As comparações entre Portugal e Espanha que se vão ouvindo aqui e ali, tendem frequentemente para uma superficialidade de conteúdos pouco sustentados e não abrangem todas as variáveis de análise.
Normalmente são comparações profundamente redutoras e simplistas na sua análise e conclusões.
De um ponto de vista de seriedade intelectual, só devo fazer comparações se levar em conta as mesmas premissas. Quando comparamos dois países temos que compreender, que as realidades, que estamos a comparar.
A título de exemplo:
Espanha tem 47 milhões de habitantes e mais de 150.000 minis. Portugal tem 10 milhões de habitantes e 9.000. Para percentualmente termos a mesma realidade de praticantes do nosso vizinho teríamos de ter para cima de 32.000 minis.
Em Espanha a base da pirâmide está no escalão etário dos Sub-12 e em Portugal está nos Sub-14.
As selecções autonómicas de Sub-12 fazem em média 50 treinos até à sua participação nos Campeonatos de Espanha de Minibásquete. Em Portugal não devo andar longe da verdade se disser que a média de treinos das selecções que participam na Festa do Minibásquete é inferior a 5 treinos.
No entanto, com o envolvimento e coesão dos treinadores, penso ser possível adaptarmos à nossa realidade a forma de detectar talentos utilizada em Espanha. Esta modificação na forma de detectarmos talentos, implica uma grande mudança de atitude,, capacidade de trabalhar em equipa e compreensão na mudança de paradigma da noção de detecção de talentos, Não procuramos os que nos garantem resultados imediatos melhores, mas procurarmos os que no futuro terão maior capacidade.
A primeira adaptação relativamente ao que se faz em Espanha é, face à na nossa realidade, começarmos este processo de uma forma organizada no escalão de Sub-14, pois este é o escalão com o maior número de praticantes na formação, logo deve ser preferencialmente aí que devemos tentar detectar os talentos. Como?
1ª Fase a nível associativo
Utilizando em todas as Associações o mesmo método colectivo que os espanhóis fazem para escolher as suas selecções de Sub-12 e recolhendo dados antropométricos dos jovens mais altos de cada Associação. Ou seja cada Associação envolveria um elevado número de treinadores a opinarem segundo a filosofia exposta, e sempre com a preocupação de quem no futuro teria potencial para representar as selecções nacionais de Sub-16 masculinas e femininas.
2ª Fase a nível federativo selecção dos praticantes a observar
Nomear e preparar e sensibilizar para este paradigma de observação um conjunto muito alargado de treinadores que irão escolher nas Festas do Basquetebol Juvenil em Albufeira cerca de 30 rapazes e 30 raparigas do escalão Sub-14.
3ª Fase a nível federativo observação dos praticantes seleccionados
Organizar em fins de Junho dois estágios de observação (um para rapazes e um para raparigas), em regime de internato, com dormidas em colchões numa escola,, num fim-de-semana alongado, com cerca de 10 a 15 treinadores indicados e voluntários por estágio para procederem à observação dos jogadores.
Deste modo, e através das metodologias sugeridas, estariam escolhidas as bases das selecções nacionais, cerca de 16 praticantes, grupos não fechados. Estes grupos seriam a base das selecções nacionais de Sub-14 e teriam dois anos para se preparem para os Campeonatos da Europa de Sub-16.
Esta fase de observação, por motivos que explicaremos no próximo artigo, incluiria também medições antropométricas e um conjunto de testes físicos básicos e elementares.
Comentários
Como não consegui ontem chegar a horas "decentes" para "jogar", cá estou a marcar presença.
Foco-me, em concreto, na 2a fase a nível federativo selecção dos praticantes a observar.Sugestão que em tempos já tínhamos apresentado.
Estou em crer que ao apresentares a ideia à FPB, via estrutura técnica complementada pela ENB,a mesma só poderá ter grande acolhimento.Porque, e deixemo-nos, de uma vez por todas, de tretas e de eventuais xico-espertezas: Haverá que seguir, sem complexos, o exemplo da vizinha Espanha.
Quem conscientemente e de boa fé anda nisto só terá que meter mãos à obra e aceitar este decisivo desafio. Tenho dito. Bem hajas, San Payo.
Com amizade, aquele abraço.
Prometo ainha hoje dar-te "uma palavrinha" sobre esta tua e nossa "questão".
Estou em crer que razão, e muita, terão os nossos companheiros e referências,gra ndes referências, Mário Palma e Mário Gomes, a quando do ultimo clinic, no Porto, sobre o comportamento, interesse e sentido de cooperação da grande maioria dos treinadores portugueses.
Com o teu exemplo "obrigas-me" a dizer presente.
Com um compromisso anteriormente assumido e inadiável, quando ainda hoje regressar, voltarei ao teu contacto.
Com a consideração de sempre, aquele abraço.