Reconhecer boas práticas
 
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Reconhecer boas práticas

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Vítor SepodesEstávamos em meados da década de 70 do século passado, passada a revolução de Abril o país emergiu em iniciativas de associativismo desportivo. A cidade de Torres Novas, então vila, não fugiu à regra,

emergindo muita iniciativa de crescimento de modalidades desportivas, acompanhando as já existentes. Jovens nascidos na década de 60 e inícios da década de 70 iriam beneficiar de um vasto conjunto de experiências desportivas. Do futebol, ao Andebol, da Ginástica à Natação, do Râguebi ao Basquetebol, da Patinagem ao Hóquei em Patins, creio que muitos dos jovens adolescentes daquela época passaram por várias modalidades, emergindo também um eclectismo saudável e enriquecedor do património motor de todos os que beneficiaram deste boom desportivo!

O Clube Desportivo de Torres Novas (CDTN) orgulhava-se de ter escrito no mural do Estádio Municipal todas as modalidades que oferecia. Vivia-se uma época de fomento do eclectismo desportivo. Bons tempos! Recordarão os que por essa época nadaram na melhor piscina do distrito, jogaram râguebi no relvado junto às piscinas ou realizaram saltos mortais e piruetas no ginásio da antiga Escola Industrial (atual Secundária Maria Lamas).

Mas neste artigo quero destacar algo que se relaciona com a nossa modalidade. Nessa época chegou à então vila de Torres Novas alguém que iria ser responsável pelo crescimento e desenvolvimento do Basquetebol, de seu nome Vítor Sepodes. Não tinha dois metros, nem afundava. Mas vinha de Moçambique, como muitos outros praticantes de então, trazendo com ele uma paixão, uma convicção e uma energia que iria contagiar centenas de crianças, em Torres Novas, nas Lapas (aldeia do Concelho de Torres Novas pegada ao limite urbano da vila), Entroncamento e vários pontos estratégicos do distrito de Santarém. Estava lançada a primeira pedra para que algum anos depois houvesse condições para se formar a Associação de Basquetebol de Santarém (perdoem a eventual falta de rigor ao não focar outras personalidades ou datas a este respeito), autónoma à então Associação dos Desportos.

Mas atente-se, houve um plano estratégico por detrás e o devido enquadramento técnico. Este enquadramento, feito através da então Direção Geral dos Desportos, sintonizou a paixão de alguém pelo Basquetebol, a sua vivência em Moçambique com aquilo que deveria ser o caminho para desenvolver o Basquetebol em terras do Ribatejo. Para o Vítor Sepodes eram claras três ideias: têm de haver equipas seniores, para que haja algumas referências; tem de haver minibasquete; haver disponibilidade dos técnicos. Responsável pelo minibasquete, Vítor Sepodes mete mão ao trabalho e lança a divulgação no local onde todas as crianças estariam despertas para acolher este desafio – As Escolas Primárias. Primeiro nos campos de terra junto às piscinas municipais, depois no ringue junto ao Estádio Municipal, o Sepodes assim conhecido deliciava as crianças que ali começaram a aparecer, proporcionando-lhes o jogo e o conhecimento de novas técnicas para alcançar o cesto e desfrutar de mais dois pontos. As equipas surgiam e o Clube Desportivo acolhia o Minibasquete. Nas Lapas também a sua juventude desfrutava de uma alternativa ao Futebol de rua. O Sepodes contagiava quem desfrutava das bolas de minibasquete coloridas o quanto baste para que ficassem completamente presa à modalidade.

