O juiz  é o indivíduo responsável por fazer cumprir as regras, o regulamento e o espírito do jogo ou desporto ao qual estão submetidos, e intervir sempre que necessário, no caso quando uma regra é violada ou algo incomum ocorre.

Existem claramente muitas diferenças entre Itália e Portugal quando se fala de basquetebol. Durante esta época desportiva, vivida em terras italianas, irei tentar relatar estas diferenças, acima de tudo, com o intuito de mostrar o que se passa neste país.

Num país onde a principal liga tem orçamentos acima de 1 milhão de euros, onde nas últimas divisões enchem os pavilhões. A estrutura que gere o basquetebol é altamente profissional, relativamente aos seus hábitos e à maneira como aborda a modalidade.

Todas as semanas começo a escrever o artigo e todas as semanal algo acontece que me surpreende e faz-me mudar o tema do mesmo, esta semana voltou a acontecer.

O árbitro é uma figura fundamental do jogo, e tem uma papel muito difícil, pois está sujeito ao escrutínio dos jogadores, treinadores, directores, público, comunicação social. Não é uma papel fácil pois o seu erro é aumentado mil vezes em relação ao erro de um treinador ou jogador.

Embora o árbitro tenha uma tarefa difícil, a verdade é que o mesmo uma presença constante na carreira de um atleta mais facilmente torna-se apenas mais um agente interveniente do jogo. Desde idade jovem, neste caso sub13, o atleta tem que começar a perceber quem é o árbitro, que intervenção tem, que interferência e, acima de tudo, como deve ser abordado.

Em Itália (salve a excepção e a excepção é muito rara) em todos os jogos de sub13 existem 2 árbitros oficiais presentes, estes tem um papel fundamental no desenvolvimento do jovem atleta que passa de um escalão onde a “competição” e a abordagem à mesma é muito menos para um escalão onde se começa a encarar o jogo de forma diferente. Em três anos a trabalhar em Portugal, numa das maiores associações de basquetebol do país (Lisboa) não me recordo um único jogo de sub13 que tivesse árbitros oficiais, não estou a dizer que não tivesse acontecido mas claramente a presença dos mesmos foi a excepção à regra de quase nunca haver. Penso que é um erro enorme para a modalidade, para o desenvolvimento do jovem atleta e para a sua formação enquanto pessoa.

O segundo aspecto que me surpreendeu esta semana relativamente à arbitragem, foi o facto de termos durante a semana um árbitro presente nos treinos a arbitrar todos os conteúdos que fossem de 5x5, este mesmo árbitro usa o treino de uma equipa sénior para também ele treinar. Esta prática é muito comum em Itália, o árbitro pedir aos clubes para durante o treino ajuizar parte dele. Como treinador, considero um privilégio e uma grande mais valia para os meus atletas que podem treinar mais perto da realidade do que é a competição.

Em três anos no Belenenses, nunca tive nenhuma abordagem de um árbitro, para usar os treinos como o seu treino, desconheço em 3 anos, entre os outros clubes, e os meus atletas que isso alguma vez tenha acontecido, esperando eu que pelo país existam casos destes pois a modalidade só tem a ganhar e muito.

Pessoalmente sempre fui mais de “reclamar” com o árbitro do que estar calado, sendo algo que considero negativo, e que tenho trabalhado para melhorar ano após ano, no entanto deparei-me também com árbitros que rejeitavam que eu lhes enviasse os jogos para eles próprios poderem melhor, argumentando que não têm que ver o mesmo.

A culpa não é de ninguém, a culpa é de todos, pois existe, a meu ver, uma grande separação entre a figura do árbitro e o resto da modalidade em Portugal.

É uma figura fundamental e tendo expresso várias vezes a opinião que, especialmente nos escalões de formação, mais vale 1 que nenhum.

Nuno Tavares
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