Entrevista com José Tavares da Silva
 
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Entrevista com José Tavares da Silva

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alt"O planetabasket é um site interessante, útil e necessário. Existem poucas fontes onde podemos procurar a informação em português. Espero que o site obtenha a participação e o apoio de todas as pessoas do basquetebol, que o mantenham actualizado e dinâmico e que constitua uma boa fonte de recolha de informação."

Em primeiro lugar, temos de lhe dar os parabéns pela fantástica época efectuada pelo Física de Torres Vedras. Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou ao longo da época?

Muito obrigado.

Ao nível do grupo, no início da época, sentimos alguma dificuldade em gerir os conflitos gerados, devido ao facto da equipa ser nova e da maioria dos jogadores não se conhecer.

Ao nível do treino sentimos alguma dificuldade em convencer os jogadores da importância de se treinar como se joga e de jogar como se treina.

De forma geral, os nossos jogadores, não estão habituados a treinar com intensidade, a treinar técnica individual e a tomar decisões a partir da leitura e análise das diferentes situações de jogo.

A Física apresentou uma equipa muito unida. Qual foi o segredo para a mística que introduziu na sua equipa?

A Física não possui qualquer tipo de segredo.

A mística gerada na equipa foi-se construindo ao longo da época a partir da dinâmica de liderança implementada. As pessoas com maiores responsabilidades no grupo sempre deram o exemplo e a relação de proximidade e abertura entre dirigentes, treinadores e jogadores foi determinante. Relativamente às questões específicas do treino, os jogadores receberam sempre informação da importância e da necessidade de tudo o que se fazia. Este envolvimento de todos na conquista do mesmo objectivo levou à construção de uma boa equipa.

Apresentou uma equipa muito móvel com múltiplas variações defensivas (HxH, Zonas, defesas pressionantes todo o campo e meio campo). Quanto ao ataque, concedeu grande liberdade aos seus jogadores. É este o modelo de jogo de José Tavares?

Apesar de apresentarmos diferentes opções defensivas a nossa defesa principal foi sempre HxH. A utilização de outras opções dependia sempre de questões tácticas e estratégicas. Gosto muito da riqueza táctica que o basquetebol proporciona. Penso que é um jogo fabuloso para quem gosta de ser treinador, devido às inúmeras soluções e decisões que estão à nossa disposição, em treino e em jogo.

Em termos ofensivos é verdade que os jogadores possuem uma grande margem de liberdade. Mesmo quando utilizamos as jogadas convencionais, mais do que a realização das jogadas, pretendemos que os jogadores criem e utilizem as situações de vantagem, por isso, em cada movimento procuramos reagir à oposição que nos é proporcionada. Os jogadores só têm de ler o jogo e tomar a decisão mais adequada. Quando não usamos as jogadas convencionais, jogamos por princípios onde cada jogador sabe exactamente o que fazer em cada situação.

Quanto à questão, se este é o meu modelo de jogo?

Podemos considerar que sim. Defendo que o jogo deve:

- Ser simples, apesar da riqueza táctica;

- Ser rápido, mas não precipitado;

- Ser agressivo, mas não violento;

- Deve expor o talento dos jogadores, mas não apelar ao individualismo;

- Ser livre, mas com muitas regras, não caindo na anarquia.

Quero só deixar claro que apesar de me identificar com o modelo de jogo praticado pela Física (e acredito que este foi o modelo mais adequado para esta equipa e neste quadro competitivo), com outra equipa e noutro quadro competitivo, poderia tomar opções diferentes.

O que nos pode dizer do motor da sua equipa, o base Miguel Barroca?

Não gostaria de falar só do Miguel sem falar dos outros jogadores, porque todos foram importantes e deram o seu melhor em treino e em jogo. Contudo, em relação ao Miguel, considero que foi um excelente líder em campo, tem bom conhecimento do jogo e uma grande capacidade de lançamento.

Qual foi o orçamento da sua equipa na época passada?

