Começam esta noite em Miami as Finais da NBA 2012/13. Miami Heat e San Antonio Spurs foram os conjuntos mais fortes das respetivas conferências e são merecidamente, os finalistas da edição deste ano.
Nas finais de conferência, os campeões em título Heat tiveram de suar as camisolas para ultrapassar os consistentes Indiana Pacers em 7 jogos. Mais fácil foi a tarefa dos Spurs que despacharam, de forma algo surpreendente, os Memphis Grizzlies por 4-0.
Comecemos pelo Oeste e pela varridela com que os Spurs presentearam os Grizzlies. Mais habituados a estas andanças e melhor preparados, os de San Antonio pareceram estar sempre um passo à frente dos Grizzlies. Foi evidente a forma eficaz como a defesa dos Spurs foi capaz de anular os pontos fortes do conjunto de Memphis, nomeadamente o duo interior formado por Randolph e Gasol. No ataque os Spurs apresentaram sempre mais e melhores soluções, mesmo tendo em conta que do outro lado estava uma das melhores equipas defensivas da liga. Com ou sem lesões dos adversários mais directos, a vitória na conferência acaba por não sofrer qualquer contestação e assenta bem ao conjunto que melhor basquetebol joga no Oeste e provavelmente na NBA.
Bem mais complicada foi a tarefa dos Heat perante o mais alto e poderoso jogo interior do conjunto de Indiana. A valia de Hibbert e West perante os mais baixos Haslem e Bosh foi por demais evidente e não fosse a capacidade atlética do "Birdman" Chris Andersen e a série podia mesmo ter pendido para os Pacers. Com Wade e Bosh a jogar abaixo do que deles é esperado, foi o inevitável Lebron James quem carregou o conjunto de South Beach às costas. Do outro lado, continuou a assistir-se ao crescimento de Paul George, um dos valores mais seguros da competição nos próximos anos.
Passemos então às grandes finais e aos sete jogos que poderão ser necessários para encontrar o próximo campeão. Ao contrário das outras eliminatórias dos playoffs, as finais disputam-se num formato 2-3-2, nem sempre consensual, mas que facilita a logística envolvida num evento desta dimensão.
Passaram já 10 dias desde que os Spurs entraram em campo pela última vez, na noite em que um imparável Tony Parker e os seus 37 pontos acabaram com a época dos Grizzlies. Um dia depois, Heat e Pacers defrontaram-se no jogo 4 da final da conferência Este, que ficou na altura empatada 2-2. Tal significa que nestes últimos 10 dias, os Heat jogaram quatro partidas e os Spurs ... nenhuma. Cansaço ou falta de ritmo competitivo? Argumentos opostos mas que servem apenas para apimentar a discussão acerca de quem terá vantagem neste cenário. É natural que os Spurs apareçam algo enferrujados no jogo 1 e que os Heat até possam ter alguns problemas físicos ao longo das finais, mas não será por estes factores que o vencedor se irá decidir.
De um lado está um Big 3 que se conhece bem, que está junto há vários anos e que ficará seguramente na história dos Spurs e da NBA. Do outro, um Big 3 mais jovem, mas não menos impressionante. Duncan, Parker e Ginobili contra James, Wade e Bosh. Este é apenas mais um dos motivos de interesse destas finais, assim como o confronto ente dois treinadores de gerações distintas, um deles considerado o melhor treinador no activo, Greg Popovich e o outro um talento em ascenção, capaz de aproveitar o surtido de talento que lhe caiu nas mãos e de ganhar o seu respeito, Erik Spoelstra.
Perante o equilíbrio de forças em presença, emergem dois factores que me parecem decisivos para a atribuição do campeão deste ano: a luta das tabelas e o controlo da posse de bola. Empenho vai haver de ambos os lados, qualidade técnica e táctica tambem, pelo que a diferença será feita através de fundamentos tão simples quantos um bom passe ou um bom bloqueio defensivo. E se falo de fundamentos, tenho que dar a vantagem aos Spurs. Depois de ter visto a forma como o conjunto de San Antonio se foi adaptando ao longo dos playoffs aos diferentes adversários que teve pela frente, é realmente notável a capacidade demonstrada na hora de parar atletas tão diferentes como Stephen Curry ou Zach Randolph. O desafio agora é ainda maior: Lebron James rodeado por um conjunto de pistoleiros de excelência e com ordem para atirar. Ofensivamente, os Spurs são neste momento o conjunto que melhor roda a bola em busca da melhor solução de lançamento, têm uma referência interior de enorme qualidade em Tim Duncan e dois autênticos quebra-cabeças no exterior, Parker e Ginobili. Contam ainda com inúmeros outros role-players que em qualquer dia podem aparecer e mudar o jogo para o seu lado. Claro que os Heat são os campeões em título, tambem já sabem o que é preciso fazer para ganhar e têm apenas o melhor e mais dominante jogador da competição do seu lado, Lebron James. Conto tambem que Dwyane Wade e Chris Bosh elevem o seu nível de jogo nestas finais, no entanto a chave para os Heat estará nos seus outros elementos, nomeadamente Chalmers, Allen e Battier. Será a eficácia destes na hora de lançar ao cesto a ditar o sucesso ou não de Miami nesta fase da competição.
Ditas as coisas assim, o prognóstico é naturalmente incerto, mas tendo a convicção que a Final se decidirá em 6 jogos, aposto numa vitória de San Antonio por 4-2.
