Eu nasci e cresci num país em que o ensino era separado. No ensino primário havia nas escolas separação de géneros, salas para rapazes e salas para raparigas. Até nos momentos de recreio as raparigas estavam separadas dos rapazes. No ensino secundário a separação era ainda mais evidente,
havia liceus para meninas e liceus para rapazes. Até no associativismo dos escuteiros havia separação de géneros.
“Diga MINIBÁSQUETE e não MINIBASQUETEBOL. MINIBÁSQUETE quer significar precisamente que este jogo é uma coisa e o basquetebol é outra.”
Prof. Mário Lemos
Esta foi uma frase que me marcou, desde jovem treinador, e que influenciou a minha forma de olhar para o minibásquete. Quando no final dos anos 60 o professor Mário Lemos, grande doutrinador do minibásquete em Portugal, poderei mesmo dizer com forte influência no minibásquete europeu, sugeriu, que no minibásquete, poderia e deveria haver equipas mistas, esse facto representou uma verdadeira pedrada no charco.
Houve na época, reacções muito negativas, contudo hoje é aceite por uma grande maioria de pessoas, que haja no minibásquete equipas, treinos, competições e jogos mistos.
Em 2000 fui convidado, pela Federação, para ser o responsável pela coordenação do minibásquete em Portugal. Nessa ocasião, sugeri que os jogos, dependendo do grau etário e da evolução dos praticantes, pudessem ser jogados no modelo de 3 x 3 ou 4 x 4, o que também provocou uma rejeição de vários treinadores, mas hoje em dia, é aceite pela grande maioria dos treinadores, principalmente os que estão no terreno a ensinar minibásquete. Este artigo foi inspirado na minha intervenção no Seminário Internacional, promovido pela Universidade de La Punta e pela Associação de Preparadores Físicos de Basquetebol da Argentina. Como vou basear os meus próximos artigos na intervenção mencionada, onde voltarei a falar de mudanças, eu estou com o Chico Buarque, quando escreve: “As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.”