Um clube tem nos atletas o seu principal bem, mas para que esse bem seja correctamente desenvolvido, é necessário que exista uma correcta formação por parte dos treinadores que os acompanham.
Tive o privilégio de ter trabalhado em 4 países diferentes, Portugal/Espanha/Estados Unidos/Itália, e em quase todos dentro da formação.
Uma das factos que, com a excepção de Portugal na sua maioria, notei nos outros três países a as idades dos treinadores de formação, sendo que esta está naturalmente ligada com os anos de experiência e maturidade de cada um deles.
Como tudo na vida, existem excepções que confirmam a regra, alguém que realize um trabalho numa idade jovem que significa pouca experiência, não irá compensar a sua motivação e entrega com a qualidade que coloca no seu trabalho, e no basquetebol português este factor está muito latente nos escalões de formação.
A formação dos nossos clubes tem nos seus treinadores a média de idades mais jovem que vi nos países todos que trabalhei, sendo que por vezes temos o caso de muitos treinadores a treinar o escalão de sub14 com apenas 6 ou 7 anos mais que os seus atletas.
Por mais conhecimento que tenha, falta uma capacidade de uma experiência não só em termos do jogo mas acima de tudo em termos de lidar com atletas tão novos, sendo que estamos a falar de escalões onde é fundamental criar bases em termos técnicos, tácticos, físicos, mentais e de criar boas práticas de treino.
Outro dos factores inerentes à baixa média de idades dos treinadores da formação, está o facto dos clubes pagarem um valor tão baixo que só jovens é que estariam dispostos a aceitar, visto que por vezes os melhores treinadores de formação tem um capital de experiência e capacidade de trabalho que não aceitam um valor que não os valorize.
Durante os últimos dois anos que trabalhei em Itália, onde vi centenas de jogos de formação, trabalhei com sub13, não vi uma equipa de formação treinada por um treinador com menos de 30 anos e muitos treinadores ultrapassavam os 40 anos, sendo que os clubes apostam muito em treinadores com um capital de experiência grande para treinar os sub13/14.
O desenvolvimento dos atletas de formação em Portugal é fundamental para o incremento da modalidade em termos de numero e de qualidade, sendo que os treinadores jovens também são importantes para esse desenvolvimento, mas não podemos continuar a dar os escalões de base, cruciais para a cultura da modalidade, a treinadores que muitas vezes ainda são jogadores ou que tem pouca experiência em lidar com grupos.
O graus de treinador deviam obrigar aos estagiários em ter 1 época como treinador adjuntos de um treinador com um numero de anos de prática, de modo a que este treinador estagiário possa perceber, numa posição que não é ainda de decisão, os erros que normalmente se competem. Este passo será importante para o desenvolvimento dos jovens treinadores portugueses, sendo que um jovem treinador não tem obrigatoriamente ser jovem de idade mas sim jovem de anos de prática.
A criação de um curso exclusivo para o minibasket ajudaria também a que os jovens treinadores não fossem colocados em escalões de minibasket, onde aí é fundamental uma capacidade especial de conhecimento e prática, devido às idades em questão.
O aspecto financeiro, neste caso com valores muito baixos para um cargo com grandes responsabilidades na formação de um jovem, não pode ser usado ao ponto de colocar os treinadores reféns relativamente à sua escolha e à dos clubes.
Nuno Tavares
+351 968 341 414
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M&M
Comentários
Felicidades para a tua carreira.