O meu último artigo “Os pescadores” suscitou algumas reações sobre os motivos que levam praticantes à troca de clubes, mesmo em idades muito jovens. Haverá certamente boas e más razões para mudar de clube,
contudo, aí já estamos a olhar para o efeito e não para a origem da situação. Pessoalmente estou muito mais preocupado com a origem, a falta de uma estratégia de captação, do que com o seu efeito.
Um dos assuntos, que há mais de 10 anos, já por diversas vezes aqui no Planeta Basket expus as minhas reflexões, é o tema da organização geográfica e administrativa do basquetebol. Em tempos já apresentei os motivos pelos quais a organização baseada no conceito de distrito já não tem razão de ser e nalguns casos inclusivamente limita ou dificulta, talvez não tanto o desenvolvimento, mas seguramente o crescimento da modalidade.
A área desportiva, não se soube ajustar às novas realidades, a divisão administrativa em quase todas as áreas saúde, educação, justiça, apoios financeiros, projetos de desenvolvimento, etc, do país já não é feita na lógica distrital. As lógicas da divisão do país são hoje em dia completamente diferentes e a atividade desportiva em geral, ainda não deu por isso. Se há temas que eu gosto de pensar fora da caixa, não apenas no plano desportivo, mas mesmo na organização eleitoral, este é decididamente um deles.
Hoje resolvi fazer o levantamento do basquetebol de topo do país e verificar que Associações têm clubes nas duas principais ligas, as ligas Betclic e quantos concelhos por Associação estão envolvidos e o número de habitantes de cada uma das Associações já com base nos últimos censos.
Não tenho dados para o afirmar, mas penso que na Associação de Basquetebol de Aveiro o efeito nos escalões mais novos do fenómeno dos “clubes pescadores” seja menos sentido do que noutras regiões do país. No entanto, todos os dados demonstram que a região do país onde o basquetebol está mais socialmente enraizado é Aveiro. Partindo do pressuposto que em Aveiro o fenómeno dos “clubes pescadores” têm menor influência do que noutras regiões do país, será que este facto contribui para a importância social que o basquetebol tem em Aveiro?
Deixo a pergunta no ar, mas o que me continua a preocupar é saber que cada vez há menos crianças em Portugal e a falta de estratégia na atração de jovens à modalidade.
P.S. Se considerasse não as Associações, mas a região autónoma dos Açores esta região também estaria no quadro de honra.