Espírito de humor inacabável
 
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Espírito de humor inacabável

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Eliseu BejaEscrevese eu tão bem como tu, e teríamos aqui um texto qual hino à alegria e esperança de vida. Sim, eu sei que mais de noventa anos já tinham passado, mas sei também que a juventude se mede mais pelo prazer de aqui estarmos e pelos anos que,

na nossa esperança, esperamos permanecer, do que por aqueles que já passaram por nós.

"A minha meta são os cem anos" dizias-me tu ainda há muito pouco. A genética apoiava-te, o bem estar dava-te razão, mas a vida, que tu tão bem tratavas, traiu-te e fez-nos perder-te.

Mas não perdemos a memória da tua profunda amizade, o teu caracter solidário, a tua generosidade, a tua rectidão, a alegria de viver os dias contigo, tantas vezes expressa pela tua brilhante gargalhada.

Eras o melhor ouvinte de anedotas que conheci.

Não resisto: um dia, ao almoço, contei-te uma anedota de que gostaste especialmente. No dia seguinte, ao entrar na Federação, ouvi  sonoras gargalhadas vinda do teu gabinete. Impossivel não reconhecer que eras tu quem gargalhava. Mas quem te faria rir de tal modo? Entrei no gabinete; espantoso, estavas sozinho e rias, rias literalmente até às lágrimas.

- De que estás a rir dessa maneira, perguntei.
- Lembrei-me do "coxo é o melro", retorquiste (referência à anedota da véspera) e rias e rias e as lágrimas caiam, caiam sem parar.

Fiquei estupefacto.

Eliseu Beja e Vicente Costa

Eras assim, de um espírito de humor inacabável e tão presente, que se perpetuava numa singela anedota dias afora.

Deixaram-nos as tuas gargalhadas, mas continuam ecoando nas nossas memórias, convivendo com a saudade tão funda que nos deixaste.

Foste embora, e contigo um dos mais sérios e competentes profissionais que conheci. Alguém que reunia em si a maior das gargalhadas e a mais profunda sereriedade e competência no trabalho.

Tanto que haveria que dizer sobre ti meu querido Vicente, mas o espaço é curto e grande é o respeito que merece a tua privacidade.

Faltarás ao próximo almoço do "team", mas a tua presença estará viva em todos nós, porque todos gostamos muito de ti.

 

Comentários 

 
+1 #2 António Lopes 05-11-2021 14:44
Agradeço à vida ter-me dado a sorte de, também na FPB, me cruzar diariamente com o professor Vicente Costa, durante uma boa temporada de anos, Uma honra e privilegio, mas sobretudo uma comunicação não verbal contagiante, diria mágica, para além da circunstância. Foi o que o Eliseu, o professor Eliseu, com quem também tive a sorte de me cruzar naquele espaço, me fez lembrar neste texto imaculado. Eu, forasteiro vindo de paragens longínquas, não pude ter melhor sorte: o Vicente Costa, que não falhava uma saudação com um sorriso sábio e apaziguador, e o Eliseu que, do alto da sua experiência, conversava com uma humildade implacável. Obrigado professores Vicente Costa é Eliseu Beja. Abraço a ambos.
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+1 #1 Humberto Gomes 04-11-2021 12:31
Estimado Eliseu : Tudo o que escreveste sobre o nosso querido amigo e companheiro Vicente Costa - tenha Deus a alma dele sempre em descanso -, só me apetece, de verdade (!) aplaudir, de pé ! Disseste quase tudo (!), menos aquilo que qualquer um de nós, que com ele privámos de perto, poderá apenas acrescentar, a exemplo do prof. Carlos Gonçalves (salvé prof., do "nosso amigo do Algarve", expressão que carinhosamente me dedicava), cujo testemunho, a exemplo do teu, Eliseu, me deixa apenas com três palavras : "Foi tão Imenso !". Que grandiosidade a de uma modalidade que albergou, e continuará a albergar (porque há memória !) no seu seio uma personalidade tão íntegra, tão competente, tão verdadeira, com tanto e especial sentido de humor e tão única (!) como o Vicente Costa !
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