Em tempos passados, usou-se uma metodologia de treino que se baseava na subordinação do atleta ao treinador, o que retirava qualquer hipótese ao jogador de manifestar autonomia e criatividade.
Era então vulgar observarmos o treinador a relatar os jogos e a dizer aos atletas o que fazer ou, no pior dos casos, o que deveriam ter feito quando as respostas dadas não tinham os resultados esperados.
Estes métodos baseados numa perspetiva mecanicista e técnica transformavam jovens cheios de energia e animados em atletas apáticos e desmotivados por culpa de anacrónicos processos educativos.
Ensinava-se o "como" fazer em vez de considerar igualmente o "quando", o "que fazer” e o "porquê" de atuar de uma ou outra forma. Deste modo, tentava-se adaptar a criança ao basquetebol em vez de adaptar esta modalidade à criança.
Naturalmente que a solução correta será modificar esta situação e que o treinador funcione como um guia que observa as respostas dos alunos, ajuda na sua resolução ou então, em determinados momentos torna os problemas mais complexos.
Dar prioridade à técnica e ao cumprimento estrito das ordens do treinador sem comprometer o jogador na solução dos problemas impede os atletas de entender o jogo nos seus aspetos mais básicos.
Por outro lado é importante referir que nenhuma aprendizagem é significante se não existir um forte relacionamento entre o treinador e o jovem atleta.
Por isso, não consigo resistir à tentação de referir a notável palestra da professora americana, Rita Pierson em TED TALK EDUCATION e cujo conteúdo encaixa perfeitamente no tema que tenho vindo a tratar.
E, assim, passo a relembrar algumas das afirmações proferidas por essa notável pedagoga:
- “As crianças não aprendem com pessoas que não gostam"
- “Ensinar e aprender deve proporcionar alegria, cada criança merece um herói, um adulto que nunca desista deles, que perceba o valor das ligações e que insista que para que elas se tornem no melhor que podem ser".
Palavras sábias de uma professora com muitos anos de experiência em tão nobre missão.
Na verdade, muitas vezes esquecemos que estamos a trabalhar com crianças e que aquilo que elas mais apreciam é de algo que é muito importante, ou seja, de se sentirem apreciadas e valorizadas pelo seu treinador. Esta influência torna-se mais relevante quando o jovem começa a sua aprendizagem, ainda não tem muita qualidade e se demonstra que para nós, treinadores, eles são tão importantes como os mais aptos.
Então é muito gratificante verificar como eles se entregam ao treino a cem por cento e dão o melhor de si. O ganhar e o perder não é o que mais interessa, mas sim a diversão, entrega e entusiasmo que dedicam à aprendizagem da modalidade.
Comentários
Gosto muito de ler estes artigos.´
Um abraço