Observar comportamentos
 
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Observar comportamentos

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altObservar jogadores é também seguramente observar comportamentos. Muitos anos de experiência e observação de comportamentos e atitudes de jovens e crianças permitem-me com alguma segurança, prever alguns casos , não apenas de jovens que tem potencial para singrar no basquetebol de mais elevado nível, mas também de jovens que tendo qualidades físicas e motoras acima da média, não tem, na minha opinião nem atitude nem comportamentos, que lhes permitam singrar a um nível superior. Não vou mencionar exemplos concretos. Contudo, quem de mais perto comigo lida, já me ouviu dizer, este jovem pode ter habilidade para jogar, mas não tem perfil para singrar a níveis mais elevados.

Vários foram jovens, que passaram nomeadamente por jamborees, e que anos mais tarde foram chamados a representar as seleções nacionais dos escalões mais jovens, sobre os quais disse a pessoas amigas, que não tinham atitude para singrar e que relativamente cedo desistiriam de tentar jogar a níveis mais elevados. Infelizmente, na maioria dos casos não me enganei.

Conheci a Beatriz Jordão em Dezembro da época 2010/11, num Memorial Mário Lemos organizado em Braga, Por ter nessa altura muito pouco tempo de basquete, ainda nem sequer sabia fazer o lançamento na passada, pelo que não foi certamente a sua capacidade técnica de execução, que me chamou a atenção. Era alta, mas já me tinham passado por outros eventos jovens altos e com disponibilidade motora. O que me chamou a atenção na Beatriz foi a sua alegria, capacidade de aprendizagem, interação com os outros jovens, que não conhecia de lado nenhum e a resposta rápida a situações novas.

Não são certamente apenas estes os factores comportamentais decisivos para o sucesso. Para além dos comportamentos que identifiquei na Beatriz, importa destacar  outros tantos, determinantes no caminho para o sucesso como: gostar do jogo de basquetebol, capacidade de trabalho e capacidade de lidar com o cansaço físico do treino, não ter medo de tomar decisões ou lidar com a pressão da competição, lidar bem com a frustração, ser capaz de liderar e cooperar, valorizar o investimento individual e a capacidade de superação.

Em resumo, para além da sua altura e disponibilidade motora, foram aspetos comportamentais, que mais me chamaram a atenção sobre a Beatriz. Note-se, que esta observação não foi feita apenas nas situações de treino ou jogo de basquete. A impressão altamente positiva que a Beatriz me deixou, foi também fruto de brincadeiras, promovidas no evento, fora da do ambiente de treino e jogo, que dão para observar muitas facetas da personalidade dos jovens.

No final dessa época tive o privilégio de poder participar em Collel na forma como a Federação Espanhola observa os praticantes de minibásquete mais habilidosos. A grande lição que tirei dessa minha experiência foi verificar a importância que é dada à observação de comportamentos e atitudes dos jovens praticantes do país vizinho. No regresso de Espanha apresentei a convite de várias Associações um resumo do que tinha vivido em Collel. Foi nessa altura, que disse a várias pessoas que pelos padrões do perfil de praticantes que os espanhóis procuravam, e não certamente por aquilo que ela jogava nessa altura, a Beatriz era a única praticante de minibásquete nascida em Portugal, que tinha de caras, lugar em Collel. Disse, que se Portugal não fosse independente de Espanha e a nossa Federação fosse uma das federações autonómicas espanholas, da nossa geração de minis masculinos e femininos nascidos em 1999 a Beatriz era a única praticante a ter indubitavelmente lugar em Collel. Creio que foi esta minha opinião que levou o amigo e companheiro João Ribeiro a escrever o artigo seu artigo “San Payo tinha razão”.

 

Comentários 

 
+2 #2 San Payo 24-06-2014 11:44
Caro Humberto

É sempre com muita atenção que leio os teus comentários. Não há dúvida que temos e aprender com todos. Eu aprendo muito com os jovens. Não conhecia a frase da Leonor, mas como a percebo e entendo. Conheci a Leonor num dos muitos jamborees, onde pude observar como tratava a bola com enorme destreza e habilidade, como se esta fosse a extensão dos seus movimentos e corpo.

Um abraço para ti e um beijinho para a Leonar.
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+3 #1 Humberto Gomes 24-06-2014 06:37
Meu caro San Payo,
"É impossível alguém aprender, se acha que já sabe", de um pensador anónimo. e "quando lanço, digo sempre adeus à bola", da Leonor Pires, terão sido as mensagens que, nesta última década, mais me impressionaram e me fizeram ir à procura de mais e melhor conhecimento para saber, saber fazer e saber estar nestas "coisas" de ser treinador de basquetebol.
Porque também a função que ocupo há cerca de 15 anos, me tem obrigado a observar, a registar e a encontrar razões explicativas para o insucesso/sucesso do nível de jogo interpretado pelo nossos jovens praticantes- escalões de sub-12 a sub-16 -, leva-me, neste momento, a agradecer-te
e a felicitar-te pela riqueza do conteúdo deste teu artigo.
Depois de Cantanhede, prometo voltar ao assunto, na medida em que "OBSERVAR COMPORTAMENTOS", que entrou no meu portátil na "Terça, 24 Junho 2014 00:00, me vai obrigar a dar o meu contributo face "DECIDIR BEM".
Aquele abraço.
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