A responsabilidade bons valores
 
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A responsabilidade bons valores

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altO melhor que o basquetebol me deu foram as amizades, mas não é isso que me leva a querer entrevistar a Liliana Dias. O trabalho no minibásquete, onde tudo começa, não é visível ao grande público, motivo pelo qual penso ser importante dar a conhecer pessoas que muito do seu tempo e vida dão a esta causa.

Aproveitamos esta ocasião para, num dois em um, falarmos com a responsável pelo minibásquete da Associação de Basquetebol de São Miguel e ao mesmo tempo darmos a conhecer um pouco do clube onde a Liliana é treinadora de formação da Associação Juvenil do Clube Operário Desportivo.


1. Antes de falarmos do minibásquete em São Miguel e da AJCOD falemos um pouco de ti, o que te levou ao basquetebol e quem te influenciou no teu percurso a gostar modalidade.
Comecei no basquetebol em 1989/1990 (mais coisa menos coisa). Minha irmã foi experimentar a modalidade e eu sendo a mais nova, e chata, quis ir atrás. Entretanto, os anos passaram e tive a sorte de apanhar um treinador que exigiu muito de nós e que me fez adorar esta modalidade por isso acabei, por durante a minha adolescência, tirar curso de Juiz de Basquetebol assim como de Treinador de Nível I e II. Curiosamente uma das pessoas que mais me marcou foi o meu treinador de formação, Roberto Simões, que agora é meu “rival” nas competições de ilha nos escalões de Sub 16 e de Sub 18 masculinos.

2. Passemos então ao minibásquete, como reagiu o sector do minibásquete em São Miguel à pandemia e qual é o ponto da situação atual.
Na minha opinião o minibasquete foi o escalão mais prejudicado. Foi geral a desistência em praticamente todas as modalidades e escalões, no entanto no escalão de Minis encontras a faixa etária não vacinada e cujo uso de máscara não é obrigatório por isso, nas idades até aos 12 anos, tivemos muitos atletas a ficarem em casa como forma de precaução dos Encarregados de Educação. Neste momento já recuperamos um pouco, mas ainda estamos abaixo do desejado.

3. Como são organizadas as competições para o minibásquete em São Miguel?
Este ano tentamos uma variação entre a competição e circuitos técnicos para os Mini-12. Foram programados dois encontros por mês, em que um é composto apenas pelas jornadas de campeonato em formato de 3 períodos por jogo de 4x4 em campo inteiro com tabelas de minibasquete e o outro uma mistura de circuitos técnicos por estação e depois jogos de 3x3 ou 4x4 em campos transversais.

Infelizmente quando chegou a altura do Natal, devido ao aumento de casos positivos à COVID, optamos por interromper as competições de minibasquete até serem finalizadas as testagens nas escolas o que provocou adiamentos de alguns dos momentos programados.

Nos Mini-10 só temos encontros de circuito técnico por estações e jogos de 3x3 em campos transversais.

4. Na tua opinião o que se pode fazer para aumentar o número de minis e que medidas poderiam ser realizadas para a melhoria do minibásquete em São Miguel?
Provavelmente arranjar uma nova coordenadora (ahahahah). Mais a sério e na minha opinião, (e vale o que vale), o segredo está em tentar arranjar novos núcleos além de consolidar os já existentes. Neste momento a modalidade está concentrada nas cidades de Ponta Delgada e Lagoa e se conseguíssemos chegar a mais três ou quatro zonas da ilha conseguiríamos angariar mais atletas, no entanto, mais do que atletas, o problema está em arranjar pessoas disponíveis e qualificadas para abraçar esses projetos. Acredito que se conseguirmos arranjar pessoas com vontade de desenvolver um projeto de minibásquete, iremos aumentar exponencialmente o número de praticantes e por consequência criar outras atividades e competições mais apropriadas aos diferentes níveis existentes.

