Basquetebol com utopia
 
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Basquetebol com utopia

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Basquetebol com utopiaTrago-vos esta semana à reflexão o facto de ter aumentado este ano, em cerca de 6%, a delinquência juvenil. Associaria ainda um pequeno contributo, sem grande rigor estatístico, e que tende a permitir concluir que todos os jovens punidos judicialmente

por crimes não têm vivências desportivas relevantes no seu histórico. Naturalmente poderíamos apresentar dados mais precisos ou conclusivos sobre este fenómeno social, mas não é esse o propósito deste artigo. Antes pretendemos trazer à reflexão o efeito catastrófico que poderá emergir de um aumento da delinquência juvenil e o papel que o desporto poderá ter na tentativa de inverter uma eventual tendência nesse sentido.

Estará o Desporto Juvenil neste momento atento e preparado para dar resposta a uma eventual sensação de vazio de futuro que se possa instalar na mente de muitos jovens, como resultado dos efeitos colaterais da pandemia Covid 19, ou de um eventual colapso económico que se anteveja poder assombrar o nosso país. Dispõem a tutela e quem toma decisões de uma real perceção do que representa a prática desportiva para a totalidade dos jovens portugueses? Quero acreditar que sim, mesmo não havendo mediatismo nesse sentido.
Poderá ou é o desporto do nosso Portugal ser um aliado de uma ideia de desenvolvimento de competências sociais?

Nós adultos, gostamos de dizer que não há compromissos, dedicação e investimento nos comportamentos dos jovens e que isso hoje dificulta o desenvolvimento desportivo. E nós adultos? Comprometemo-nos com o quê? Dedicamo-nos a quê? E investimos em quê? O que nos mantém a dirigir uma equipa de jovens, num clube fora dos grandes centros, ou num clube com pergaminhos na modalidade? O dinheiro que se ganha? Os títulos? Bom, se assim for talvez o que nos move será trabalharmos ou coordenarmos o trabalho de formação desportiva de crianças e jovens no sentido de virem a ganhar no futuro dinheiro e títulos. E se respondermos que o que nos move é a paixão pela modalidade desportiva em causa? Ou gosto em ensinar e a ideia de construirmos um percurso com progressivas exigências, desafios e valores subjacentes? Traz-nos adultos de forte carácter, disciplinados, seguros, capacidades de tomar boas decisões?

E quando chegamos ao topo, ao final do processo? Com o que nos deparamos? Pela via do dinheiro e dos títulos constatamos que ganhámos muitas coisas, mas agora os atletas têm de procurar outro caminho para que possam ganhar dinheiro. Isto porque o profissionalismo apenas permitiu que poucos lá chegassem e em condições discutíveis. Não há espaço para todos, mas há espaço para muito poucos. Por outro lado, se chegarmos ao topo via paixão e valores, verificamos que, na perspetiva desportiva os candidatos a adultos, racionalmente, são forçados a tomar decisões idênticas (provavelmente com uma personalidade fortalecida por valores) porque é necessário fazer alguma coisa pela vida, o Desporto não nos dás sustento. E se der para o praticarmos, fazemo-lo por paixão.

É possível com esta ideia criar um sentido de carreira, com o retorno financeiro que todos anseiam e que estabilizará a vida pós desportista? Há verdadeiramente uma carreira desportiva, em modalidades como o Voleibol, Basquetebol, Hóquei em Patins e Andebol? Uns dir-me-ão que sim, pois há equipas profissionais no nosso país que integram jogadores portugueses profissionais. Mas que dimensão e coerência tem o número de atletas portugueses nessas circunstâncias, perante os verdadeiros objetivos da tutela dessas mesmas modalidades? Há relação proporcional entre a base da pirâmide e o topo que permita a um jovem sonhar em ser profissional de uma modalidade desportiva como as que referenciei.

Este artigo tem muitas perguntas, às quais gostava de ter uma resposta concreta e que também não ambiciono profetizar verdades absolutas ou únicas. Mas a pergunta que faço e que sustenta a minha preocupação é: a realidade do nosso desporto infanto-juvenil é um meio efectivo de combate à delinquência juvenil? E se utopicamente todos estes cenários não cumpridos, todas as expetativas que se desfazem forem contributos para uma “delinquência adulta”, potenciada por um conjunto de imagens violentas, cruéis e catastróficas que séries e filmes nos tentam passar, mesmo em ficção, mas que partem de contexto possíveis de existir na realidade? E se o Desporto não está a pensar nestas questões que decorrem da sua missão social?

Chega de levantar questões, pois não trago receitas nem lâmpadas mágicas capazes de, com três desejos, solucionarem o eventual problema e sistematizarem respostas. Mas receio que não só o valor de 6% possa rapidamente subir, como possamos caminhar para uma evolução exponencial em que a criminalidade representa a expressão de um vazio e a opção por um caminho, aparentemente mais fácil.

A utopia desta semana será acreditar que as quatro federações que neste momento cooperam para minimizarem os efeitos desta pandemia, tenham igualmente espaço para reflectir em conjunto sobre a real missão que a formação desportiva tem, que valores e princípios norteiam a prática e qual o seu real contributo. Mas não caminharão sozinhas, porque a riqueza da sua prática tem um real valor educativo, que merece uma aproximação ao contexto educativo, como forma de fomentar e captar novos candidatos a desportistas e adultos que não concebam seguir vias menos edificantes e retirem da vivência necessária para que no futuro o desporto seja melhor e o ser humano melhor seja. Ou não é nada disto? Mais uma pergunta.

 

Comentários 

 
+1 #1 San Payo Araújo 26-06-2020 13:22
Caro João

Mais uma vez me, deliciei a ler as tuas pertinentes reflexões.

"Poderá o desporto ser um aliado de uma ideia de desenvolvimento de competências sociais?"

É uma das perguntas que tu formulas à qual eu respondo com um exemplo prático: pode.

Estou a falar do excepcional trabalho que o Carlos Daniel, o amigo "Dinhela" realizou em tempos na Associação Cultural Moinho da Juventude da Cova da Moura.

Neste caso o objectivo do minibásquete era claramente o desenvolvimento de competências sociais e embora fosse esse o objectivo não deixou de dar jovens que mais tarde vieram a jogar noutros clubes em seniores.

Um dia ainda relatarei este exemplo que em tempos acompanhei de relativamente perto.

Um abraço
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