Grande amigo meu
 
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Grande amigo meu

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Pedro ParreiraComeço com uma pequena curiosidade. O Jorge, se bem que irmão gémeo do meu irmão mais velho (o Manuel, não o João que é dois anos mais novo) não tem qualquer laço familiar comigo. Passo a explicar: o Jorge e o meu irmão Manuel, sabem desde os primeiros dias da escola primária onde andaram juntos,

que tinham nascido no mesmo dia, 27 de março de 1950. O que na altura não sabiam é que ambos vieram ao mundo pelas mãos do mesmo médico assistente, em dois partos seguidos.

Ou seja, este médico saiu de um para entrar imediatamente no outro. Esta bela coincidência foi descoberta, anos mais tarde, pelas nossas duas mães à conversa durante um jogo nosso no Pavilhão da Ajuda. Que melhor irmão gémeo o meu irmão algum dia poderia ambicionar? Aliás, uma das coisas que sempre admirei no Jorge foi a saudade e carinho com que sempre falava de antigos colegas de escola, liceu e universidade. Universidade sim, porque, poderão alguns não saber, mas o Jorge é licenciado em Engenharia Eletrotécnica pelo Técnico.

Mais ainda, recentemente, tive a alegria de conseguir juntar à mesma mesa um grupo de quatro grandes amigos da escola primária. Além do Jorge e do Mané, o meu irmão, o Vasco Lupi Costa e o Tó Mora Ramos (que cedo foi para Lourenço Marques e que mais tarde jogou basquete no Académico de Lourenço Marques).  Esta sua particularidade testemunhei, recentemente, quando me revelou, com grande entusiasmo, ter encontrado e contactado o “Fretilin” através do FB. Este era o “nome de guerra” dum rapaz timorense que nessa altura estava a estudar em Lisboa e que costumava treinar com eles. Como eu, nunca tivemos muito jeito para a bola porque nos atrapalhava amiudamente, mas era uma pessoa riquíssima no seu contacto pessoal.

Como jogador o Jorge aliava uma enorme capacidade física a uma inquestionável capacidade de ler e interpretar o jogo, o que na altura dizíamos de ter “uns grandes olhinhos". Hoje em dia, não tenho qualquer dúvida que seria uns dos jogadores da 1ª divisão nacional com maior número de assistência. Relembro com grande saudade uma jogada que tantos pontos deu ao Algés nesses tempos que era tão simples quanto isto: o adversário marcava dois pontos e enquanto regressavam à sua metade do campo com o “peito todo inchado”, o Jorge pegava na bola e, da linha de fundo, muito rapidamente lançava em contra-ataque com o passe tenso, longo a duas mãos o Fernando Sampaio ou o Quita que em corrida faturavam, “duques para o Algés”.

Grande equipa do Algés treinada pelo saudoso Prof. Jorge Araújo, que conseguiu ótimas classificações no nacional da 1ª divisão, só mesmo ultrapassada por equipas que tinham no seu plantel “jogadores americanos”. Quem não recorda com saudade além do Jorge, entre outros, o Zé Luis, o meu irmão João, o Mário e o Fernando Sampaio, o Quita, o Bugalho, o Márinho Bairrada, o João Valério e o Valter Jordão.

Como treinador o Jorge conseguia, além de nos transmitir os ensinamentos técnicos do jogo, mostrar uma grande capacidade e inteligência a nos liderar no banco durante os jogos. No entanto, gostaria aqui evidenciar o que é, para mim, o seu maior “valor acrescentado” como treinador. A sua grande capacidade como “pedagogo”.  Aqueles três anos de grande convivência, entre 1970 a 73, tiveram uma importância crucial no meu desenvolvimento como “homem”. A grande “humildade”, o elevado carácter como pessoa, a sua grande honestidade, a fidelidade (guardo com grande ternura o que me disse, num almoço em que fomos “para ir dar à língua”, o que sentiu quando teve que orientar pela primeira vez, uma equipa que não o Algés, contra NÓS).

Penso nunca lhe ter dito isto, mas muitas vezes ao longo destes anos na minha vida profissional ou familiar, ouvia o Jorge a “segredar ao meu ouvido” aquando de tomar decisões importantes, e não tão importantes, que tinha que tomar.  Aliás, a sua grande capacidade como “pedagogo” manifesta-se pelo seu desejo de, ao longo dos anos, estar sempre associado a equipas de formação. No entanto, poderá não ser do vosso conhecimento, mas ele teve, pelo menos, uma experiência como treinador duma equipa sénior.

Em 1975, liderou o CIF que ganhou o Regional de Lisboa da 1ª Divisão, * numa equipa em que jogavam o Mário Silva, o Tó Mané (San Payo Araújo) e o Mi (Álvaro Saraiva), entre outros. Deixou este projeto por ser incompatível com a sua "outra vida", mas eu, que na altura já o conhecia muito bem, conseguia ver que ele não estava na “sua praia”.

Não acompanhei de tão perto a sua carreira profissional, mas o que conheço dele, garante-me que desempenhou estas funções com elevado profissionalismo e competência.

Ultimamente presenteou-nos com outra faceta, a de investigador da história” do basquete, nomeadamente do “nosso Algés”. Não me atrevo a opinar sobre esta pois é bem visível pelo livro que muito recentemente publicou em coautoria com o Carlos Teigas e o Márinho Bairrada. Para eles e para muitos como ele que temos o Algés no coração vai um grande Vê Vê Vê.

Acabo com a grandíssima satisfação de poder afirmar que o Jorge é um GRANDE AMIGO MEU.


* Nessa época a A.B.L organizava 4 campeonatos distritais de seniores: A divisão de honra, e as 1ª, 2ª e 3ª divisões. Cada divisão exceto a 3ª divisão, onde o nº de clubes variava, era composta por 8 clubes.

 


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