Sempre ligado a actividades ao minibásquete, estive no dia 25 de Abril, na parte da manhã na cidade da Guarda e na parte da tarde no pavilhão da Expocentro em Pombal, onde para grande surpresa minha
pude observar uma actividade que envolveu quase 400 crianças de clubes de 9 Associações desde o Algarve até ao Minho. A surpresa não foi o número de equipas e o excelente evento, pois como esta é a terceira vez, que no dia da liberdade, me desloco a Pombal e conheço a capacidade de organização das pessoas do NDAP. A surpresa foi a forma como os jogos estavam a ser dirigidos, pelos treinadores, com base no modelo de intervenção proposta do CMBD da Associação de Basquetebol de Leiria.
Nestes muitos anos que dedico ao basquetebol já vi muitos comportamentos que me preocupam, mas também vi muitos exemplos de boas práticas, muitas situações que me agradam e são essas que eu penso que devo referir e enaltecer. A questão de fundo é sempre a mesma no minibásquete o mais importante é o resultado ou o desenvolvimento das crianças e aprendizagem do jogo? Em que medida é que a necessidade de afirmação do treinador, a angústia do resultado condiciona o desenvolvimento dos praticantes e a aprendizagem do jogo?
Entre muitos outros exemplos que poderia citar, já vi situações em que um treinador com o objectivo de ganhar um jogo, por saber que tinha um jogador, fruto da sua maturidade precoce pelo que percebi, desequilibrador, deu ordem para, no ataque quatro jogadores se encostarem literalmente à linha lateral do lado direito do campo, para o seu jogador desequilibrador poder jogar 1 x 1 apenas com o seu defensor no lado esquerdo do campo. Não será necessário dizer o que preocupava este treinador.
No modelo de intervenção proposto pela Associação de Basquetebol de Leiria, que com maior ou menor dificuldade foi interpretado e levado a cabo naquele evento, decididamente que a preocupação principal foi ensinar o jogo. Estas boas práticas são sinais de esperança e motivadores. Temos uma tendência para falar nos maus exemplos, mas são as boas práticas que eu gosto de realçar.
O conceito, que no minibásquete o decisivo não é o resultado, não é decididamente novo, apreendi-o há muitos anos, na minha adolescência com o Prof. Mário Lemos. O problema não é uma questão de apregoar ou não esse conceito. O que está em causa é a capacidade, não de o apregoarmos, mas de o por em prática. Estão de parabéns todos os treinadores que que se empenharam a aplicar o referido modelo e acima de esta de parabéns o NDAP. Finalmente está parabéns o Celso Casinha e a sua equipa pela capacidade de inovação num evento que envolveu clubes de 9 Associações: Algarve, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém e Viana do Castelo.
