As ideias às vezes demoram a entrar nas rotinas, mas passados alguns anos estão de tal modo interiorizadas, que já poucos ou ninguém se questiona. A título de exemplo quando na década de 60 do século passado,

numa altura em que não havia ensino misto, o prof. Mário Lemos propôs a possibilidade do minibásquete ser jogado por equipas mistas, essa ideia foi encarada por muitas pessoas, quase como uma heresia. Outro exemplo, mais recente foi quando em 2000 propus, que dependendo do espaço disponível, da idade e nível dos praticantes o jogo pudesse ser realizado no modelo de 3 x 3 ou 4 x 4 houve quem discordasse. Hoje a grande maioria dos intervenientes no minibásquete defendem ou aceitam  com naturalidade a existência de equipas mistas no minibásquete e que os jogos dos mais novos, consoante as circunstâncias, não sejam no modelo de 5x5.

Como já mencionámos o minibásquete é um conceito com muitas interpretações e significados o que dificulta a comunicação. Contudo há uma coisa da qual não poderemos fugir, o minibásquete tem de ser decisivo na atracção de praticantes e essa captação passa como elenquei no artigo “Pensar a modalidade” por vários factores:

• Razões familiares
• As amizades
• Os media
• A escola
• Actividades promocionais

É exactamente no último factor, actividades promocionais, que eu quero centrar a atenção de hoje. É com muita satisfação que tomei conhecimento que a AB da Madeira e a AB de Braga envolveram e vão envolver os minis nas finais da Taça de Portugal feminina e masculina. Fui sempre contra uma moda que houve nos anos 90, que era a de encher os pavilhões com crianças, apenas para ter uma casa mais composta, não lhes dando nada em troca a não ser ver um jogo, que passados os primeiros momentos, deixava de as interessar.

Outra coisa é levá-las para o pavilhão e envolve-las no evento com actividades lúdicas, jogos, lançamentos, palmas, gritos, coreografias, etc… Sei, porque diversas vezes já estive com muitos minis dentro de campo, a alegria e o prazer que estas sentem por poder estar próximo dos “grandes” a pisar o palco do jogo.

Estar atento a este factor da importância promocional das actividades do minis, associadas aos momentos altos do basquetebol, vai muito para além do prazer e alegria das crianças, contribui entre outras mais-valias que poderia referir, para compor os pavilhões de público, pois os minis hoje em dia são normalmente acompanhados pelos pais. Para ilustrar o que estou a dizer lembro-me de em 2010, o pavilhão municipal de Barcelos ter mais de 2000 espectadores, para assistirem à final da Taça de Portugal feminina, entre o Vagos e o Olivais com grande envolvimento dos minis, e da final da Taça de Portugal masculina no Entroncamento entre o Porto e a Ovarense, onde não houve actividades para os minis, e o pavilhão municipal esteve quase às moscas.

As acções de promoção da modalidade passam por muitas variáveis, mas confundir objectivos, não compreender esta faceta do minibásquete e reduzir o trabalho do CNMB a estas actividades, mais visíveis, por serem as que aparecem nos momentos altos, só pode ser falta de perspectiva da finalidade dessas acções, desconhecimento ou então má-fé. Mas tudo isso é irrelevante, parece que aos poucos a mensagem promocional dos minis associada aos grandes eventos começa também a passar, e mais que não fosse só pela alegria que proporcionamos às crianças nestas actividades já valia a pena.