Falar de basquetebol de formação em Portugal e não falar do amigo Jorge Adelino é como falarmos do basquetebol de formação nos Estados Unidos e não mencionarmos a sua referência das referências universais: John Wooden. O Jorge, como muitos da sua geração em Algés, foram nadadores e basquetebolistas.
Apesar de, por mais de 40 anos ter sido sócio do Sport Algés e Dafundo, nunca joguei nem treinei no Algés, mas aqui e ali as nossas vidas foram-se sempre cruzando, a maior parte das vezes por que eu necessitava de um conselho amigo e quem melhor que o Jorge a quem pedir esse conselho.
O Jorge tem aquela capacidade extraordinária de dizer, com enorme simplicidade, coisas que me fizeram refletir e que ficaram registadas na minha memória para sempre. Vou narrar dois dos muitos exemplos que poderia citar. Um dia perguntei ao Jorge, qual era a sua opinião sobre o Lord, o novo treinador de natação do Algés, que se a memória não me atraiçoa tinha vindo substituir os lendários Hermano Patrone e Shintaro Yokoshi. A resposta do Jorge ficou, pela sua imensa sabedoria, registada na minha cabeça: “O Lord é um excelente treinador com imensos conhecimentos, tem apenas um pequeno senão, ainda não compreendeu que está a treinar nadadores portugueses.”
Outra grande verdade, que bastante anos mais tarde ouvi dizer ao Jorge foi a seguinte: “Há pequenos clubes que fazem grandes coisas e grandes clubes que fazem coisas pequenas.”
Na época de 1971/72 a equipa de juvenis do Algés sagrou-se campeã nacional. Nessa equipa treinada pelo jovem treinador Jorge Adelino, jogavam vários amigos meus, nomeadamente os meus vizinhos João e Francisco Valério. Foi nesse tempo em que comecei a conhecer melhor o Jorge Adelino, que três anos mais tarde, teve uma fugaz passagem pelo clube onde sempre joguei o CIF. Essa ocasião ajudou a cimentar a minha admiração e amizade. Várias vezes me deu boleia no seu carocha vermelho para o treino.
Conheço o Jorge Adelino, desde a minha adolescência desde esses tempos muitas transformações ocorrem no país e no basquetebol, contudo há uma coisa que permaneceu inalterável durante estes mais de cinquenta anos de conhecimento: a enorme admiração e estima que tenho pelo amigo Jorge.
Muito mais poderia eu dizer, mas vou finalizar com outra das máximas, que aprendi com o amigo Jorge: “Aquilo que tu fazes tem de falar mais alto do que aquilo que tu dizes.” O Jorge é daquelas raras pessoas, que para além da sua afabilidade e simplicidade, tem algo que é o que mais admiro nas pessoas, a sua prática nunca entrou em contradição com a sua teoria. Jorge é para mim um privilégio poder dizer que sou teu amigo.
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