5. Este ano os Açores vão participar na Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira?
E como diria o Ronaldo: SSIIIIIIMMMMM!!! Para as Associações afastadas dos grandes centros, Paços de Ferreira é onde tudo começa, as observações de potenciais talentos, a troca de ideias entre selecionadores, conhecimentos das dificuldades e soluções para o desenvolvimento da modalidade e no nosso caso, considerando a particularidade das nossas seleções serem constituídas por jogadores de diferentes ilhas, é de extrema importância começar a consolidar os grupos o mais cedo possível. No momento em que nos foi permitido participar pela primeira vez abrimos a porta e não é nossa intenção deixar escapar esta oportunidade.

6. Falemos então do teu clube em que ano nasceu a AJCOD, quem está na origem desse projecto e porquê a escolha do basquetebol?
A Associação Juvenil do Clube Operário Desportivo nasceu em fevereiro de 2000 com um objetivo social e desde então os Órgãos Sociais são compostos por nós treinadores de basquetebol, atletas ou ex-atletas do clube e por familiares nossos. Considerando a realidade do nosso concelho e o facto de, na altura a maioria dos nossos atletas não vinham de famílias com posses, sentimos que poderíamos ajudar não só na parte desportiva, mas também na parte social.

Fazemos várias atividades de cariz não desportivo e desde cedo que fomos responsáveis por projetos diversos nomeadamente participar em cortejos de Carnaval, organizar concursos de pintura e concursos de fotografia, organizar competições em escolas com o intuito dos alunos conhecerem os Açores, organizar Encontro de Coros com a participação de vários coros nomeadamente referências no Continente, organizar Campos de Férias, entrega de Cabazes de Natal a famílias mais desfavorecidas e fomos pioneiros na criação de uma atividade anual em que consistia limpar a orla marítima numa zona costeira na cidade de Lagoa. Atualmente é uma atividade anual com o apoio da Câmara Municipal e tem a participação de diversos clubes e associações sediadas na Lagoa.

Nos Açores temos a particularidade de receber apoio para o desenvolvimento dos escalões de formação nas diferentes modalidades. A modalidade de basquetebol estava associada ao Clube Operário Desportivo e a Associação servia apenas para a vertente social, no entanto, à semelhança do que acontece em muitos clubes cuja modalidade mãe é o futebol, nem sempre tínhamos as nossas verbas canalizadas para o desenvolvimento da modalidade por isso, em 2010 alteramos os estatutos da AJCOD e transferimos para lá todos os escalões da modalidade de basquetebol.

O pioneiro desta ideia foi o nosso Presidente Gilberto Borges que atualmente se mantém como o nosso líder e timoneiro e é a principal referência deste clube.

7. Uma das curiosidades da AJCOD é que tem apenas treinadoras a dirigir as diversas equipas do clube. Podes-me dizer quem são e que equipas estão a treinar.
Neste momento temos várias treinadoras que inclusive fizeram o seu percurso de formação como atletas neste clube o que acaba por ser uma espécie de passagem de testemunho. Temos no minibásquete a Altina (Ana Pereira), a Joana Rocha e a Inês Borges. No escalão de Sub-14 temos a Raquel Borges e a Romina Raulino no feminino e a Claudemira Cação e a Patrícia Amaral nos masculinos. Em Sub-16 femininos temos a Filipa Ponte que acumula funções orientando as Sub-19.  No setor masculino eu sou responsável pelos grupos de Sub-16 e Sub-18.

Tudo isso sob responsabilidade e batuta do nosso Presidente Gilberto Borges que também é treinador, mas neste momento não tem disponibilidade para se meter em nenhuma equipa.

8. Sabemos que és uma grande adepta da realização dos jamborees nacionais. Qual é na tua opinião a importância deste evento no desenvolvimento do minibásquete?
Em primeiro lugar tenho de dizer que sou muito adepta porque tive a sorte de participar em alguns e de vivenciar o espírito jamboree com pessoas fantásticas e que ganharam o meu coração. Ainda mantenho grandes amizades que nasceram em jamborees.

