Sempre centrados na formação
 
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Sempre centrados na formação

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Celso CasinhaEstive no dia 25 de Abril no Pavilhão da Expocentro no convívio comemorativo dessa data realizado pelo NDAP. O NDAP é um clube surgido depois de Abril de 1974. No momento da sua fundação um dos objetivos do clube era abrir novas perspetivas à população jovem

oferecendo-lhes a oportunidade da prática de outras modalidades para além do futebol. Pelo que pude assistir esta característica de inovação permanece no ADN do clube. No Convívio que organizaram quem arbitrou foram os treinadores com base no modelo de intervenção do jogo proposto pelo CDMB da AB Leiria. Para ouvir como decorreu o evento e conhecer um pouco mais do NDAP fomos ouvir Celso Casinha o grande impulsionador da edição deste ano do evento.


Antes de falarmos do evento e do NDAP gostaríamos de conhecer resumidamente como surgiu o teu gosto e qual a tua trajetória na modalidade.
O meu gosto pelo basquetebol surgiu desde muito cedo, através do meu irmão mais velho, que foi árbitro nacional da modalidade. Em Pombal, o basquetebol apenas existia no sector feminino, pelo que iniciei no minibasquete, praticamente só com meninas. O número de rapazes foi aumentando gradualmente e surgiu a primeira geração de masculinos na formação do NDAP. Como atleta passei por todos os escalões de formação até seniores, sempre em Pombal, até aos 22 anos. Por influência do meu irmão, fiz o curso de árbitro aos 16, mas paralelamente, adquiri mais o gosto pelo ensino do basquetebol, começando a auxiliar os meus treinadores nos treinos de minibásquete, e frequentando o curso de nível 1 aos 18 anos de idade. Atualmente, com o grau 2, sou treinador de minibásquete e de sub-18 masculinos no NDAP, acumulando funções como coordenador técnico da secção.

Passando ao evento, como é que este decorreu, que atividades teve e quantos praticantes e que clubes estiveram presentes?
No Convívio Minibasquete NDAP 25 Abril 2013 estiverem presentes 24 equipas, representando 19 clubes de 9 distritos. Contabilizámos cerca de 400 participantes, entre mini-atletas, treinadores e enquadramento humano. O principal objetivo do convívio era proporcionar um grande volume de jogos a todas as equipas, com 8 campos e 60 jogos ininterruptos ao longo de todo o dia. Os mini-atletas tiveram também a oportunidade de realizar uma aula de fitness, jogar na área das atividades expressivas, brincar nos insufláveis e participar numa competição de lançamentos, o jogo do “tchau”. Relativamente à edição anterior, na qual participaram 18 equipas, conseguimos aumentar a dimensão do evento e manter os mesmos propósitos, o que consideramos francamente positivo.

Agradecia que explicasses em que consiste o modelo de intervenção e como é de uma forma geral foi aceite pelos treinadores presentes?
Primeiramente, os treinadores presentes merecem uma nota positiva pela forma como receberam e se enquadraram no modelo de intervenção pedagógica proposto para este Convívio. O modelo, criado pelo Comité Distrital de Minibasquete da A.B. Leiria, promove princípios pedagógicos para a intervenção do treinador, que essencialmente focam a ocupação racional do espaço de jogo, o combate à aglomeração em torno da bola, criando condições para a progressão no campo e lançamento com sucesso.

A nível da aplicação de regras, as principais preocupações dos treinadores são a intervenção sobre o contacto físico, o respeito pelos limites exteriores do campo, a flexibilidade de critério em relação aos apoios, e a promoção da diminuição da pressão defensiva no portador da bola, caso se verifiquem dificuldades técnicas e de tomada de decisão.

Que balanço fazes da experiência?
Ainda que nem todos os treinadores se pudessem sentir totalmente à vontade nas funções de dirigir, intervir e observar o jogo mediante este modelo de intervenção pedagógica, penso que todos o aplicaram, criando um ambiente propício de aprendizagem aos atletas. Propusemos que, nos 5 minutos prévios à realização de cada jogo, os treinadores das equipas que se iriam defrontar pudessem dialogar no sentido de chegarem a um entendimento de natureza pedagógica, o que tornou este parâmetro mais acessível. Na próxima edição, temos intenção de reforçar os princípios pedagógicos inerentes ao modelo e dar mais algumas ferramentas aos treinadores, de modo a sedimentar esta aplicação.

