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Paulo NetaCelebrar 50 anos de minibásquete em Portugal e não falar com a maior Associação do Basquetebol do país, com a Associação onde desde os primórdios o minibásquete foi muito acarinhado,

com a Associação que atualmente, mais minis mobiliza seria para o Planeta Basket algo impensável. Assim fomos falar com Paulo Neta Diretor Técnico da Associação de Basquetebol do Porto.


Na sua opinião considera que o epíteto de maior Associação do país é justo.
Não me parece que se trate de uma questão de justiça. É uma constatação que resulta de uma análise objetiva de quase todos os indicadores. Se um dos papéis fundamentais das Associações é promover, fomentar e divulgar a modalidade os dados falam por si. A ABP tem sido, neste últimos anos, a que mais praticantes mobiliza, com particular destaque para os minis, escalão no qual ultrapassa consistentemente os 1500 praticantes há já várias épocas consecutivas. Tem entre as Associações mais representativas, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Porto e Setúbal, o maior rácio de praticantes por habitantes; em termos de qualidade técnica/tática das suas seleções tem sido a mais consistente nas Festas do Basquetebol com maior número de títulos e presenças em finais. Os seus representantes nas competições nacionais de clubes conquistam regularmente campeonatos nacionais e é habitual estarmos representados em todas as Fases Finais. Em termos de formação de treinadores e ações de formação para o minibásquete, já que de minibásquete estamos a falar somos dos mais profícuos. Creio que, objetivamente estamos na "linha da frente"!

O minibásquete surgiu pela mão do Prof. Eduardo Nunes em 1965 e ao contrário de outras regiões teve sempre uma grande ligação à Associação? Como foram os primórdios do minibásquete no Porto?
Pelo que fui lendo, ouvindo e sabendo, penso que ao contrário de outras regiões do país, nomeadamente em Lisboa, em que o minibásquete foi fundamentalmente promovido por estabelecimentos de ensino e posteriormente fomentado pela antiga Direção Geral dos Desportos, no Porto e pela mão do Prof. Eduardo Nunes o minibásquete foi sempre fomentado pela ABP com o apoio da Delegação Regional da Direção Geral dos Desportos. Em 1966 é criado no seio da Associação surge sob a orientação do Prof. Eduardo Nunes um órgão designado por "Núcleo Associativo de Minibásquete da ABP" que era constituído pelos seguintes elementos: Célio Alves, Mário Pina, Zulmiro Matos, José Maria, Mário Dias, Emídio Santos, Manuel Bastos, Mário Sousa, Joaquim Costa, Américo Henrique e Joaquim Costa, que tinha por tinha por objetivo essencial a educação e formação desportiva dos jovens.

Que atividades eram promovidas pelo Núcleo?
Para responder a esta pergunta socorri-me do livro de Albano Fernandes, que nos diz que o campeonato regional de minibásquete do Porto realizado em 1966, "foi a primeira competição oficial de minibásquete realizada no país". E como curiosidade refere: "E a história aqui repete-se o primeiro organismo oficial de basquetebol, a ABP, que curialmente fez disputar a primeira prova oficial do basquetebol; no minibásquete também se coloca na vanguarda das realizações do género.

Já nessa época, as preocupações pedagógicas tinham grande realce como se pode verificar na atribuição de prémios por comportamento desportivo e comportamento escolar. Para além das atividades desportivas o Núcleo também promovia ações de formação e é curioso verificar a atualidade dos temas dessa ações, como se pode ler no livro já citado.

  • O contacto pessoal no minibásquete - por Armelindo Bentes;
  • Considerações sobre a lei de marchar, sua aplicabilidade no mini - por Manuel Bastos;
  • Exigências da função do árbitro=amigo no minibásquete - por um membro do Núcleo.

 
A ABP realiza há muitos anos, (cremos ser a atividade ininterrupta mais antiga de minibásquete no pais) o Dia do Minibásquete, no dia 10 de Junho. Esta iniciativa, estendeu-se por iniciativa do CNMB numa atividade nacional. Sabe nos dizer há quantos anos a ABP organiza o Dia do minibásquete?
Teria que investigar, pois desde que me lembro fazemo-lo, de facto, todas as épocas desportivas. A este propósito diga-se que pretendemos mudar o seu "figurino", pois o modelo adotado nos últimos anos parece-nos "esgotado". Estamos a tentar criar um conjunto de atividades mais interessantes e mobilizadoras. Há que inovar, criando "experiências" de prática da modalidade mais cativantes para lá do jogo em si. Para já, podemos dizer que o espaço eleito é fantástico e será com certeza mobilizador (e mais não digo para não estragar a surpresa)!
 
