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Olímpio CoelhoPara ilustrar as dificuldades de que falamos pedimos ao Prof. Olímpio Coelho que nos autorizasse a publicar uma carta sua, que nos fez chegar em simultâneo com as suas nomeações.

Com a clarividência e rigor a que sempre nos habituou o Prof. Olímpio caracterizou de uma forma brilhante as dificuldades que são escolher 100 nomes.

Hoje publicamos a carta do Prof. Olímpio Coelho e a partir de segunda-feira publicaremos durante a semana e por categorias os nomes 285 nomeados. Na semana seguinte e também por categorias revelaremos finalmente os nomes escolhidos.


Caro Ivan

O contributo que me foi solicitado, quando começamos a desenvolvê-lo, revela-se mais complicado do que poderia parecer. De facto, perante critérios tão amplos (introdução, expansão e desenvolvimento do basquetebol em Portugal), se por um lado permite facilmente esgotar as vagas atribuídas, por outro deixa-nos o problema de saber se estamos a mencionar os mais adequados e quantos dos não mencionados deveriam tê-lo sido.

Procurei então indicar, dentro das quotas atribuídas a cada categoria, recuando no tempo tanto quanto me é possível, quem na minha memória, experiência e pesquisa me parece, ter marcado o basquetebol, quer de forma transversal no tempo e nas funções, quer uma geração, uma época, uma etapa da modalidade ou uma região do País.

Quem durante mais tempo deu contributos animando projectos propondo, criticando, manifestando publicamente as suas posições, pela palavra e pela escrita, influenciando o pensamento dominante nas diferentes ”épocas/períodos da modalidade?

Quem, como jogador, se constituiu como referência passível de ser apontado(a) como modelo a seguir (copiar) pelos praticantes mais jovens? Tendo, obviamente, em atenção não só a sua competência técnico-táctica mas também o seu comportamento cívico (Espírito Desportivo)?

Quem, para além das suas raízes de jogador prolongou, de forma genuína e dedicada, a sua ligação/paixão à modalidade como treinador e mesmo como árbitro e dirigente?

Quem foram os pensadores e doutrinadores da modalidade que a analisaram, apresentaram projectos e planos, influenciando gerações de praticantes e técnicos?

Quem foram os que se preocuparam, durante mais anos, em darem de si aos outros, dando mais do que recebendo, sobretudo aos mais jovens, aos iniciados nas várias funções da modalidade?

Recuando no tempo Armelindo Bentes e José Sousa Esteves são pioneiros na promoção/dinamização da modalidade numa base estruturada (o que até então, falamos da década de 50, não era comum), como treinadores de campo, como formadores com preocupações culturais e pedagógicas e como propositores de projectos de desenvolvimento da modalidade

Por outro lado parece-me inequívoco que a figura mais influente, que mais marcou e promoveu mudanças de paradigma na modalidade, directa e indirectamente, nas últimas cinco décadas, treinando, ensinando, formando, conceptualizando e doutrinando, escrevendo, organizando, dirigindo, foi Teotónio Lima seguindo-se, na mesma óptica, Jorge Araújo (seguramente as duas figuras que, de forma escrita/documental, mais reflexão e propostas de intervenção na modalidade produziram).

Recordo que nos meus começos de treinador (final dos anos 60) pontificavam na arbitragem Artur Tavares e Alberto Costa (primeiros árbitros internacionais), à época referências e exemplo para os demais. Posteriormente era um privilégio ser arbitrado por Orlando Rebelo, José Araújo, Rui Valente, António José Coelho, Álvaro Martins…

Convivi, de perto, como treinador, como elemento interveniente no processo de formação de treinadores e como dirigente da Associação Nacional de Treinadores, com Máximo Couto (FPB), Hugo dos Santos (FPB) e Matos Pacheco (FCPorto), dirigentes que tiveram decisões projectadas no futuro, reconhecendo aos treinadores o papel importante que desempenham na modalidade, vendo-os como companheiros de uma mesma missão e não como inimigos ou seus empregados/funcionários.

Não me parece razoável ignorar aqueles que durante muitos anos dinamizaram a actividade regional e, nessa função, granjearam o respeito e reconhecimento dos seus pares como, por exemplo Bio da Maia (Aveiro), Eduardo Quaresma (Barreiro/Setúbal) e Humberto Gomes (Algarve)

No âmbito do Basquetebol Juvenil destaco Jorge Adelino e o, injustamente, muito esquecido/pouco referenciado Carlos Teigas. A que agrego Mário Barros que durante a sua longa carreira dedicou muito do seu tempo à formação de jogadores.

Se há alguém que durante décadas manifestou objectivamente a sua paixão e dedicação genuína e desinteressada à modalidade e a sua disponibilidade para participar nos mais diversos projectos, desde que servissem a modalidade, essa figura é Manuel Campos

O Basquetebol constrói-se conjugando e harmonizando muitas frentes e mobilizando muitas e diversificadas vontades. Por isso saliento/relembro ainda o papel relevante de:

  1. Mário Lemos, que marcou pontos altos no basquetebol nacional e lisboeta e que desenvolveu, em Portugal, o projecto Minibasquete na sua essência mais pura e que teve, felizmente, continuidade em San Payo Araújo, curiosamente seu sobrinho;
  2. Eliseu Beja, como treinador, essencialmente no sector feminino e, neste, figura de referência. Mas também, pela sua intervenção na ENB reorganizando-a e conferindo-lhe importante papel na modalidade, dirigindo-a, com elevada eficácia e qualidade, durante mais de 10 anos.

Pretendi justificar algumas das escolhas que fiz mas sobretudo dizer, através dos exemplos que foquei, que não basta ter ganho muitos títulos, ter sido seleccionador de uma qualquer categoria, árbitro ou jogador internacional, para ter marcado/influenciado a modalidade nos seus diferentes domínios.

Por outro lado foquei-me, sobretudo, naqueles que já fizeram história e menos aqueles que ainda a estão a construir.

Uma última consideração: onde senti mais dificuldades para gerir as quotas disponíveis foi na categoria Treinadores. Aqui teria pelo menos mais meia dúzia de nomes a apontar.

E termino manifestando algum receio que a consulta pela Internet venha a incidir fortemente em figuras do presente ou do passado recente, esquecendo o passado mais longínquo. Mas que foi determinante para a modalidade no presente.

Com um abraço e os melhores cumprimentos
Olímpio Coelho

 

 


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