“A única coisa que importa é colocar em prática, com sinceridade e seriedade aquilo em que se acredita.”
Dalai Lama
Continuo a acreditar, que o processo de formação desportiva terá sempre maior valor, enquanto for encarado como um processo educativo. Desta forma não poderei nunca ficar indiferente à inacreditável decisão duns juízes de Tribunal da Relação de Lisboa. A propósito de um julgamento por ofensas verbais profundamente ofensivas e insultuosas, que por uma questão de educação, nem as quero replicar, consideraram os juízes que “tais expressões feitas no mundo do futebol não se pode considerar que tenham atingido um patamar de obscenidade e grosseria de linguagem” e que “um comportamento revelador de falta de educação e de baixeza moral e contra as regras da ética desportiva é de alguma forma tolerada nos bastidores da cena futebolística.”
Num tempo em que cada vez mais existem situações preocupantes nos campos desportivos, esta complacência dos juízes assusta-me e conduz-me às seguintes interrogações:
O que é para os senhores juízes “o mundo do futebol”, apenas o futebol profissional de adultos, ou também o futebol da formação onde estão envolvidas crianças de tenra idade?
Poderei dizer às pessoas, nomeadamente às crianças, não se dizem asneiras, mas se fores ao futebol podes dizê-las à vontade?
Terão os juízes a noção, que infelizmente a palavra futebol, neste país dada a sua força social, se confunde com a palavra desporto, e que por um certo mimetismo, esta mesma linguagem passará a ser normal em todas as modalidades e em todos os palcos de prática desportiva?
Será que o futebol com as suas regras próprias se pode tornar num “estado” dentro do estado?
Há vários sinais no país, (nomeadamente na Madeira, onde bem recentemente a AFM assinou um memorando com o Instituto Português do Desporto e Juventude, para a implementação do cartão branco,) reveladores que o futebol está preocupado com a situação que se está a viver.
Será que o acórdão mencionado vai ao encontro das preocupações reveladas pelo futebol?
Talvez, este venha a ser, um dos meus artigos menos lidos. Contudo hei-de ficar sempre incomodado, quando num jogo de minis, sim estou a falar de minibásquete, oiço uma pessoa adulta a insultar um jovem árbitro. Ficar indiferente ao acórdão dos juízes é aceitar que no mundo do desporto o insulto é uma coisa normal. Para mim, e pela educação que os meus pais felizmente me deram, não é nem nunca será algo normal.
Comentários
Tenho dúvidas, neste momento sobre o Real valor do Desporto na valorização humana. Creio que estamos a cometer erros semelhantes ao de povos que tiveram domínio e poder, noutros séculos bem longínquos.