Agora deixemo-nos do passado e falemos do passado mais recente, do presente e do futuro.
Quando iniciei funções na ABP, a realidade era bem distinta da atual. Imagino que as necessidades do Comité de então fossem igualmente diferentes. O Comité Distrital era um grupo restrito de pessoas que, aos olhos do atual enquadramento, muito dificilmente conseguiriam dar resposta. Recordo que desde 2005 o número de praticantes entre os 6 e os 12 anos praticamente triplicou, aumentando significativamente o número de concentrações regulares e atividades da própria responsabilidade dos clubes.

Nas épocas mais recentes, a nossa prioridade tem sido melhorar a autorregulação da atividade, pois acreditamos que o MINIBASQUETE deve e precisa de ser "levado mais a sério"!

Por outras palavras, não basta reunir um conjunto de miúdos, realizar umas atividades lúdicas e/ou simplesmente pô-los a jogar. É importante e deverá ser "normal" que todos os participantes nas Concentrações Regulares ABP estejam devidamente inscritos (até para estarem salvaguardados pelo seguro desportivo) e que os clubes e as equipas sejam capazes de organizadamente, participarem nos jogos, com as respetivas identificações, equipamentos, com orientação qualificada, etc. Creio que as alterações regularmente introduzidas no Regulamento Técnico-Pedagógico, documento que rege o minibasquete na ABP, têm potenciado a mudança. Mas ainda há muito a fazer, que fique claro!

Paralelamente, temos "alargado" a constituição do órgão "Comité" procurando (do ponto de vista ideológico) que cada clube nomeie um elemento que salvaguarde o cumprimento destas regras, quando organiza as atividades na qualidade de anfitrião das concentrações. Também aqui, o propósito é influenciar mentalidades e uniformizar comportamentos.

Outro dos grandes desígnios que perseguimos, mas que ainda não concretizámos (até porque aguardávamos pelas determinações do novo Plano de Formação de Treinadores implementado pelo IPDJ) é a criação de um Curso de Monitores de Minibasquete, iniciativa estratégica para o desenvolvimento do sector. Temos a expectativa de lançar a sua 1ª edição até ao final de 2014.

Como tem sido a expansão do mini pelo distrito e o envolvimento dos clubes e autarquias?
Para expansão e fidelização do mini pelo distrito, entre outras iniciativas, contamos com a realização das 12 Horas do Minibásquete, que resulta de um protocolo assinado entre a FPB/CNMB, a ABP e a Federação das Associações das Coletividades Desportivas do Distrito do Porto. Também os clubes no nosso distrito, tem contribuído muito através de torneios e organização de eventos para a divulgação do minibásquete a título de exemplo o CD José Régio foi o primeiro clube a candidatar-se à organização de um evento do Plano de Atividades do CNMB em Junho isto pouco depois da reativação do CNMB em Junho de 2001. Quanto a autarquias, sem desprimor para os outros concelhos, falar de Minibasquete significa referir forçosamente o município de Paços de Ferreira, porque desde 2007, com a realização da FINAL 8 da Taça de Portugal e do Megaconvívio associado ao evento que este o minibásquete passou a ser, de alguma forma a ser "apadrinhado" por esta edilidade. Depois disso e apesar de se terem realizado igualmente, um sem número de outros momentos importantes para a modalidade quer de nível regional como nacional, a verdade é que regularmente várias foram as iniciativas de Minibasquete. Relembro a realização de 2 jamborees, um Fórum e um Clinic Internacional de Monitores/treinadores e mais recentemente a Festa Nacional de Minibasquete, iniciativa que junta seleções representativas de 15 Associações distritais da modalidade e que vai para a sua 4ª edição.

Como é atualmente formado o CDMB digno sucessor do antigo Núcleo? Como está organizado o mini na ABP?
Atualmente o Comité Distrital é formado por 17 elementos representativos de 15 clubes, que se voluntariam para integrá-lo. O seu papel principal é, para além de apresentarem propostas no âmbito das atividades, assumirem algum envolvimento nos eventos de direta responsabilidade da ABP, como são as "12 Horas" e o "Dia do Minibasquete".

Paralelamente, pedimos-lhe que sejam elementos ativos no garante da aplicação dos princípios defendidos e acordados por todos no início de cada época, nas concentrações regulares onde estão presentes e que nos reportem todas as situações que entendam serem merecedoras de registo.

O minibasquete na ABP está organizado da seguinte forma: A participação nas Concentrações Regulares ABP é livre e está regulado por um documento (disponível no nosso site oficial) que, todas as épocas, é discutido e aprovado antes da época se iniciar. Depois, os clubes devem enviar um conjunto de informações (MININQUÉRITO) no qual definem, entre outras coisas, a periodicidade de participação que pretendem para as equipas que inscrevem, assim como, em que datas disponibilizam o seu pavilhão para a realização de concentrações regulares na condição de anfitrião. Nos primeiros dias de cada mês a ABP divulga a calendarização de concentrações regulares prevista. Resumidamente, os clubes escolhem, quando e com que equipas pretendem participar.

