Foi uma vitória suada mas justíssima, esta 2ª vitória conseguida ante a Estónia (65-60) e em que a chave do êxito passou pela defesa e pela exibição de Sofia Carolina.
As comandadas de Ricardo Vasconcelos lutaram que se fartaram, merecendo amplamente o 2º êxito da campanha europeia (fase de qualificação do EuroBasket Feminino 2015), que terminou na noite de ontem. Com este triunfo Portugal terminou no 3º lugar do Grupo C, com duas vitórias em 6 jogos, relegando a Estónia para o último lugar.
A partida não começou muito bem para as nossas cores. No 1º quarto (18-19), Portugal andou sempre a correr atrás do prejuízo. O tiro exterior das forasteiras estava com a pontaria afinada (4/7 ou seja 57%), com realce para a capitã Merike Anderson (2/3), enquanto as nossas representantes valiam-se da noite-sim de Sofia Carolina que carregou com a equipa, no ataque, ao marcar 10 (5 em 8 nos duplos) dos 18 pontos de Portugal. A Estónia chegou à maior vantagem (8-16), no minuto 7, com o 1º triplo de Pirgit Püü a cair, depois de termos igualado (8-8) no minuto 4, num contra-ataque concluído por Lavínia Silva. A partir daí foi preciso muita determinação para ir reduzindo a desvantagem, gradualmente, até aos 18-18 (a 15,9 segundos da buzina), através de Sofia Carolina. Mas Püü, da linha de lance livre, fixava os 18-19.
No 2º período (8-12), Portugal baixava a eficácia nos lançamentos de campo, muito por culpa do desacerto nos tiros de 3 pontos (0/7) ao intervalo. Mas mesmo assim o seleccionado luso conseguia equilibrar as operações e chegou mesmo a passar para a frente, mais do que uma vez (22-19, 24-23 e 26-25, esta última no minuto 18). A Estónia já não conseguia fazer a selecção de lançamentos que fizera no quarto inicial, mas aproveitando algumas falhas das nossas representantes impuseram um parcial de 0-6 que recolocou a equipa forasteira de novo no comando, ao intervalo (26-31). Isto apesar de o treinador luso ter parado o cronómetro no minuto 19 (aos 26-29).
No 3º quarto (24-17) Portugal finalmente acertou o tiro exterior. De 0/7 na 1ª parte, passou para 3/11 ao cabo de 30 minutos jogados, ou seja 3/4 nos triplos neste parcial. E pasme-se quem deu o mote foi uma não especialista na matéria, precisamente a poste Sofia Carolina, logo no 1º ataque após o descanso (29-31 no minuto 21), com Luiana Livulo a empatar (31-31), à entrada do minuto 22. A 3ª falta de Carla Nascimento (ainda no minuto 22) trouxe alguma preocupação nas hostes portuguesas e logo de seguida Püü acertava a sua 2ª bomba para a poste Kast (2,01m) ampliar para 31-36, de novo 5 pontos, no minuto 24. Mas Portugal acreditava que era possível dar a volta e não baixava os braços. Daniela Domingues convertia o seu 1º triplo (34-36) enquanto a Estónia não desarmava e mantinha-se na liderança. Duas jogadas de 2+1, da autoria da capitã Anderson (34-39 e 38-42), não permitiam que as lusas encostassem o resultado. Até que Daniela Domingues acerta a sua 2ª bomba da noite (45-46), no minuto 28 e segundos decorridos foi Carla Nascimento que da linha de lance livre igualava (46-46). As pupilas de Ricardo Vasconcelos ainda voltavam de novo ao comando, através de 2 lances livres de Mª João Correia (48-48), já no minuto 30 e de um cesto de Luiana Livulo a 17 segundos da buzina (50-48). Portugal continuava a cometer menos erros (7-14 turnovers) e mantinha-se em grande na tabela ofensiva (14-8 ressaltos).
No último período (6-8) imperaram os nervos, apesar de Portugal ter ampliado para 52-48, por intermédio de Daniela Domingues, à entrada do minuto 32. E mesmo com a saída de Merike Anderson, ainda no minuto 32, ao fazer a 4ª e a 5ª faltas com um intervalo de 8 segundos, não deu a vantagem teórica que se previa, em função da influência da capitã forasteira na manobra da sua equipa. A Estónia acreditou mesmo assim e empatou no minuto 37, através de Pokk (52-52). Carla Nascimento fazia o seu único triplo (55-52) e seria Sofia Carolina a empatar de novo (56-56) a escassos 11,2 segundos da buzina. Mas o jogo ia para prolongamento.
No tempo extra (9-4) Portugal acreditou que era possível chegar à vitória e foi a madeirense Mª João Correia a dar o mote, numa entrada em que é especialista (58-56), logo no minuto 41. Carla Nascimento da linha de lance livre não tremeu (60-56) e logo de seguida Sofia Carolina, após um roubo de bola, eleva para 62-56, num lance de contra-ataque de 1x0, ainda no minuto 42. Jaanus Levkoi, treinador da Estónia, de imediato pára o cronómetro e Bratka ainda reduz para 62-58 (minuto 43) e Piibur para 64-60 (a 38,7 segundos do termo), em lance de contra-ataque, beneficiando de uma má recuperação defensiva das portuguesas. Mas foi de lance livre que Carla Nascimento selou o resultado (65-60) a escassos 5,6 segundos da buzina. Estava consumada a vitória das nossas cores. Um prémio merecido para o grupo de trabalho como o treinador Ricardo Vasconcelos salientou nas breves palavras antes do grito tradicional, no final do jogo.
