Basquetebol ao ar livre
 
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Basquetebol ao ar livre

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Basquetebol ao ar livreNão obstante os receios de que sejamos invadidos por novas medidas de confinamento, certo é que reina uma subjectiva sensação de liberdade e de recuperação de um modo de vida aparentemente normal. Nessa busca, as atividades ao ar livre parecem fazer sentido,

repescamos as sensações de contacto com a natureza, com um ar que se quer puro, mas que teima contaminar-se com os erros ambientais que saem dos escombros de enclausuramento que se desejaria eterno.

Nesta incerteza porém, certezas se anseiam para que o Basquetebol regresse. Ensaiam-se práticas de ar livre, retomam-se contactos com a bola, revive-se a sensação de driblar para nos aproximarmos do cesto e ouvir a bola entrar sem espinhas. É aqui que me parece poder entrar a utopia desta semana.

Porque não uma criança, uma bola de minibasquete? Porque não um jovem, uma bola de basquetebol? Porque não um Pai e/ou uma Mãe, uma bola de basquetebol? Utopia? Talvez. Mas talvez essa utopia tornasse emergente a ideia de um pátio, uma tabela de basquetebol; ou um parque, um campo de basquetebol.

É na realidade uma utopia na medida em que a mesma poderá deixar de o ser quando se alimentar de uma ideia forte de projecção da modalidade. Uma ideia que seja tão forte quanto o desejo que a modalidade seja a segunda de pavilhão. Mas os pavilhões tardam em abrir portas, o defeso forçado parece empurrar-nos para o ar livre, para a informalidade da prática, para até um certo individualismo imposto pelas regras sanitárias, em que não podemos passar a bola a ninguém, mas ter uma bola. A nossa bola.

E nesta utopia, associações distritais, clubes, federação, meios de comunicação poderiam muito bem elevar o lema de “Uma bola e cesto”. A necessidade de evitar aglomerados de praticantes poderá ser o rastilho para que possam existir mais tabelas de basquetebol e se recuperem verdadeiros jogos de rua que acompanharam a formalidade do jogo dentro de pavilhão, em tempos de bola vividos.
Pude em jovem assistir a um jogo do “GARRAFÃO” que durou 3 dias, entre o João, o Fernando e o Carlos Miguel. A noite e os compromissos escolares impediram que ao fim de 3 horas o jogo não tivesse terminado e que se prolongasse para um segundo dia que também não foi suficiente para terminar essa sequência de voltas para tentar ultrapassar os adversários.

Repetiria o jogo do “BURRO” com o professor Zé, tentando resistir à alternância de tiros matreiros de curta e média distância e cesto passado com passagem da bola pelo meio das pernas.

Bastariam três companheiros e uma bola para uma renhida competição de “ELIMINA” OU “21”. A fina pontaria daria a durabilidade e competitividade suficientes para que não se desistisse enquanto a noite não nos chamasse para regresso a quatro paredes, ou o dono da bola tivesse de regressar a casa.

Neste presente incerto, se juntarmos à bola, um desinfectante em gel, uma tabela e cesto e um espaço seguro e recolhido, teremos o ingrediente necessário para que o Basquetebol possa ser algo contagiante, que a todo o momento se poderá preparar para regressar à beleza de ser um jogo coletivo recheado de iniciativa individual, mágico pela tomada de decisão que nos leva ao rubro.

Se paixão e saudade coloco nesta utopia, responsabilidade e apelo deixo para que não nos esqueçamos da forma como nos apaixonámos pelo jogo, bem como da forma como tivemos este tempo todo de confinamento longe dele, vendo fugir a competição, receando ver fugir novos praticantes que, com “seguro desportivo se fidelizaram” realmente à prática. Porque ser fiel também é sinal de carácter e sem ele pouco importa como se lança ao cesto.

Esta utopia parece ter o entusiasmo suficiente para que se torne realidade, para que as forças gerem outras forças e para que decida, com força e vontade, o quão queremos e teremos de ser criativos se quisermos que a modalidade não caia no esquecimento ou se limite a ser vista e não jogada. Principalmente se quisermos lançar as sementes para que possamos voltar a contagiar mais gente para conhecer e desfrutar da riqueza pedagógica de uma modalidade que acompanhou os tempos e que poderá vir a ser muito mais do que um jogo de equipa. Teremos de continuar a criar Utopias que possam um dia ganhar vida e deixarem de o ser, porque na verdade quem manda conseguiu influenciar quem decide. E daí ao primeiro cesto...

 

 


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