Uma das minhas frases mais repetidas é: Na formação desportiva o problema nunca são as crianças e os jovens, são os adultos. Também já não é a primeira vez que o refiro, nos cursos de treinadores,

para quem ensina, transmitir conhecimentos é relativamente fácil, ensinar a executar já é um pouco mais difícil, mas difícil, mesmo difícil é ensinar comportamentos. Inúmeras são as vezes, que após observar os seus comportamentos, tenho vontade de passar por jovens treinadores, e alguns foram meus alunos, e perguntar-lhes: Foi isso que te ensinaram no curso?

Ao verificar que um treinador durante um jogo está essencialmente centrado na arbitragem, se descontrola com alguma facilidade, ou que utiliza processos pouco éticos, não é difícil perceber que na maioria dos casos a diferença entre o que lhes é transmitido nos cursos e o que depois é praticado resulta dum enfoque excessivo nos resultados imediatos, muito mais do que nas aprendizagens dos seus jogadores e da sua equipa.

Sobre este tema, num artigo publicado no Jornal o Jogo de 16 de Dezembro “Comportamento a lacuna na formação dos treinadores” Jorge Araújo refere: "Apesar da área comportamental ter vindo nos últimos anos a ser cada vez mais estudada e aprofundada, são ainda nos dias de hoje muito significativas as dificuldades da generalidade dos treinadores na abordagem deste assunto."

A ênfase constante nos resultados, sem uma compreensão efetiva de quais os comportamentos que lhes dão origem, não tem de facto ajudado aos avanços necessários em tudo o que respeita à área comportamental.

Contudo se a ausência desta compreensão nos treinadores mais jovens é grave, mais grave se torna quando esses comportamentos são assumidos pelos seus tutores ou treinadores de referência, bem mais experientes.

Mudar o que todos os dias oiço, queixas sobre comportamentos inadequados de adultos, nomeadamente nos jogos de formação, não é fácil. No curto artigo de hoje, termino com uma frase do Maurício Mondoni, que no mínimo nos deveria fazer reflectir "o mundo muda com o seu exemplo, não com a sua opinião". Muitos são os que opinam, mas quantos dão o exemplo?