Estou, com todo o gosto, envolvido na iniciativa do Planetabasket “ABL 90 anos 90 factos” e dei por mim a pensar, que sempre que possível esta forma de colaborar na comemoração dos 90 anos
de existência da Associação de Basquetebol de Lisboa, deveria associar os factos, às pessoas neles envolvidos. Como costumo dizer, o mais importante da vida são as pessoas. Contudo nesta forma de comemoração pode acontecer falarmos sobre 90 factos e no meio de tudo isto nunca mencionarmos pessoas, que viveram o basquetebol intensamente, prejudicando muitas das vezes as suas vidas, e que de uma forma ou de outra merecem ser referidas nesta iniciativa, como por exemplo o saudoso Aurélio Cruz.
No meio destas deambulações veio-me à cabeça outro universo de pessoas, que de uma forma indirecta também acabam por ter uma forte ligação à modalidade: os funcionários dos pavilhões. Todas as pessoas ligadas ao basquetebol lisboeta, com idade superior à minha, as da minha geração e muitas mais novas, lembram-se certamente do Sr Barata que tomava conta do Pav. da Ajuda, espaço que foi no final da década de 60 e princípios da década de 70, uma verdadeira “catedral” do basquetebol lisboeta. Nos tempos mortos, poucos eram os que o conseguiam vencer em disputas da linha do lance livre. O Barata, não tinha um lançamento muito “ortodoxo”, mas executava os lances livres sempre da mesma maneira e com enorme eficácia.
Na minha vida conheci muitos funcionários de pavilhões e digo-vos, que ter um bom funcionário num pavilhão dá uma tranquilidade ao trabalho dos treinadores e organizadores de eventos incomensurável, contudo estes são normalmente esquecidos. Vários foram os funcionários, que marcaram e continuam a marcar a minha vida como treinador e como responsável pela organização de eventos de basquetebol. Vários foram os que fiquei a admirar, contudo um dos que mais me marcou foi o senhor Manuel, funcionário responsável pelo pavilhão municipal de Mangualde. Enquanto director técnico do minibásquete realizei, por ser a terra natal do Prof. Mário Lemos, vários eventos nesta cidade. Era para mim um sossego e uma tranquilidade organizar eventos, neste pavilhão. O senhor Manuel, que foi posteriormente também muito bem rendido pelo senhor João, era educado, mas extremamente exigente. Tinha uma capacidade de antecipar, as necessidades dum evento, muito acima da média. Organizar eventos em Mangualde era para mim ter o pavilhão sempre pronto, arranjado e limpo como um brinco e sinónimo de descanso. Não sei se o senhor Manuel e o senhor João vão ler este artigo, mas com ele eu quero homenagear não apenas ambos, mas todos os bons funcionários de pavilhão que conheço e conheci. Para eles o meu muito obrigado.