O Nuno Pereira é prova disso, uma amizade que nasceu em 2012 e ainda falamos com frequência para sabermos como estamos ou para falar acerca de basquete. Durante a Pandemia em 2020 um grupo de monitores do jamboree de 2012 que se realizou em Ponta Delgada marcou reunião via Zoom e passei 1 hora a rir, parecia que estávamos novamente todos juntos sentados no jardim da escola onde ficamos instalados. Se o jamboree teve esta importância para mim que sou adulta só posso imaginar como será para os miúdos.

Para mim os jamborees são a melhor maneira de chegarmos a zonas onde queremos dinamizar a modalidade. Temos muitos clubes que lutam por fazer algo diferente e trazer miúdos para a prática do basquetebol e quando realizamos uma atividade desta envergadura conseguimos mostrar muito do que a modalidade tem para dar. Além disso conseguimos fidelizar atletas.

Nestas idades ainda temos uma grande parte dos atletas que gostam de vários desportos e o facto de num jamboree teres atividades para diversão aliados aos treinos diários mostra um lado mais leve da modalidade. Mas não se enganem porque o Torneio do Jamboree, dentro de regras claramente definidas e aceite por todos, é extremamente competitivo e todos os grupos querem ganhar!

9. A vida nem sempre é fácil e regressemos a questões mais pessoais, nesta já longa vivência da modalidade, quais foram as tuas maiores alegrias e as maiores tristezas?
Felizmente, não tive muitas tristezas, senão ainda não estava com entusiasmo e dedicação que tenho, mas nesses 25 anos como treinadora tive dois ou três atletas que desistiram de jogar e que mexeu particularmente comigo por sentir que não consegui cativá-los o suficiente dado o potencial que tinham. Em relação a alegrias normalmente está associado ao orgulho que tenho pelo crescimento/desenvolvimento de um atleta ou de um grupo. Neste sentido destaco duas situações: a primeira é a presença no Centro de Treino Nacional de um ex-atleta nosso, o Apolo Cação Caetano.

Ele tem 14 anos e este ano faz parte do grupo de atletas presentes em Ponte de Sôr. Para um treinador é sempre um orgulho muito grande ver um atleta explorar o seu potencial ao máximo e ser reconhecido por isso e o Apolo é o maior caso de sucesso do nosso clube. Dá-me muita alegria poder acompanhar o crescimento desportivo e pessoal de um miúdo que tem tudo para chegar longe e por quem tenho um carinho muito grande. A segunda situação é um grupo em particular. Na época de 2018/2019 treinei Sub 16 e Sub 18 Masculinos e eles formaram um grupo fantástico.

Foi provavelmente o grupo mais dedicado que já treinei e nunca me tinha divertido tanto durante os treinos. Eles souberam conciliar perfeitamente quando era a altura de trabalhar e faziam-no com intensidade, mas ao mesmo tempo riam, e divertiam-se bastante durante os treinos. Foi a simbiose perfeita. Tínhamos 4 treinos por semana e tive um jogador que por ser menos dotado tecnicamente me pediu para fazer treinos de desenvolvimento no único dia que ele teria de folga. Se isso por si só já seria motivo de orgulho rebentei quando vi o meu capitão, que era o jogador tecnicamente mais desenvolvido, a pedir para ir fazer todos os treinos de técnica individual com o colega para incentivá-lo e a trabalhar tão duro quanto o colega que precisava.

10. Finalizamos como de costume, que pergunta gostarias que te fizessem e que resposta darias?
Normalmente não penso muito em perguntas que não me fazem e sou um pouco novata na parte das entrevistas, mas acho que o que gostaria que as pessoas soubessem é o porquê de eu investir tanto do meu tempo nesta modalidade. A resposta é simples: As minhas maiores amizades foram construídas através do basquete e só quero poder marcar as pessoas da mesma maneira que me marcaram a mim. A satisfação que tenho ao transmitir o amor que tenho por esta modalidade serve-me de terapia ao mesmo tempo que a responsabilidade de transmitir bons princípios e valores, me obrigam a ser uma pessoa melhor.

 

 


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