Resultado: Portugal 65-60 Estónia
Ricardo Vasconcelos era um homem feliz no final do encontro, como seria expectável. «Conseguimos hoje uma vitória justa mas difícil. Não conseguimos controlar sempre as emoções e a ansiedade mas fizemos um grande jogo do ponto de vista defensivo, obrigando a Estónia a fazer 21 turnovers e limitando-a a 8 ressaltos ofensivos. Por outro lado a eficácia dos 3 pontos foi abaixo do nosso normal (devido à ansiedade já referida), mas foi compensada com 23 ressaltos ofensivos. Penso que esta equipa jovem fez uma boa campanha de qualificação, com base em 3 jogadoras experientes e muito sólidas: Carla Nascimento, Ana Oliveira e Sofia Carolina Silva. Este balanço entre experiência e juventude faz-nos acreditar que num futuro próximo podemos sonhar mais alto.».
Destaque na selecção portuguesa para a fantástica prestação da poste Sofia Carolina, MVP da partida (46,5 de valorização), que encheu o campo. Defendeu como uma leoa e atacou que nem uma gazela, felina e decidida. Foi não só a melhor anotadora mas também a melhor ressaltadora do encontro, terminando com um duplo-duplo (25 pontos, 10/14 nos lançamentos de campo repartidos por 9/13 nos duplos e 1/1 nos triplos, 16 ressaltos sendo 7 ofensivos, duas assistências, 4 roubos, 1 desarme de lançamento e 8 faltas provocadas com 4/7 nos lances livres. Foi muito bem acompanhada por Daniela Domingues (17,5 de valorização) que somou 10 pontos, 4/7 nos lançamentos de campo repartidos por 2/3 nos duplos e 2/4 nos triplos, 7 ressaltos sendo 4 ofensivos, 1 roubo e 4 faltas provocadas e ainda pela capitã Carla Nascimento (7 pontos, 1/3 nos triplos, 4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 4 assistências, 3 roubos e 4 faltas provocadas com 4/6 nos lances livres). Bons contributos de Laura Ferreira (3 ressaltos ofensivos, uma assistência, 1 roubo e uma falta provocada, Ana Oliveira (4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências e 1 roubo) e Luiana Livulo (12 pontos, 2 ressaltos ofensivos, uma assistência e uma falta provocada).
Na equipa da Estónia a mais valiosa foi a capitã Merike Anderson (20,5 de valorização) que somou 16 pontos, 6/9 nos lançamentos de campo repartidos por 4/5 nos duplos e 2/4 nos triplos, 2 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências e 9 faltas provocadas com 2/2 nos lances livres), ainda que penalizada na sua valorização por ter sido excluída (5 faltas), bem secundada pela poste Maaja Bratka (10 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência, 1 roubo, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas com 4/4 nos lances livres). Alguns bons apontamentos de Pirgit Püü (9 pontos, 2/4 nos triplos, 4 ressaltos defensivos, duas assistências e 4 faltas provocadas com 1/2 nos lances livres), Kerttu Jallai (4 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência e 2 roubos) e Mailis Pokk (4 pontos, 6 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência, 1 roubo e 1 desarme de lançamento).
Em termos globais, a vitória de Portugal assentou basicamente no ganho das tabelas (47-42 ressaltos), particularmente da tabela ofensiva (23-8 ressaltos), no maior colectivismo (13-9 assistências), no menor número de erros (12-21 turnovers) e ainda por ter roubado mais bolas (11-5). Conseguindo maior número de posses de bola, Portugal teve mais 20 lançamentos de campo (76-56) do que o adversário, mas falhou muito mais que a Estónia. As nossas representantes marcaram 16 pontos a partir de turnovers das adversárias, contra apenas 4 e conseguiram 15 pontos em segundos lançamentos, consequência dos ressaltos ofensivos, contra apenas 2 da Estónia. Nos restantes indicadores as coisas estiveram equilibradas: pontos na área pintada (26-26), pontos em contra-ataque (8-6) e pontos vindos do banco (21-22).
Por seu turno a Estónia foi mais eficaz nos lançamentos de campo (32%-41%), quer nos duplos (36%-43%) quer nos triplos (19%-36%), conseguiu mais desarmes de lançamento (1-5) e provocou mais faltas (18-23), com melhor aproveitamento da linha de lance livre (68%-90%) ao falhar apenas uma de 10 tentativas contra 6 em 19 tentados por banda das portuguesas.
Ficha de jogo
Pavilhão Desportivo dos Lombos, em Carcavelos
Portugal (65) – Carla Nascimento (7), Daniela Domingues (10), Ana Oliveira, Lavínia Silva (2) e Sofia Carolina (25); Luiana Livulo (12), Mª João Correia (4), Laura Ferreira (1), Inês Faustino (4) e Jessica Almeida
Estónia (60) – Oksana Miil (7), Merike Anderson (16), Pirgit Püü (9), Mesila-Kaarmann e Valeria Kast (6); Maaja Bratka (10), Mailis Pokk (4), Kerttu Jallai (4), Birgit Piibur (4) e Jane Svilberg
Por períodos: 18-19, 8-12, 24-17, 6-8; 9-4
Árbitros: Milivoje Jovcic (Sérvia), Simon Unsworth (Inglaterra) e Antonio Zamora (Andorra)
No outro jogo do Grupo C, a Itália ao vencer Letónia por 83-68, quebrou a invencibilidade adversária, consolidando assim a 2ª posição na tabela classificativa.
Classificação final (Grupo C)
1º Letónia 5V - 1D - 427-374 - 11 p.
2º Itália 4V - 2D - 377-347 - 10 p.
3º Portugal 2V - 4 D - 347-377 - 8 p.
4º Estónia 1V - 5D - 346 -399 - 7 p.
Letónia e Itália apuraram-se para a fase final do EuroBasket Feminino 2015, a realizar de 11 a 23 de Junho do próximo ano, na Hungria e Roménia.