Jogos desnivelados: Causa de abandono?
 
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Jogos desnivelados: Causa de abandono?

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causa de abandono?Aos poucos e através das experiências sobre as quais gosto de reflectir tenho vindo a dar respostas com exemplos práticos às questões levantadas no meu primeiro artigo

desta série sobre resultados desequilibrados. A resposta à pergunta, quando é que me importo que haja resultados desequilibrados? É relativamente fácil responder, quando o jogo deixa de ser jogo e ninguém aprende praticamente nada.

Se há jogo, transição ofensiva e defensiva, ambas as equipas conseguem jogar ou seja conseguem por em prática os fundamentos principais do jogo, progredir em drible ou passe, passar, lançar ocupar espaços, ressaltar e defender não fico preocupado, mesmo que o resultado seja desequilibrado. Posso não gostar, mas não fico preocupado. Não é por uma equipa, por um conjunto de variadas circunstâncias, ter maior percentagem nos lançamentos, porque é mais evoluída, ganhar mais ressaltos, porque são mais velhos ou mais altos, e fruto destes e doutros factores o resultado se torna desequilibrado, que a equipa mais fraca não está a aprender. Ela deixa de aprender, quando o jogo deixa de ser jogo, essas sim são as situações que me preocupam, de resto apenas há um caminho, é compreender e admitir que a outra equipa é mais forte e trabalhar mais e melhor para encurtar as diferenças.

As grandes diferenças pontuais são muitas vezes evocadas pelos adultos como um motivo de abandono da modalidade por parte dos jovens, deixem-me olhar para essa afirmação com algumas reservas, pois não me parece que isso seja assim tão determinante, pelo que, para a semana que vem irei falar sobre mais um exemplo, de muitos exemplos que poderia contar da minha experiência.

Devemos educar os praticantes da modalidade para o sucesso, é bom que eles sintam o êxito do seu esforço e empenho. Ficam os praticantes e os pais felizes, mas criarmos situações em que eles apenas tenham sucesso é estarmos a enganá-los. A vida é feita de sucessos e insucessos, de alegrias e tristezas e saber lidar com a frustração de uma derrota, mesmo que esta seja pesada é um ato de inteligência, que lhe vai servir de muito para a vida. Não devem os pais passar, as suas dores, pois são as suas dores, por verem os seus filhos a perder por muitos, para as crianças e jovens. Não devem os pais potenciar o eventual desânimo dos filhos com expressões, como assim não vale a pena, tens de mudar de modalidade, vamos mudar de clube, etc…

Pessoalmente, nunca senti que jogos desnivelados levassem ao abandono dos jovens e crianças a que ensinei e ensino a modalidade. No fim de jogos desnivelados esforço-me por olhar para o que cada um dos meus atletas fez bem durante o jogo, o cesto que marcou, o roubo de bola que conseguiu a finta que fez, o passe que possibilitou um cesto, a progressão que conseguiu "costa a costa", o empenho que teve, a atenção que deu às indicações que lhe dei. Desta forma e ao transmitir-lhes a minha satisfação pelo que conseguiram, centro a atenção deles em coisas positivas e desvio-os do sentimento, resultante do facto de terem perdido por grande diferença. Muito mais rapidamente do que eu, passados poucos minutos sei pela minha longa experiência, que eles já esqueceram a derrota.

Estamos em época natalícia a melhor prenda que podemos dar aos nossos filhos é ensiná-los a lidar como os problemas da vida e a crescerem aos poucos e gradualmente, com vista à sua autonomia, para viverem as suas vidas, e não as vidas dos pais. Na esperança que todos tenham mais sucessos que insucessos, mais alegrias, que tristezas, nunca conseguiremos, que vida não tenha estas as duas faces. Bom Natal a todos são os meus sinceros votos.

 

Comentários 

 
0 #1 João Fraga 14-01-2016 09:54
Plenamente de acordo com a essência do artigo. Sobretudo nos dias de hoje em que a generalidade dos pais opta por "super" proteger os seus filhos de toda e qualquer adversidade da vida, cabe ao desporto e a nós treinadores ensinar os miúdos a saber lidar com a frustração ou tristeza da derrota... tal como a lidarem bem com a vitória, nunca gozando nem humilhando quem perde!
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