Não sei ao certo o orçamento global da equipa de seniores. Felizmente não tenho que tratar dessas questões. O presidente do Clube, Vítor Rosado, trata dessas coisas muito melhor do que eu! Só posso afirmar que a despesa mensal com os vencimentos era de 5 000 euros.

Na próxima época nasce uma nova liga. O que espera da nova prova? E quais são os objectivos do actual campeão da Proliga para esta competição?

Penso que a prova vai ser muito dura e que não estamos habituados a este tipo de quadros competitivos com um número tão elevado de jogos. Treinadores e jogadores terão de se adaptar a esta nova realidade.

Penso que este quadro competitivo, como situação transitória, talvez seja o mais justo, mas talvez não seja o mais adequado para a situação que os clubes atravessam. A época vai ser mais comprida (implica que os jogadores vão receber mais meses), o número de jogos vai ser mais elevado (implica mais deslocações, refeições, arbitragens e policiamento). Sinceramente, espero que com o esforço de todos, se resolvam todas as dificuldades que surjam e que este quadro competitivo contribua para o desenvolvimento da modalidade em Portugal.

Quanto aos nossos objectivos, ainda é muito cedo para os definirmos, devido ao facto de ainda não sabermos que equipa vamos ter, assim como quem são os adversários. A única certeza que temos, é que a Física vai continuar a ter uma gestão equilibrada e vai constituir a melhor equipa possível, dentro do orçamento de que dispõe, que é muito semelhante ao do ano anterior. Vamos fazer o melhor possível com os meios que temos...

A nível individual, que aspirações tem para a sua carreira de treinador?

Em Portugal, é muito difícil exercer a função de treinador com uma perspectiva de carreira. Não existem condições para que possamos dar esse passo com alguma segurança. Note-se que, há alguns anos atrás, alguns treinadores que enveredaram por esse caminho, emigraram ou já se retiraram exercendo agora outras actividades. No meu caso pessoal, é óbvio que gostaria de ser só treinador de basquetebol, mas como não é possível, conjugo esta actividade com a de professor de Educação Física. Em termos de aspirações, gostaria de treinar uma equipa composta por jogadores jovens, ambiciosos, treináveis, com valores morais e humanos e que pudessem competir ao mais alto nível.

Pode-nos dizer que jogadores se irão manter no plantel da Física na próxima época? E em relação a reforços, tem já garantido algum novo jogador?

Na equipa vão continuar: Amadeu Cordeiro, António Joaquim, Filipe Macedo, Tiago Saraiva e Rui Parente. Da equipa de juniores A, vamos ter o Jorge Parente. Ingressam este ano na Física os seguintes jogadores: Miguel Salvador, Benedito Suca, Ba Mustafa, Nuno Monteiro e Raul Porto.

Acha que a extinção da LCB foi positiva ou negativa para o basquetebol português? 

Considero que a extinção da LCB foi negativa. É lamentável que as pessoas envolvidas nos projectos profissionais não tenham tido a capacidade de divulgar, promover e de proporcionar espectáculos desportivos susceptíveis de gerar riqueza e assim captarem as empresas para o financiamento do basquetebol profissional.

Quanto ao seu impacto no panorama do basquetebol nacional, penso que não se vão verificar quaisquer repercussões. Não vão surgir mais jogadores portugueses, não vão surgir mais clubes, os que acabarem não será pela extinção da Liga, não se vai trabalhar mais nem melhor, por isso, acredito que vai tudo ficar na mesma.

Continuo a pensar que os problemas do basquetebol português estão na formação e não nos seniores!

O que pensa do site Planeta Basket?

O planetabasket é um site interessante, útil e necessário. Existem poucas fontes onde podemos procurar a informação em português. Espero que o site obtenha a participação e o apoio de todas as pessoas do basquetebol, que o mantenham actualizado e dinâmico e que constitua uma boa fonte de recolha de informação. É de louvar a iniciativa de entrevistar as grandes figuras do basquetebol português e de publicar as suas opiniões. Mais do que um site, o planetabasket passa a ser um “ponto de encontro”!

 

 


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