Muitas vezes ouço dizer, nos dias de hoje, que faltam referências na nossa modalidade. Eu considero-me um felizardo, pois na minha juventude numa fase decisiva da minha formação tive e continuo a ter duas referências, que muito marcaram a minha vida:
O Prof. Mário Lemos e o Prof. Dr. Carlos Alberto Gonçalves.
Não sou muito dado a astrologias, mas não deixa de ser uma curiosidade, que duas das principais referências da minha vida, sejam como eu, sagitários. Com ambos aprendi muito sobre, e recorro às palavras do estimado Prof. Carlos Gonçalves, a “responsabilidade da utilização das práticas infanto-juvenis, como instrumento de socialização e de formação, no sentido positivo e nunca na iniciação à batota, à violência, ao não respeito pelo outro, adversário momentâneo, mas com os mesmos objetivos do que eu, enquanto praticante desportivo.”
Quando alguém decidir fazer a história do minibásquete, terá de referir que na região de Lisboa foi por iniciativa do Prof. Mário Lemos, que o Prof. Carlos Gonçalves, seu estagiário, conduziu a sessão de apresentação do jogo do minibásquete. Foi no Colégio Militar, e se não estiver a cometer nenhum erro, foi no final do ano letivo de 1965/66, com direito a uma apresentação, oficial num sarau que contou então, com a presença do Subsecretário do Desporto, do Diretor do INEF Professor Noronha Feio, da Diretora do Instituto de Odivelas e de Albano Fernandes Presidente da Federação de Basquetebol.
Embora em jovem tenha acompanhado de perto o surgimento e crescimento do minibásquete em Lisboa, foi através do Prof. Carlos Gonçalves que tomei, com toda a clareza consciência, sobre a importância do legado profundamente inovador do Prof. Mário Lemos. Numa época em que o ensino era separado por género, Mário Lemos introduziu em Portugal um conceito, muito ousado e contestado naquela época, mas hoje em dia, aceite pela grande maioria dos clubes, que no minibásquete as equipas poderiam ser mistas. Tendo o Prof. Mário Lemos sido membro o Comité Internacional de Minibásquete foi a partir de Portugal que este conceito se divulgou por muitos países europeus. A ideia profundamente inovadora da possibilidade de as equipas poderem ser mistas nasceu assim aqui em Portugal com o Prof. Mário Lemos.
Nascido em Mangualde dia 18 de dezembro de 1922 e falecido a 15 de janeiro de 1982, Mário Lemos celebraria, se fosse vivo cem anos, relembrar o seu legado, nem que seja desta forma simples e singela, é um ato da mais elementar justiça.