Mudando de assunto fala-nos agora um pouco sobre a secção de basquetebol do NDAP, quantas equipas, quantos praticantes, que dificuldades  tem e quais são os vossos objetivos?
Como referido inicialmente, o ADN do basquetebol no NDAP mantém-se desde meados dos anos 80, com os altos e baixos que são próprios dos ciclos de gerações. Os nossos objetivos estarão sempre centrados na formação (não só desportiva, mas essencialmente pessoal) dos nossos atletas. Seria redutor afirmar que as nossas vitórias são apenas os campeonatos distritais ou até alguns títulos nacionais que já alcançámos. Mais importante é verificarmos a evolução no campo desportivo, com representação de atletas nas seleções nacionais e alguns que atualmente competem em equipas seniores; acompanharmos o desenvolvimento no campo escolar, com diversos atletas nos quadros de mérito escolar; e realçarmos que paralelamente temos atletas que exercem a função de árbitro ou oficial de mesa, e ex-atletas que se mantém ligados à secção como treinadores.

Atualmente o basquetebol do NDAP conta com o escalão de minibasquete, sendo o mais recente grupo formado por atletas com 5 e 6 anos de idade; as equipas de sub-14, sub-16 e sub-19 no sector feminino; e de sub18 nos masculinos. Temos 70 atletas em atividade, embora a captação de jovens praticantes seja atualmente uma das maiores dificuldades existentes em Pombal, juntamente com a falta de apoios que se têm acentuado nos últimos anos. Apenas com a forte participação dos pais dos atletas e do apoio do município de Pombal tem sido possível mantermos a actividade da secção e estarmos presentes em competições interdistritais e nacionais.

Qual é a tua perspetiva da atual situação do minibásquete na Associação de Basquetebol de Leiria e no país?
Enquanto ex-praticante da modalidade e lembrando os meus tempos de minibasquete, as melhorias têm sido notórias. A Associação de Basquetebol de Leiria cresceu imenso a nível de formação nos últimos anos, fruto do trabalho do DTR João Ribeiro, e mais recentemente no CDMB o Raul Antunes. Não tenho números concretos, mas sei que aumentámos os praticantes de minibasquete nas últimas épocas na AB Leiria, e isso deve-se ao trabalho dos clubes na captação e fidelização de mini-atletas. Temos assistido ao surgimento de novos clubes no distrito de Leiria que iniciaram ou estão a iniciar com o minibasquete, e outros mais ecléticos, com fortes tradições a nível sénior, que "voltaram à base" e estão a apostar forte nos minis. Considero que a perspetiva é muito positiva a nível distrital, comparativamente a anos anteriores, no entanto não podemos esquecer que ainda há muito trabalho a realizar no sentido de fidelizar os atletas e dar seguimento à formação. No país, embora não conheça todas as realidades, sinto que muitos clubes já reconhecem o minibasquete como a "fonte de alimentação" da sua estrutura.

Que sugestão darias para melhorarmos o minibásquete em Portugal?
Embora o desporto seja a minha área de formação profissional, não estou ligado ao ensino nas escolas. Acredito que as melhorias que poderíamos verificar no minibasquete, e também na formação no basquetebol em Portugal, passariam pela cooperação entre desporto e escolas, neste caso, entre basquetebol e o ambiente escolar. Temos assistido à diminuição da importância do Desporto Escolar, pelo que iniciativas como o Compal Air podiam ser associadas ao 1º Ciclo do Ensino Básico, proporcionado um aumento do raio de ação do minibasquete a nível escolar. Continuo a acreditar que a fomentação das modalidades desportivas nas escolas é o grande passo que Portugal precisava para aumentar o número de praticantes federados, reduzir os preocupantes níveis de obesidade infanto-juvenil e os também reduzidos índices de prática de exercício físico regular.

