Depois de ter deixado a Federação, onde durante dezasseis anos fui o responsável nacional do minibásquete, coordenei durante cinco anos o minibásquete no Clube Futebol “Os Belenenses”. Esta minha longa experiência ligada,
no universo do basquetebol ao minibásquete, permite-me comparar realidades diferentes.
Na Associação de Basquetebol de Lisboa, que actualmente tem o maior número de praticantes a nível nacional, não há campeonatos de minibásquete, nem um único jogo deste escalão com árbitros oficiais. Não é por isso que o minibásquete, antes pelo contrário, não tem crescido em Lisboa.
Bem sei que a Associação de Basquetebol de Lisboa, criou um escalão não oficial de Sub-13, onde jogam muitos Minis-12 que já praticam a modalidade há vários anos. Contudo nem este Torneio, que já é jogado em campo oficial no modelo de 5 x 5, tem arbitragens oficiais e não é por isso que esta prova se deixa de realizar.
Relativamente aos convívios de minibásquete calendarizados pela Associação de Basquetebol de Lisboa e organizados pelos clubes o que é solicitado aos clubes, e passo a transcrever uma informação dada pelo director técnico de Lisboa prof José Tavares, é o seguinte:
“Recordamos que a organização e o bom funcionamento é da responsabilidade de todos. Os clubes deverão fazer-se acompanhar de adultos que colaborem nos aspectos organizativos dos Convívios. Para além do treinador deverão ter um elemento que acompanhe os praticantes quando estes não estão a jogar e outro para ajudar na orientação do jogo (árbitro).
A ABL deseja que através dos Convívios e das sessões de aprendizagem os aprendizes se desenvolvam ao nível dos seguintes domínios:
- físico, intelectual, emocional e social;
- personalidade e o carácter;
- noção de responsabilidade;
- espírito de solidariedade e de cooperação;
- sentido de autonomia;
- formação cívica;
- atitude ética e a ética desportiva;
- saúde.
Sempre usufruindo da grande dimensão lúdica que a prática do basquetebol proporciona.
CONTAMOS COM TODOS PARA ALCANÇAR ESTES OBJETIVOS"
Aqui na Madeira a realidade é completamente diferente. Existem campeonatos regionais de Minis-8, Minis-10 e Minis-12 masculinos e femininos e de um modo geral, não digo de todos, mas de muita gente, há em detrimento dos valores formativos enunciados pelo amigo José Tavares, uma excessiva preocupação sobre, se há ou não árbitros oficiais para dirigir o jogo.
Creio que há a percepção, que os problemas do minibásquete ficariam resolvidos se existissem árbitros em todos os jogos. Não sou contra a possibilidade de haver árbitros nos jogos de minis, contudo considero profundamente redutora esta visão e tenho sérias dúvidas que alguns excessos de “campeonite”, a que tenho assistido desapareçam pelo simples facto de haver árbitros. Aqui na Madeira a falta de árbitros não é tão gritante como em Lisboa. O problema quer em Lisboa, quer na Madeira, não é apenas da Associação é de todos e apenas com todos conseguiremos resolver esta situação. Não é certamente, por ser época natalícia, que vamos pensar, que os árbitros caiem do céu, ou vem dentro do saco do Pai Natal.