Que influência têm os treinadores nos comportamentos das assistências? Será que estar sempre por tudo e por nada a queixar-se com razão ou sem razão da arbitragem influencia ou não os comportamentos das assistências?
Não foram felizmente muitos os episódios em que tive de chamar a atenção de encarregados de educação dos clubes que treinei ou coordenei. O que para mim é uma evidência, é que nos tempos que correm, é imperioso, mais do que noutros tempos, que os jovens treinadores sejam por um lado bem enquadrados e por outro de certo modo “protegidos” por um coordenador sensato bem formado e experiente.
Com mais ou menos experiência há uma realidade, que não é de agora. Aqueles que andamos neste universo há muitos anos sempre soubemos, que dantes como agora, que as atitudes dos treinadores podem influenciar as assistências a terem comportamentos mais controlados ou a comportamentos mais exaltados. Não vou mencionar nomes, não vou elogiar o excelente comportamento de alguns companheiros de longa data, nem pretendo acusar ninguém. Apenas apelo à reflexão.
O que me leva a escrever é sobretudo para alertar as pessoas a desenvolverem a sua capacidade de observação e reflexão sobre o que se está a passar à sua volta e que tentem compreender, porque é que nos jogos de formação com alguns treinadores raramente há confusões entre a assistência e por outro lado, porque é que com outros treinadores essas situações são mais frequentes. Culpar apenas os encarregados de educação, quando entre eles há tanta gente exemplar, é o caminho mais fácil. O caminho mais difícil é sempre o do exemplo, não do exemplo pontual, mas do exemplo consistente e duradouro. Agir bem e sempre bem não é fácil.
Como anunciado na semana passada vou então narrar como procedi no único caso de comportamento, que sem ter sido muito grave me desagradou no último clube em que coordenei o minibásquete. Na reunião no início da época foram explicadas as minhas ideias, que também têm vindo a ser expostas publicamente aqui no Planeta Basket.
No primeiro treino após o acontecimento que me desagradou falei delicadamente com quem tinha tido comportamentos considerados por mim menos adequados e expliquei que admitir essas situações me fragilizavam, eu seria posto em causa, pois entre o que eu apregoava e o que se passava dentro do clube ia uma grande diferença, pois seria como diz o ditado popular em casa de ferreiro espeto de pau. Compreendendo, a minha posição, ficamos amigos e tanto quanto pude observar e sei modificou o seu comportamento.
PS: Já eu tinha escrito este artigo quando dei por mim a ver o vídeo em anexo, o que me levou a trocar o título previsto, que seria, “Que influência têm os treinadores?” Para em homenagem a esse grande treinador: Precisamos de muitos Popovich.