Não temos o respeito que os britânicos tem pelas tradições, nem temos em Portugal a paixão que os EUA tem por estatísticas. Apesar de sermos uma das nações mais antigas do mundo
não está nos nossos hábitos o respeito e a memória dos factos e pessoas, que fizeram história no passado. Esta ausência da memória do passado, não nos permite muitas vezes definir estratégias e políticas, traçar um rumo e esperar pelos resultados, e como tal, não vamos agindo, vamos reagindo numa verdadeira navegação à vista. Este é um mal que está profundamente entranhado na nossa sociedade, na nossa maneira de estar na vida e no mundo.
Quanto à preocupação da divulgação do passado há no entanto excepções, como por exemplo o Planeta Basket, que tem feito um esforço para recuperar lendas e teve este ano a louvável iniciativa dos Cem Anos Cem Nomes. A razão que me levou a escrever este artigo, para além da minha habitual colaboração, tem a ver com a recente morte de Abílio Ascenso. Tanto quanto me apercebi, passou ao lado do universo do basquetebol. Também foi por um mero acaso, que tive conhecimento do seu falecimento. Raramente vejo jogos de futebol pela televisão, mas no sábado passado quando fazia “zapping” assisti ao início do jogo de futebol entre o Sporting e o Marítimo, que foi precedido por um minuto de silêncio, em memória de Abílio Ascenso.
Como me lembrava, que por razões de ordem alfabética o Abílio Ascenso, é o primeiro nome que surge na listagem dos “Cem Anos Cem Nomes”, considerei ser uma injustiça não prestar uma singela homenagem a um grande nome do basquetebol, de quem, desde criança pela voz do Prof. Mário Lemos, tantas vezes ouvi excelentes referências.
Resolvi consultar o “Google” e o livro do Albano Fernandes para ter mais informação sobre o Abílio Fernandes e fiquei a saber que, numa época de raros contactos internacionais, teve dez internacionalizações, e que foi decisivo no jogo frente ao Benfica, que ditou o título de campeão nacional em 1960, seu último título, realizado no pavilhão dos desportos em Lisboa. Nesse jogo alinharam pelo Sporting Hermínio Barreto (6), Abílio Ascenso (19), Alberto Sousa (7), Armando Garranha (3), José Santos (10), Walter Laye e José Mário. Como curiosidade estão entre esses nomes, um nomeado Armando Garranha e três figuras seleccionadas para os Cem Anos Cem Nomes do Basquetebol em Portugal. Para reforçarmos a história e a memória do basquetebol em Portugal, termino com o apelo, principalmente aos que como eu, já tem ou vão tendo cabelos brancos: Contem-nos histórias do vosso conhecimento, nomeadamente sobre as pessoas que fazem parte da listagem dos Cem nomes cem anos e infelizmente já não se encontram entre nós. O património da memória do basquetebol e os leitores do Planeta Basket certamente vos agradecerão.
Comentários
Je n ai jamais vu la minute de silence en hommage à mon père, existe t il une vidéo ? Merci
http://www.forumscp.com/wiki/index.php?title=Ab%C3%ADlio_Ascenso
Bem hajam, pelo escrito e comentário sobre o recente falecimento de Abilio Ascenço.Escrito e comentário a revelarem uma sensibilidade que me tocou e que valoriza a vossa nobreza de caracter.
Por uma unica vez,ainda miudo, tive a oportunidade de defrontar Abilio Ascenço, mas fui colega de equipa, no Sp. Olhanense, de Armando Garranha, que, por sua vez, com ele conviveu largos anos na equipa do Sporting. Tinha dele as melhores referências. Praticante de eleição, marcou uma época.
E a sua e nossa modalidade,inst ituicionalmente ~e na hora da partida não o terá, de algum modo, sabido merecer !
A voragem e a turbulência dos tempos em que vivemos, mais de dominancia material do que espiritual, é propícia a estes "esquecimentos".
Que possa servir de lição. Porque, quando não há memória, o futuro só pode estar hipotecado !
Desta vez o Futebol, nomeadamente o Futebol do Sporting Clube de Portugal esteve muito bem, homenageando um ex-atleta do clube. Das modalidades amadoras é certo mas que não passou esquecido ao clube.
Mas passou esquecido ao Basquetebol. Serão sinais dos tempos?
No meu tempo aprendi que se deve enviar sentidas condolências à família. Pois é esse dever sentido que expresso neste pequeno comentário.
O lado negativo dos momentos de crise é que, demasiado preocupados com o presente e futuro próximo, nos esquecemos de manter viva a chama da nossa modalidade. Abílio Ascenso era parte essa chama. Apelo para que pelo menos possamos lembrar quem deu vida à modalidade - As nossas lendas.