Necessitarmos de “fazer bem” no futuro próximo do basquetebol português. Fazer “as coisas certas”. Apontando objetivos e interesses comuns, complementando objetivos individuais e coletivos, definindo tarefas,
regulando a vida coletiva da modalidade com base no objetivo de tornarmos o todo da modalidade, maior que a soma das partes.
Como consegui-lo, é entretanto a questão para a qual necessitamos encontrar respostas!
Antes do mais, por via de uma correta liderança por parte da Federação Portuguesa de Basquetebol, capaz de mobilizar Liga, Associações, Clubes, Dirigentes, Treinadores, Jogadores, Árbitros, Jornalistas, Adeptos e pessoas em geral para quem o basquetebol representa algo de muito importante. Transformando o conjunto de individualidades num coletivo com objetivos e interesses comuns. O que exige conseguir retirar-lhes, em devido tempo, o que de melhor possuem ao serviço do todo representado pela modalidade que os une.
Mas também, sem exceção, apelar à participação e responsabilização de todos os restantes agentes da modalidade. Solicitando que cada um ajude a definir metas e caminhos que permitam atingir objetivos mobilizadores. Definindo tarefas, regulando atitudes e comportamentos, avaliando e distinguindo, pela positiva e pela negativa, sempre que necessário. Também apontando modelos capazes de constituírem referências fundamentais, congregando por via de uma cultura e de valores impulsionadores de confiança e respeito mútuos, definindo a missão que no futuro constitua o fator aglutinador de todos os agentes da modalidade.
Observando, ensinando, corrigindo. Aceitando que a oposição é um fator de progresso e que a complementaridade de funções e a existência de especialistas diversos acima de tudo enriquece o basquetebol português.
O confronto de ideias é hoje apontado como algo decisivo no interior dos coletivos que se destacam pelo seu sucesso. O facto de emergirem em diferentes situações da vida coletiva da modalidade, agentes cuja opinião difere daquela até ao momento vigente, deve ser entendido como o reconhecimento cabal que o basquetebol português possui condições para enfrentar todo e qualquer obstáculo que se lhe depare.
Entretanto e como meio decisivo, impõe-se a elaboração de um Plano de Desenvolvimento do Basquetebol Português (PDBP), que mobilize Clubes, Associações Regionais, Federação, Confederação do Desporto, Comité Olímpico, Ministério da Educação, etc.
Sendo a modalidade de basquetebol de todos e para todos, importa que a Administração Pública e Local compreendam que alcançar os objetivos contidos neste PDBP, serão tanto mais possíveis quanto a generalidade da população seja devidamente envolvida e responsabilizada na sua conceção e execução a nível local, regional e nacional.
Em termos objetivos e nas suas linhas gerais, este futuro Plano de Desenvolvimento do Basquetebol Português, deve contemplar, entre muitas outras importantes questões:
- A promoção de campanhas a nível nacional, regional e local, de um generalizado debate de ideias que reafirmem junto da população a necessidade e a valia contida na prática do basquetebol ao serviço do desporto de crianças e jovens.
- Criar condições para que o Desporto praticado na Escola, seja um meio ao serviço da formação multilateral da juventude portuguesa, mas também da prática do basquetebol em particular.
- Definir critérios claros de apoio às centenas de coletividades que se dedicam a uma prática desportiva informal e de lazer.
- Encetar uma política de formação de quadros técnicos e dirigentes, norteada pela preocupação central de dotar o basquetebol português com os quadros especializados que carece.
E termino citando um grande pedagogo do futebol, Pedro Mil Homens, responsável durante anos pela formação de jogadores levada a cabo na Academia do Sporting, numa entrevista dada ao jornal Público em Setembro de 2011:
“É preciso um plano de desenvolvimento a longo prazo do futebol de formação em Portugal. E esse plano tem de ser tutelado, dirigido e concebido pela Federação Portuguesa de Futebol, que tem de ter o papel regulador. Tem de ser um plano que defina objetivos a cinco ou dez anos, porque nesta área nada se faz para amanhã. Este plano tem de definir parceiros e ter uma estratégia de implementação. E no âmbito deste plano, ouso dizer que há quase tudo para fazer. Desde o recrutamento e captação de jogadores, porque é preciso incentivar e ajudar os clubes. Não temos assim tantos praticantes de futebol para um país com esta paixão. Temos muitos desportistas de bancada e um défice de praticantes.” “Outro âmbito é dar linhas de orientação para as etapas de formação dos jovens. Não podemos pensar que o futebol se resume aos grandes clubes, que têm muitos recursos humanos.” “Há a célula base dos clubes pequenos, onde muitas vezes se encontram os jogadores do futuro. Os jogadores do futuro não se recrutam na Avenida de Roma. Recrutam-se nos sítios onde o futebol de rua existe, onde o jogo não é formatado e não há treinadores que levam os miúdos para as escolinhas cedo de mais, que não os deixar fintar de uma baliza à outra. Ninguém os manda fazer pressão alta ou baixa.”
Jorge Araújo
Presidente da Team Work Consultores
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