os fundamentos dentro do tema, tempo e espaço. No essencial ambos estavam a falar do mesmo: desenvolvimento de capacidades coordenativas, abordadas de formas diferentes, contudo ambas fundamentais para o sucesso do praticante.
A coordenação deve ser entendida por um lado, como uma capacidade motora que serve para aprendizagem e aperfeiçoamento, na devida altura, da execução correta de técnicas com maior ou menor grau de complexidade, a título de exemplo, o lançamento em suspensão; e por outro lado como a capacidade motora que permite executar os fundamentos aprendidos, dentro de um contexto, dependente da comunicação entre o jogador e os seus companheiros, bem como da "contra-comunicação" com os adversários. No processo de ensino/aprendizagem, em ambos os casos estamos a falar de capacidades coordenativas.
Comentários
O ano passado iniciei os treinos e primeiro contacto com o basket em crianças de 3,4,5,6, e 7 anos.
Todas frequentam uma escola privada e desde o berçário (6 meses) que tem 2 vezes por semana uma professora de educação física, para lhes desenvolver as capacidades psico-motoras e de coordenação. Posso dizer que após o primeiro mês toda a planificação que tinha feito para o ano para as salas dos 3 anos e 4 anos foi para o lixo...a resposta dessas crianças à introdução dos fundamentos do Basket foi de tal forma que até me assusta um pouco vê-los jogar...estes se continuarem tem o fuso horário correcto Humberto Gomes (um grande abraço...fui seu jogador no farense no tempo do evans)...Saudações a todos
Será que não conseguimos pensar que o Desenvolvimento Humano se faz da cabeça aos Pés?Haverá espaço no disco rígido de todos para colocarmos tantos saberes de âmbito cognitivo?
Não haverá necessidade de instalar um software de qualidade para possamos caminhar para uma mentalidade mais sã, mais pura, mais fraterna, onde prevaleçam valores como a lealdade, a persistência, a paixão pelo trabalho, pela construção da qualquer coisa útil para a nossa sociedade.?
Que toda a filosofia que emerge no âmbito do Minibasquete, da formação de treinadores, no âmbito da formação actualmente feita nas escolas em treino funcional (também dedicado às capacidades coordenativas) possa invadir a sociedade contribuindo passo a passo para um verdadeiro e prático corte epistemológico sobre a nossa visão do desenvolvimento motor. Se o Futebol trabalha paralelamente para criar ilusões quanto a carreiras desportivas, o Basquetebol poderá ser um motor para que outras modalidades ricas em termos motores (Ginástica, Judo, Raquetas, desportos de natureza, outras) se juntem a uma missão nobre - Desenvolver Capacidades Motoras e Comportamentais assentes numa Filosofia grande de Desenvolvimento Humano. Eventualmente outras disciplinas gostariam de se juntar a nós encantadas com o projecto - Filosofia por exemplo.