A solução de Dean Smith
 
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A solução de Dean Smith

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A solução de Dean SmithOs grandes treinadores de basquetebol muitas vezes ou quase sempre caracterizaram-se por aliar dois aspetos na sua ação pedagógica: terem uma filosofia (de jogo, de treino e mesmo de vida) e um conjunto coerente de práticas que conduzem ao sucesso no jogo

e que respondam com eficácia aos problemas que o mesmo jogo vai colocando às equipas e aos jogadores ao longo das épocas desportivas. Por outro lado não posso deixar de referir que só considero um grande treinador como tal se a sua perspetiva ético-moral for correta. Reconheço que um treinador pode ter imenso sucesso em termos de balanço de vitórias/derrotas e no entanto, consegui-lo baseado em estratagemas imorais e repreensíveis. Esses para mim não são grandes treinadores dado que falham num aspeto humano essencial.

Lembrei-me de escrever este texto a pensar em Dean Smith. Poderia tê-lo feito relativamente a Pete Newell – para mim, o maior dos maiores – ou John Wooden, que ao seu sucesso desportivo incomparável aliou uma enorme atitude humano-pedagógica.

Lembrei-me de Dean Smith pois ele, além de ser um humanista no desporto e na vida, um democrata e um treinador de qualidades pessoais enormes tinha também um estilo e uma filosofia de jogo, de treino e de vida muito próprios. No seu livro técnico de excelência – “Basketball: multiple offenses and defenses” – transcreveu uma forma de ver e praticar o jogo para obter sucesso de forma provável. Se não erro na interpretação das ideias de Dean Smith, ele pensava que uma das melhores formas para obter sucesso no jogo mais previsivelmente era usarmos uma panóplia relativamente larga de estratégias ofensivas e defensivas, variando-as em função das capacidades técnico-táticas próprias da sua equipa e das equipas adversárias. Variar dentro de um mesmo jogo as formas de atacar e de defender era também muito importante pela dificuldade que causava aos adversários na adaptação à sua equipa.

A solução de Dean Smith

Outros treinadores, como sabemos, em função dos recursos materiais, temporais e sobretudo humanos que possuem, optam por outras filosofias e soluções.

Além dos aspetos referidos já a Dean Smith eu não queria deixar de mencionar dois aspetos essenciais que no basquetebol devem ser sempre seguidos por todos os que se dedicam ao treino: primeiro, devemos ver-nos não como entidades pessoais isoladas mas como alguém que faz parte de uma associação, uma comunidade de aprendizagem, “os treinadores”, que já perdura há mais de um século; em segundo lugar, que os conhecimentos que adquirimos devem ser socializados quanto antes.

Dean Smith foi um elo, como jogador e treinador – na universidade de Kansas – da “dinastia” que envolveu anteriormente James Naismith (o pai do basquetebol), Forrest “Phog” Allen (o pai do treino em basquetebol), e depois trabalhou com Frank McGuire, uma das mais brilhantes cabeças do basquetebol norte-americano. Ainda nos anos 50 do século XX, começou por desenvolver – no livro “Defensive Basketball”, está descrito o processo – a análise estatística das posses de bola, processo que depois expandiu e aperfeiçoou.

Promoveu também a dessegregação no basquetebol, como treinador na universidade da Carolina do Norte, recrutando o primeiro jogador universitário negro e promovendo a igualdade de tratamento independentemente da cor da pele.

Enfim, um grande treinador mas sobretudo um grande homem.

 

 


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