O que pensas do Planeta Basket?
Todos os meios que divulguem a nossa modalidade são bem-vindos e de louvar. O Planeta Basket tem-nos habituado a uma grande diversidade de notícias e artigos, que acompanho regularmente. Os meus sinceros parabéns pelo vosso trabalho!

Que pergunta gostarias que te fizessem e que resposta darias?
Se me questionassem qual o meu desejo para o desenvolvimento do basquetebol em Portugal, teria 3 propósitos: que o minibasquete surja como aposta forte em todos os clubes e escolas de formação; que o basquetebol português e sua imagem seja “vendida” através de uma constante e progressiva estratégia de marketing; que a intervenção pedagógica que vemos a ser aplicada no minibasquete, possa estar associada a todos os intervenientes da nossa modalidade: aos atletas, capazes de tomar as melhores decisões; aos treinadores, na direção e intervenção do jogo centrada apenas no desenvolvimento do jogador; aos juízes, numa aplicação regulamentar cada vez mais pedagógica; aos dirigentes, na criação de soluções para possibilitar a prática sustentada dos nossos jovens; aos pais e a todos os que acompanham os atletas, no apoio, encorajamento e reforço positivo. Permitam-me acreditar “neste” basquetebol!

 

Comentários 

 
0 #5 Celso Casinha 28-05-2013 09:24
O meu sincero agradecimento ao José Cardoso, ao Rafael Chust, e ao Mário Batista, pelas simpáticas palavras. Cada um de vocês têm também a sua quota parte neste reconhecimento, pela aprendizagem que me vão proporcionando. Um abraço a todos!

Ao Zé da Bola, agradeço também o seu reconhecimento. Relativamente à racionalização do espaço, embora concorde que a generalidade dos treinadores dê demasiada ênfase aos conceitos tácticos em detrimento dos técnicos, parece-me importante que o espaço de jogo esteja definido para que a aplicação dos conceitos técnicos em contexto de jogo possam ser aplicados no desenvolvimento da táctica individual, ou seja, da tomada de decisão de cada atleta.

Apenas promovemos a diminuição da pressão defensiva no portador da bola, caso se verifiquem dificuldades na tomada de decisão, para que, como disse o Zé da Bola, se proporcione o sucesso e o gosto pela modalidade dos mini-atletas! :-)
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+7 #4 Mario Batista 09-05-2013 22:05
Parabens ao Celso Casinha pelo excelente trabalho no Minibasquete do NDAP,infelizmen te por razões Profissionais não pude estar presente no Convivio de 25 de Abril de Minibasquete, mas O Comité Nacional de Minibasquete esteve muito bem representado pelo meu Grande Amigo San Payo Araujo.

Grande Abraço
O Presidente do Comité Nacional de Minibasquete
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+1 #3 Zé da Bola 09-05-2013 13:13
Gostei bastante desta entrevista e principalmente pelo contexto em que se encontra, isto é, o distrito de Leiria não é propriamente igual a Lisboa em termos de número de praticantes e outros. No entanto ha um aspecto que eu não concordo, que é a racionalização do espaço ou seja o modelo de jogo que foi utilizado.
Deixo umas perguntas...
- Não será que os treinadores portugueses ligamos demasiado a parte táctica e esquecemos e muito a componente técnica?
- Quanto se tenta proporcionar o sucesso e o gosto pela modalidade aos atletas neste escalão pq que o campo tem de ter linhas e não apenas 2 tabelas?
- Ao dizer a um atleta para não defender de uma forma pressionante e não estamos a incentivar, inconscientemen te, para estes não defenderem?

Excelente o vosso trabalho desenvolvido no Distrito de Leiria.
Continuação de bom trabalho!
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+7 #2 Rafael Chust 08-05-2013 08:55
Parabéns pelo sucesso, Celso, extensível a todos os atletas, treinadores e dirigentes do NDAP!
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+7 #1 José Cardoso 07-05-2013 21:51
Perdeu-se um atleta (e ainda bem :lol: ), ganhou-se um treinador competente! Parabéns por tudo o que tens vindo a conseguir. Um abraço.
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