O curso de treinador
 
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O curso de treinador

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O curso de treinador especialista em minibasquete (que matérias devem ser tratadas)Todos os artigos que tenho escrito nesta série de 8 culminam neste artigo final em que proponho falar da estruturação de um curso de treinador específico para minibasquete.

Não sou um entendido sobre o assunto, já diversas federações deram este passo, apenas venho partilhar a minha experiência sobre o minibasquete.

Antes de mais, acho que é importante reforçar que os módulos do nível 1 possuem bastantes indicações sobre o que eu acredito que deve ser o minibasquete:  

  1. Saber Treinar – Fala sobre os comportamentos que o treinador deve adotar, inclusive sobre como este deve dirigir-se aos pais e dirigentes
  2. Como iniciar o ensino do jogo – este módulo é excelente para o minibasquete. Concluir a etapa de minibasquete a saber os básicos abordados neste módulo pode ser um desafio;
  3. Minibasquete – explora a filosofia do minibasquete e o que ela deve representar. Também aborda diferenças entre os 3 escalões e sugere palavras de ordem (feedbacks) concretas e concisas sobre a comunicação no contexto do minibasquete;
  4. Desenvolvimento das capacidades motoras específicas do basquetebol – é um módulo muito importante, no entanto, para o escalão de minibasquete podia incluir uma secção sobre capacidades motoras gerais. Quanto melhor o atleta conhecer e controlar o seu corpo, mais fácil será o processo de aprendizagem nas demais áreas. Além disso, de acordo com o manual do IPDJ, nesta faixa etária estamos perante períodos ideais para trabalhar aspetos como flexibilidade, capacidades coordenativas e velocidade.

Dada a importância deste escalão e a qualidade dos seus intervenientes, considero essencial que, ao falarmos de minibasquete, abordemos outros temas igualmente relevantes, além dos já discutidos no curso de nível 1. Acredito que os seguintes módulos deveriam ser acrescentados:

  • Psicologia e pedagogia: este módulo abordaria questões como a comunicação eficaz com os atletas, ensinando-os a gerir as suas próprias emoções e expectativas, a lidar com os erros e a manterem-se motivados. Também seria importante ensinar a importância do equilíbrio entre rigor e empatia. Outro ponto fundamental seria desenvolver desde cedo a capacidade de liderança nos jovens atletas, através de exercícios de autoavaliação (fazendo perguntas: como correu o treino/jogo? O que fizeste bem/mal). Ao invés de oferecer todas as respostas, seria importante incentivá-los a refletir e questionar sobre o que está a acontecer.
  • Competição:  É essencial discutir a competição e compreender o nosso papel como treinadores dentro desse contexto. A nossa prioridade deve ser o desenvolvimento das crianças, e não simplesmente ganhar. Nesse sentido, seria útil abordar estratégias para lidar com situações de grande desnível entre as equipas em competição, garantindo uma experiência justa e formativa para todos os atletas.
  • Diferentes metodologias de treino: Existem várias metodologias, como o treino analítico, cognitivo, small sided games e o CLA (Constraint-Led Approach). Conhecer essas diferentes abordagens é importante, pois permite-nos escolher a que melhor se adapta à nossa realidade e às necessidades dos nossos atletas, maximizando os resultados do processo de aprendizagem.
  • Planeamento: Neste módulo, seria essencial discutir a construção de exercícios que incorporem diferentes esforços e níveis de complexidade, como exercícios em fila ou com alta carga cognitiva. Além disso, seria interessante aplicar o conceito de espiral no ensino. Por exemplo, no drible: começamos com o drible para frente, depois para trás, e em seguida para os lados, criando “progressões didáticas” que facilitem a aprendizagem. Também é importante variar as tarefas e identificar em que parte do treino se encaixam melhor.

Em jeito de conclusão, e remetendo ao futuro do podcast SerMinibasquete, um dos próximos entrevistados será António Carrilo (cuja participação será divulgada em breve) e, nesta secção, sobre a formação do treinador de minibasquete ele destacou a importância da autoavaliação do treinador, sugerindo questões como: Porque treino? Quais são as minhas virtudes e defeitos? Qual é o meu papel como treinador? Como comunico? Que regras estabeleço? O que significa ser treinador? O que significa treinar? O que é ensinar?

Para finalizar, acredito que a mensagem que qualquer curso sobre desporto de formação deve promover é que a criança tem de estar sempre no centro da questão.

 

 


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