Não, não estou a falar da crise, mas são cada vez maiores a dificuldades impostas aos pais e aos clubes para que as crianças pratiquem minibásquete.
Como alerta, num comentário ao artigo a “Mania das grandezas” Jorge Duarte Vice Presidente da AB Viseu, “a não existência de uma formação para monitores de minis, e as dificuldades actuais criadas com os exames médicos, vão fazer com que menos miúdos pratiquem a nossa modalidade”.
Foi este pertinente comentário que me levou a escrever este artigo. O final do ano leva-nos normalmente a reflectirmos sobre a nossa vida. Este ano voltei felizmente ao terreno; mas como se transformaram as realidades sociais e familiares, desde os tempos em que fui pela primeira vez o treinador principal de uma equipa, salvo engano, na época de 1977/78. Não me falha um único nome dessa saudosa equipa de iniciados do CIF.
Em cima esquerda para a direita: Ângelo, Paulo Jorge, Filipe, Carlos, Miguel, José Mário e Tó Mané Em baixo: Orlando, Bernardino, Fernando, Joaquim |
Ao contrário da actualidade em que praticamente, já conheço todos os pais e vários familiares dos minis do Belenenses, dos quais muitos assistem aos treinos, não conheci nenhum dos pais da minha primeira equipa. São decididamente tempos e realidades diferentes.
Na sequência de outra das minhas preocupações, expressa no artigo a “A melhor prenda” foi com atenção que li o documento do PROGRAMA NACIONAL DE DESPORTO COM TODOS E PARA TODOS, recentemente apresentado pelo governo. Neste se reafirma, decorrente da Constituição, que “todos tem direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover” . O mesmo documento refere que “Os dados nacionais ao nível da saúde são esclarecedores; 32,2% das crianças portuguesas entre os 6 e os 9 anos tem excesso de peso. (…) Portugal ocupa já o 5º lugar no ranking dos países com maior prevalência de excesso de peso.”
Ora é aqui que volto aos pais. Muitos treinadores, e às vezes com alguma razão, queixam-se dos comportamentos dos pais, principalmente do “pais treinadores” a estes aconselho vivamente que vejam no “YouTube“ a entrevista da psicóloga Patrícia Ramirez “padres entrenadores”.
Contudo temos de compreender que sem pais não há minibásquete, e os pais que proporcionam uma actividade desportiva aos seus filhos são uns verdadeiros heróis. Muitos têm que sair dos seus trabalhos para irem buscar os filhos à escola levarem-nos para os treinos num enorme dispêndio de tempo e energia. Se a este esforço associarmos o transporte aos fins-de-semana para os jogos e o facto de praticamente todos os praticantes de minis pagarem uma mensalidade, que ajuda a sustentar a existência dos clubes, só podemos estar gratos aos pais.
Nesta breve reflexão regresso ao início deste artigo, pois não consigo compreender um governo que por um lado apresenta e bem, num PROGRAMA NACIONAL DE DESPORTO COM TODOS E PARA TODOS, preocupações com a saúde pública, nomeadamente das crianças; um governo que acredita que devemos ter “menos estado e melhor estado”, passe um atestado de menoridade aos pais, que se preocupam em proporcionar aos seus filhos uma actividades desportiva, dizendo-lhes que não se podem responsabilizar pela saúde dos seus filhos, e que estes para jogarem minibásquete tem de ter um atestado médico, dificultando ainda mais o acesso à prática desportiva como alerta o amigo Jorge Duarte.
A todos os clubes, que face às adversidades, vão mostrando uma capacidade de resiliência admirável os meus sinceros parabéns e votos de um bom ano. A todos os pais e aos seus filhos desejo um feliz ano novo na certeza que com o vosso empenho e esforço estão seguramente a contribuir para um país mais saudável. Bom ano de 2014 e viva o minibásquete!
Comentários
Excelente reflexão.Oportuno alerta para, eventualmente, despertar algumas consciências.
Se considerarmos que a consciência de cada um de nós é o JUIZ dos nossos actos...!!!
Uma vez mais, comentaste, está comentado.
Aquele abraço.
Bom ano com saúde e muitos cestos.
Abraço