“Há coisas inultrapassáveis, a demografia é uma delas! Isto é claro nas divisões regionais.”
Rui Gomes
A razão pela qual eu de volta e meia apresento quadros com alguns dados referentes às Associações não é tanto para as comparar e muito menos para criar confrontos. Tenho por hábito associar a esses quadros nº de habitantes e nº de concelhos envolvidos, porque o que me motiva é a reflexão sobre a divisão administrativa e geográfica do país. É perceber qual o impacto social que a modalidade tem nas diferentes regiões do país.
É tentar compreender as razões pelas quais, por exemplo nos distritos de Lisboa e Porto, a modalidade tem dificuldades em expandir-se para os concelhos que não estão imediatamente nas periferias das cidades de Lisboa e Porto? É tentar compreender porque é que o basquetebol tem maior expressão social no distrito de Aveiro, ou o que provocou o crescimento no Algarve nos últimos anos e por outro lado se verifica alguma estagnação noutros distritos? Ou porque é que em Vila Real tem sido difícil ir para além do eixo Vila Real, Vila Pouca de Aguiar?
Muitas são as questões que bailam na minha cabeça e que me levam a pensar se uma diferente divisão geográfica e administrativa, não baseada no conceito distrito, ajudaria ao crescimento, desenvolvimento e coesão do basquetebol no país. Dito por outras palavras, onde e como poderíamos minimizar, entre outras questões, os problemas que a demografia do país levanta. Concordo com o companheiro Rui Gomes, quando afirma que há coisas inultrapassáveis, a demografia é uma delas, mas será que poderá haver formas de minimizar essa questão?
A reorganização geográfica e administrativa do país tem se modificado substancialmente. Desde a extinção dos governos civis distritais, até ao surgimento das NUTS e das Sub-regiões também conhecidas como Comunidades Intermunicipais, muitas têm sido as alterações.
“Com a lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, dando continuidade à reorganização administrativa e à reestruturação de competências na organização do território, os distritos foram relegados para um plano secundário, com o protagonismo administrativo das áreas metropolitanas e das comunidades intermunicipais.” In Wikipédia
As competências das áreas metropolitanas e das comunidades intermunicipais são entre outras:
- gerir projetos financiados com fundos europeus;
- gerir programas de captação de investimento.
Se anteriormente a divisão país era totalmente baseada no conceito de distritos, essa realidade, cada vez tem menor importância e embora a sua extinção ainda não tenha acontecido já esteve prevista em várias reformas administrativas e até na atual constituição portuguesa.
Tenho um amigo que, com muita graça diz, já nada é como dantes nem o futuro. Mas ter a capacidade de antecipação é conseguir andar um passo à frente, das transformações que estão a acontecer a todo o momento é ter a capacidade de olhar para o futuro, só que isso implica uma ideia que assusta muita gente: sair da zona de conforto e realizar mudanças.