Regressando de novo ao artigo “Quanto vale o minibásquete” onde mencionámos que organizar equipas de minibásquete, na aldeia da Ortigosa, não é igual a trabalhar na cidade de Rio Maior, e seguramente diferente,
do trabalho a realizar em cidades com profundas raízes no basquetebol, como por exemplo o Barreiro, depois de termos passado pela Ortigosa e Rio Maior chegou a vez de irmos ao Barreiro.
Nesta cidade com profundas tradições no basquetebol mora, para além dum histórico da modalidade o Barreirense, o dinâmico Galitos, que é actualmente o clube com mais praticantes de mini (masculino e feminino) da Associação de Basquetebol de Setúbal. Por detrás deste trabalho de captação está entre outros Joaquim Justo Silva, pelo que fazendo jus ao nome é justo ouvirmos a sua opinião.
Em primeiro lugar gostaríamos que nos falasses um pouco de ti, como começou a tua ligação ao basquetebol e quais são as tuas funções actualmente dentro do Galitos?
Tenho 46 anos de idade, e desde muito cedo que estou ligado ao desporto, inicialmente em termos gerais e ultimamente ao basquetebol e voleibol. A minha ligação ao basquetebol começou quando tinha sensivelmente 8 anos de idade, pois tinha um primo que jogou muitos anos no Moscavide. Os meus pais iam praticamente todos os fins-de-semana visitar os meus tios a Lisboa e íamos sempre ver os jogos do meu primo. Começou aí o ”bichinho” da modalidade. Depois dei início à prática, desde muito novo numa colectividade no Barreiro, passando depois alguns anos como jogador pelo F. C. Barreirense e pelo extinto G.D. Quimigal. Mais tarde, sempre ligado ao basquete fui monitor em colónias de férias e actualmente sou treinador no Galitos Futebol Clube. Neste momento as minhas funções dentro do clube, além de ser treinador das equipas femininas de Mini-12, sou também director responsável pelo minibásquete no clube.
Após o “aquecimento” passamos ao “jogo”, quantos praticantes de minibásquete movimenta esta época o Galitos e qual é a sua distribuição pelos diversos escalões de mini?
Este ano o Galitos movimenta cerca de 125 atletas no minibasquete, sendo aproximadamente 20 no escalão Sub-8, 25 em Sub-10, 40 em Sub-12, tendo também cerca de 20 atletas no escalão de Sub-14, e 16 no escalão de Sub-16.
O facto de estares a trabalhar numa cidade que com grandes tradições no basquetebol tem, de alguma forma, facilitado o teu trabalho em termos da captação de praticantes? Sentes que por viveres numa cidade de basquetebol há alguma atracção pela modalidade?
Como ´edo conhecimento geral, o Barreiro sempre foi e será um dos maiores “viveiros” de atletas em todas as modalidades, mais especificamente no futebol e no basquetebol. Concretamente na nossa querida modalidade tem levado ao longo de muitos anos muitos atletas ás selecções nacionais em vários escalões etários, o que prova a tradição e o excelente trabalho que tem havido seja por parte dos clubes em parceria com a Associação de Basquetebol de Setúbal, seja na captação de novos praticantes nomeadamente nas escolas. Esta acção tem possibilitado não apenas a descoberta de crianças e jovens com potencialidades, mas também o crescimento de muitos jovens como desportistas, homens e mulheres.
Qual tem sido a tua estratégia e forma de cativares crianças para a prática?
Além da divulgação que realizamos sempre no início de cada época desportiva, promovemos também o apelo aos nossos atletas dos vários escalões etários, que tragam os seus amigos de rua, colegas de escola e muitas das vezes familiares (irmão ou irmãs, primos), que gostem da modalidade do basquetebol, para que se venham se juntar ao nosso grupo, e experimentem dentro dum bom ambiente a modalidade.
Também temos também um protocolo com o agrupamento de escolas da nossa freguesia, a partir do qual vou dar aulas de basquete aos 2ºs, 3ºs e 4ºs anos de escolaridade, para que possam aprender, e por sua vez tomarem o gosto pela modalidade. Tendo o gosto queremos que passem para um outro patamar de aprendizagem dentro do nosso clube e quando têm as bases necessárias para a prática do minibásquete passem a representar o nosso clube nas actividades promovidas pela Associação.
Pelos números apresentados o Galitos é um clube que tem crescido nos escalões de minis, quais são os vossos espaços e condições de treino nos escalões do minibásquete?
