Interrompi a exposição das minhas reflexões sobre os resultados das selecções nacionais de formação para prestar o meu tributo ao Prof. Carlos Gonçalves. Prestada a minha singela homenagem volto ao tema dos resultados das selecções.
Escrevi no artigo o “Contacto Internacional” que a razão principal pela qual a Espanha está a anos -luz de todos os outros países europeus reside na filosofia, metodologia, na forma como está estruturada organizada a detecção e condução do desenvolvimento dos seus jovens talentos.
Como referi, não há nenhuma potência do basquetebol europeu, mesmo países com mais habitantes, com maior densidade populacional, maior riqueza e menos periféricos, que consigam ano após ano resultados brilhantes, lutando quase sempre pelos 3 primeiros lugares das competições masculinas e femininas de Sub-16, Sub-18 e Sub-20. A forma regular com que se situam nos lugares de pódio é sem dúvida algo merecedor de reflexão e estudo.
Como já mencionei no meu artigo, “Como apanhá-los”, são nove os pilares que conduzem ao sucesso desportivo. Contudo, quando há países que tem pilares tão bons ou melhores e obtêm piores resultados impera a necessidade de compreender as diferenças.
A França tem 65 milhões de habitantes uma densidade populacional de 115 habitantes por km2, é um país da zona central na Europa. Por seu lado,a Espanha tem 47 milhões de habitantes, 91 habitantes por km2. No entanto, a título comparativo como se poderá ver no quadro em baixo, a Espanha está a anos luz de todos os países em termos dos resultados das selecções masculinas e femininas dos Sub-20, Sub-18 e Sub-16.
Quando regressei da minha experiência na Academia de Iniciação da Federação Espanhola de Basquetebol - Collel - relatei aqui em diversos momentos essa minha experiência. Também fui convidado para expor em diversas acções de formação essa vivência. Passados dois anos sinto, que aqui ou ali, houve quem quisesse por em prática alguns destes princípios e dessa filosofia de detecção de talentos, mas sem grande consistência. Por vivermos tempos difíceis, maior é a necessidade de termos desígnios, pelo que resolvi voltar a estas ideias e lançar um desafio que poderá envolver e unir os agentes da nossa modalidade, caso considerem os mesmos importante trabalhar colectivamente e expressem essa importância de forma corajosa e audaz. Para tal, nos meus próximos artigos vou partilhar uma proposta concreta de trabalho que se sustenta na filosofia de Collel, adaptada à nossa realidade. Na próxima semana, começarei por recapitular a filosofia e as orientações do método FEB na detecção de talentos, pois para mim é aqui que reside a grande diferença, relativamente a todos os outros países.
Classificações obtidas pela Espanha
Em 48 campeonatos 18 títulos de campeão e 34 presenças no pódio. |
Classificações obtidas pela França
Em 48 campeonatos 5 títulos de campeão e 19 presenças no pódio. |
Comentários
Tenho lido com atenção os teus comentários aos meus artigos. Muito obrigado pelas tuas oportunas e pertinentes considerações. É sempre bom ouvir alguém com larga experiência que já tando deu ao basquete. Terei todo o gosto em conversar contigo sobre a sugestão que farei nos próximos artigos.
Um grande abraço