Tenho um sonho, de um dia entrar num pavilhão para ver uma competição de minibásquete e ver crianças a dar o seu melhor para vencer, sem gritaria e insultos e ofensas da assistência. Tenho um sonho, que os pais compreendam que não são treinadores e muito menos árbitros,
e que o minibásquete não é uma competição profissional, mas um espaço privilegiados de aprendizagem para todos.
Tenho um sonho, que de uma vez por todas, todos os adultos presentes, (pais, treinadores e dirigentes) nos jogos de minibásquete compreendam, que nestas idades a competição é um meio de aprendizagem e não a finalidade em si.
Foi com este pensamento que quando o amigo Armindo Calção me desafiou a conceber a Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira, tive a preocupação que esta festa não terminasse nas finais, mas terminasse com um grande convívio entre os pais e as crianças e com jogos em que as crianças, que no dia anterior tinham sido adversários jogavam na mesma equipa nos jogos All-Star.
Logo nessa ocasião me perguntaram: “Mas oh San Payo tu acreditas mesmo que vais mudar o mundo?” A minha resposta a esta interrogação surge sempre pronta: “Claro que, que não sou inocente a esse ponto.” E conto logo a seguir a seguinte metáfora, que não é da minha autoria: “Havia um incêndio na floresta, e um passarinho passa pelo lago e pega numa gota de água para ajudar a apagar o incêndio e o elefante, que com a sua tromba consegue jorrar litros de água para apagar o incêndio começa a rir-se na cara do passarinho e pergunta, o que é que tu estás a fazer, ao qual o passarinho responde vocês elefantes são poucos, nós passarinhos somos milhões, se cada um fizer a sua parte, certamente mais rapidamente apagaremos o fogo.” Eu não me sou mais que passarinho mas sinto que faço a minha parte, e se cada um de nós fizer a sua parte teremos seguramente eventos mais adequados para as crianças.
Outra pergunta frequente: “Mas oh San Payo não percebes, que desporto é emoção?” Claro que percebo, mas uma coisa é entusiasmo, apoio às crianças e outra coisa é fanatismo e má educação, ameaças físicas e instigação à violência.
Ao longo das diversa edições da Festa do Minibásqiete, tudo em Paços de Ferreira tem vindo a melhorar, excepto o comportamento de alguns, felizmente poucos pais, pelo que o meu sonho é uma utopia, mas enquanto o meu sonho conseguir alterar o comportamento de um pai que seja, como foi o caso do pai de uma criança de Leiria, que depois de falar comigo, passou a ter um comportamento diferente, foi tirar o curso de árbitro e tanto quanto me foi dito, já foi convidado a ser presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Basquetebol de Leiria, vale a pena sonhar.
Termino este artigo inspirado em Martin Luther King com mais uma das suas célebres frases: “O que me preocupa não é a gritaria dos maus, é o silêncio dos bons”. Esta é a razão pela qual não consigo ficar calado.
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