O Galitos tem crescido em todos os escalões, resultado do empenho de dirigentes e treinadores e com o apoio incondicional dos pais também, na divulgação da modalidade junto da população. Actualmente temos 12 equipas (8 equipas entre Mini-8, Mini-10 e Mini-12) e (4 equipas entre Sub-14 e Sub-16). Para treinos dispomos do nosso ginásio que utilizamos durante a semana das 18 ás 21h e aos sábados de manhã.
Duas questões, decisivas para qualquer projecto, são o recrutamento de recursos humanos, nomeadamente técnicos e dirigentes e as formas de financiamento. Como tem sido feito esse recrutamento de técnicos e dirigentes e quais são as fontes de financiamento do clube?
O Galitos tem felizmente vários técnicos com alguns anos de clube. O recrutamento de novos técnicos tem sido efetuado pela coordenação da secção de basquetebol em articulação com a direcção do clube.
Quanto ao financiamento, além das quotas dos associados, contamos com também com o apoio da Câmara Municipal do Barreiro e da Junta de Freguesia de Santo André.
O que pensas sobre o minibásquete na AB Setúbal e no país. Queres dar alguma sugestão que possa contribuir para a melhoria da dinâmica deste sector tão importante no basquetebol?
O minibasquete em Setúbal tem registado um bom desenvolvimento devido à dedicação dos clubes e seus treinadores, e ao excelente trabalho do director técnico regional, professor José Salgueiro, que ao longo dos anos tem sabido transmitir todo o seu conhecimento da modalidade, seja a treinadores com alguns anos, seja aqueles que agora começam a sua carreira como estagiários. No entanto Julgo que deveria haver mais concentrações destes escalões ao longo da época com maior divulgação de forma a cativar mais jovens para a modalidade, e tentarmos através dos nossos actos e mensagens, sensibilizar cada vez mais a população de que o basquetebol, é um dos desportos mais completos que existe, e só traz benefícios pedagógicos e sociais aos nossos atletas.
Qual a tua opinião sobre o Planeta Basket?
A minha opinião é muito positiva. Já conheço o Planeta Basket desde que existe. Nele existem vários assuntos que me despertam por vezes a curiosidade em saber mais sobre o assunto em questão. Tem debates e crónicas, sobre todos os assuntos que envolvem a nossa querida modalidade, indo por vezes ao fundo das questões, de maneira a quem esteja envolvido saia mais esclarecido. É um excelente “veículo” de promoção da modalidade.
Em termos de basquetebol, quais são os teus sonhos e terminamos como habitualmente, que pergunta gostariam que te fizessem e que resposta darias?
De vez em quando fazes perguntas difíceis e tinhas que deixar para o fim a pior.
Um dos meus sonhos, é que dentro do que tenho vindo a aprender ao longo dos últimos anos, com todos aqueles que me tem ajudado imenso, seja na minha aprendizagem como treinador, mentor, director da modalidade do minibasquete, possa poder transmitir a todos os jovens praticantes, dentro dos parâmetros da igualdade de direitos, e dentro dos padrões da boa conduta seja desportiva e social, valores para que os jovens possam olhar o futuro com mais alegria de aprender. Mais tarde se aplicarem tudo o que sabem, poderão também ensinar todos aqueles que se possam cativar e fidelizar á nossa modalidade: o “BASQUETEBOL”.
Outros dos sonhos é ver crescer todos aqueles atletas que passaram ao longo dos últimos anos comigo, muitas emoções, lágrimas de tristeza e alegria.
Ver a nossa modalidade desenvolver-se cada vez mais, seja a nível nacional e internacional, trazendo cada vez mais praticantes e simpatizantes a todos os pavilhões desportivos e incentivarem todos os que participem.
Quanto á pergunta que gostaria que me fizessem seria a seguinte: o que pensas estar a fazer daqui a 5 anos? E 10 anos?
A minha resposta seria “se Deus quiser", ver todos aqueles que agora começam a dar os primeiros passos como “potenciais” jogadores e jogadoras, serem do melhor que há, e que olhem para nós (treinadores, monitores e professores), e se lembrem das muitas horas de trabalho e por vezes brincadeiras que fizemos. Vê-los crescer e serem, do melhor que há em termos de HOMENS e MULHERES, seja como basquetebolistas, seja como cidadãos. Por fim continuar a fazer o que tanto gosto “Aprender e ensinar o minibasquete”.
Comentários
Gostámos muito da entrevista, nunca desistas!
Abraço amigo.