Que repercussões teve nos escalões mais acima o crescimento verificado no mini?
O Minibasquete é a dita “base da pirâmide” e o crescimento sustentado de qualquer projecto de basquetebol de formação tem que concentrar uma parte significativa dos seus recursos, pelo menos no que diz respeito a preocupação e intervenção dos seus responsáveis. O crescimento registado na AB PORTO sustenta-se na dinâmica que os clubes vão desenvolvendo no Minibasquete. Desde 2005 até hoje mais do que dobrámos o número de atletas inscritos, passando dos 600 para uns actuais 1400, estando acima do limiar do milhar de praticantes há mais de 7 épocas consecutivas. Necessariamente que este indicador teve repercussões nos escalões SUB 14 e SUB 16 de ambos os géneros, existindo actualmente mais de 30 equipas SUB 14 Masculinas e mais de 20 equipas SUB 14 Femininas. Apesar de tudo considero que a AB PORTO está ainda numa fase em que o seu fócus reside na fidelização destes jovens praticantes e na dinamização da modalidade nalguns concelhos onde ainda não “ganhou raízes”, pese embora esteja em estudo a organização de encontros regulares de carácter competitivo. Acredito também que o projecto que pretendemos lançar brevemente “Um Mini, uma bola” poderá ajudar os clubes a angariar mais praticantes e a massificar a prática informal do basquetebol (neste caso do minibasquete).

Em breve vai haver eleições, que expectativas tem e que caminhos preconiza a ABP para o minibásquete a nível regional de nacional?
Gostaria que o Minibasquete assumisse um estatuto maior em termos de protagonismo nos desígnios do basquetebol nacional. Parece-me importante definir um modelo simplificado de patamar inicial na formação dos técnicos que trabalham nos escalões mais jovens, tornando-o mais acessível a todos, pois as premissas inerentes a uma candidatura a treinador de Grau I são, na minha opinião, altamente condicionadoras.

Também vejo margem de configuração de um quadro competitivo regular para os mais aptos no escalão MINI 12, enquadrando essa competição de forma cautelosa e exigente, proporcionando paralelamente momentos de sensibilização destinados aos pais. Este enquadramento deverá ser feito de forma muito prudente não permitindo um exacerbamento da importância da vitória sobre todos os outros aspetos formativos que o jogo e a competição encerram em si mesmo.

Em matéria de expansão agrada-me bastante a ideia da constituição de uma equipa de técnicos que, dentro de um determinado enquadramento promovido pela própria FPB, se dedicasse à operacionalização de um circuito de eventos (na lógica dos jamborees), cujo propósito central residiria na promoção do basquetebol junto da população mais jovem, em concelhos considerados prioritários a designar. Não tenho dúvidas da importância que um evento como um Jamboree tem na fidelização/conquista de um(a) jovem praticante para a modalidade. Sendo um modelo de enorme sucesso, entendo ser decisivo concretizá-lo de forma mais regular e mais frequente e par isso são necessário mais meios materiais e humanos.

Que pensa do Planeta Basket e desta iniciativa de celebrar os 50 anos de minibásquete em Portugal?
Em tempos de restrita exposição mediática da modalidade, creio ser uma estratégia alternativa muito interessante utilizar as novas tecnologias e os novos meios de comunicação com o público-alvo. Neste âmbito é minha opinião que o Planeta Basket tem preenchido na perfeição um espaço de divulgação de conteúdos relacionados com a modalidade, não se circunscrevendo à difusão dos resultados dos jogos e das competições. Tem ido muito para além disso e apresenta regularmente artigos de opinião de autores considerados no seio do basquetebol, que têm, na minha opinião, fomentado positivamente a reflexão e discussão necessárias e que, por vezes, tanta falta fazem à modalidade.

O homem e as instituições são também feitos de história e se acreditamos na importância da vitalidade do Minibasquete para o desenvolvimento do basquetebol, então não podemos deixar de valorizar e comemorar o significado destes 50 anos.

 

Comentários 

 
+1 #2 Jorge Duarte 18-06-2014 13:42
parabéns pela excelente entrevista que dá, na defesa da importância do Minibasquete, para a valorização desta modalidade que tanto gostamos, espero que com a sua enorme experiência, possa colaborar fora da sua Associação para o desenvolvimento do Minibasquete.
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+2 #1 João Ribeiro 06-06-2014 10:22
Não poderia ficar esta entrevista sem o comentário de alguém para nutre pelo Sr DTR da AB Porto uma particular estima e reconhecimento pelo brio com que dirige tecnicamente a sua associação. A grande riqueza desta entrevista é, não só a possibilidade de se reconhecer elevada competência, como despertar a reflexão. Agradeço ao Planeta Basket, pois a cabeça já está a "magicar" ideias para em Leiria podermos envolver mais gente no Minibasquete e elevarmos ainda mais o trabalho do nosso coordenador técnico do CD MB de Leiria. Aquele Abraço Paulo Neta
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