Vítor Sepodes

Esta energia, esta entrega eram reflexo de uma personalidade forte, determinada capaz de ultrapassar os que muito chamam de uma mistura química entre a inveja e a mediocridade e provando que era possível oferecer boas práticas e conseguir resultados. Não demorou muito para que houvesse o primeiro Campeonato Distrital de Minibasquete, não demorou igualmente muito para que houvesse campeonato distrital de seniores onde Tomar, Torres Novas, Chamusca, Entroncamento, Ourém e Santarém (que me perdoem novamente se me esqueço de mais algum local) competiam. O CDTN parecia ter mais armas, pois claro, tinha o Sepodes, rápido, intenso no jogo e marcador de pontos. Outros apareceram, dando mais equilíbrio à prova. Mas não obstante a prova de seniores, há a destacar que o Basquetebol em Torres Novas tornou-se, naturalmente, numa referência da modalidade no distrito, surgindo igualmente o sector feminino com a União Desportiva e Recreativa Zona Alta de onde surgiu uma atleta internacional – Eugénia Marques.

Independentemente de tudo o que a Associação de Basquetebol de Santarém veio a conquistar através dos seus clubes, na década de 80 e 90, importa reconhecer que alguém esteve na origem destas boas práticas, chamando e envolvendo mais pessoas, passando um dinamismo que, infelizmente não foi aproveitado em pleno, perdendo a força no final da década de 90 do século passado. No entanto, deixou uma marca que ainda hoje perdura através das pessoas que se encontram ligadas à modalidade, ao CDTN e o basquetebol do distrito de Santarém.

Este artigo não é uma estátua ou um manifesto para se realizarem homenagens com formalismos, pompa e circunstância. Trata-se, já que estamos em ano de Bodas de Ouro do Minibasquete em Portugal, de um reconhecimento há muito merecido e justo a uma pessoa que proporcionou momentos inesquecíveis de prática do Minibasquete e fomentou o gosto pelo Basquetebol a muitas crianças e jovens. Os efeitos positivos são mais que muitos e em muita gente. Felizmente fui um deles pelo que estou grato, muitos outros colegas e amigos meus lhes estão gratos também, pelo que simplesmente digo: Obrigado Sepodes por tudo!

 

Comentários 

 
+1 #5 Joao Ferreira - Bébe 05-09-2014 13:05
Merecida homenagem e um artigo que me faz recordar os excelentes momentos que passei no basket e o quanto aprendi e cresci com o Vitor Sepodes que tanto deu á modalidade do seu coração. Muitas Felicidades e um grande abraço.
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+1 #4 Olinda Sepodes 09-03-2014 20:57
Esta é uma homenagem justa ao meu irmão que se dedicou tanto ao Basquetebol em Torres Novas sem esperar nada em troca.. Obrigada e um abraço.
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+4 #3 francisco ribeiro 18-02-2014 23:48
Excelente artigo que me faz também recuar no tempo.Sim no tempo, porque naquele tempo, menos velho, claro está, foi gratificante em muitos momentos acompanhar aquela juventude, que posteriormente viriam a ser bons atletas! Cresceram, fizeram-se homens e hoje são condutores dos miúdos que serão os homens de amanhã. Tudo isto só foi possivel graças ao querer e poder do Vitor Sepodes e, porque tive a subida honra de ter acompanhado o seu percurso reconhecer o elevado valor que trouxe para Torres Novas, para o desporto e de forma particular para o Minibasquete. Os Homens de Hoje terão que lhe ficar eternamente gratos, já que os Homens de então, jamais se lembrarão.
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+5 #2 Júlio Silva 12-02-2014 15:07
Bonita homenagem. Honra quem a recebe e eleva quem a divulga!!!!
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+8 #1 Humberto Gomes 12-02-2014 12:08
Realmente não é "uma estátua ou um manifesto para se realizarem homenagens com formalismos, pompa e circunstância". É o cuidado revelado por alguém que, em devido tempo, sabe ser grato e reconhecer o extraordinário contributo de um companheiro de antes quebrar que torcer, daqueles que quase pedem licença para amar aquilo de que tanto gostam !
Revela também esta referência o saber ser solidário. Mais um contributo, meu caro João.
Para o Vitor Sepodes, porque "alinhado" com o escrito do João, aquele abraço.
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