Aperfeiçoar a técnica para alcançar o “skill” exige métodos e treinos diferenciados. A técnica é a execução de uma ação motora específica e está intimamente ligada aos procedimentos específicos utilizados
para executar uma ação que pode ser aprendida e aperfeiçoada ao longo do tempo.
O “skill” é a capacidade de executar essa tarefa em contexto de jogo e usando a técnica adequada aquela situação.
Nas fases iniciais de aprendizagem o aperfeiçoamento da técnica deve vir primeiro e ser ensinada de maneira eficiente e correta para poder ajudar em futuras ações ou tomadas de decisão.
O “skill” é desenvolvido através de ações repetidas em diversas situações reais de jogo.
No entanto, para dominar esta competência precisamos de aprender as técnicas de uma forma gradual para chegar ao ponto de as aplicar diretamente em ambiente de jogo.
As circunstâncias necessárias para a sua aplicação são a velocidade de execução, a pressão dos adversários, limites do espaço e fatores psicológicos.
No ensino da técnica a jovens jogadores os constrangimentos atrás enunciados não devem ser ainda utilizados. Aprendida essa técnica a ponto de se tornar automática, o treinador pode então introduzir um ou outro constrangimento.
Inicialmente o rendimento vai regredir, mas logo que o jogador acomoda essa dificuldade o nível geral do desempenho melhora.
Em muitos desportos os jogadores conseguem bons desempenhos nos treinos, mas já não são capazes de igualar essas competências em ambiente competitivo.
Muitas vezes a forma como os jogadores treinam não representa a realidade do jogo.
Para conseguir desenvolver o “skill” o praticante precisa de treinar de uma forma semelhante à forma como executa essa técnica em contexto de jogo, ou seja, no momento certo e da maneira mais apropriada.
O “skill” exige que um jogador seja capaz de identificar a técnica que vai usar, a decisão que deve tomar e de fazer isso sob pressão. Essa pressão pode vir de restrições de tempo, espaços limitados ou de adversários.
Nestas circunstâncias, os treinadores não podem esperar que uma simples boa execução técnica seja replicada numa situação de jogo sem a tomada de uma boa decisão no tempo adequado. Isto pode exigir ao atleta modificar a técnica por força dos constrangimentos surgidos.
A tomada de decisão é um ponto chave para um bom desempenho da ação desenvolvida.
Daí a nossa crítica aos treinos excessivamente concentrados em exercícios técnicos isolados da situação real de jogo; isso não ajuda os jogadores na transição da competência técnica ao desempenho qualificado.
O treino integrado implica a incorporação da tomada de decisão em jogos reduzidos ou em exercícios que introduzem imprevisibilidade e adaptações rápidas.
Durante a prática desportiva as decisões precisam ser tomadas geralmente em frações de segundo sem tempo para um completo processo de tomada de decisão. Nesses casos, os jogadores confiarão em suas capacidades de intuição. A intuição permite que os jogadores tomem uma decisão instantânea, pois podem identificar imediatamente uma opção apropriada com base na situação que enfrentam.
A experiência necessária para a tomada de decisões corretas é adquirida quando o atleta é exposto às mesmas situações nos treinos. Driblar entre cones ou a passar a bola sem oposição não ajudam à perceção das situações e à solução dos problemas.
É no jogo normal ou reduzido (Small sided games) que os jogadores identificam as situações.
É usando métodos de ensino apropriados como o TGFU (teaching games for understanding) ou descoberta guiada que os atletas reconhecem o que ocorreu.
Considerações finais
Os constrangimentos em contexto de jogo afetam as tomadas de decisão que constituem a base para uma conclusão bem-sucedida de uma ação.
O basquetebol é um desporto competitivo e por isso exige uma abordagem realista e centrada no “skill”.
Desperdiçar horas desenvolvendo a técnica sem o desafio do jogo não responde às reais necessidades O malabarismo com bolas horas a fio pode melhorar a técnica, mas não chega para exponenciar o desempenho no jogo.
Jogar é a parte mais divertida e por isso o treino deve imitar o jogo.
No jogo os atletas têm maiores dificuldade em se reajustar ás situações de jogo que mudam constantemente.
O atleta deve possuir duas qualidades essenciais: armazenar informações para uso futuro e adaptar seus padrões de coordenação quando necessário.
Técnica e “skill” não são concorrentes, mas complementares.
Um ambiente descontextualizado e isolado pode ser um cenário fantástico para o atleta aprender e para uso futuro, todavia essa aprendizagem deve mais tarde ocorrer num ambiente de treino mais rico e contextualizado representativo da competição.
O desafio mais importante para os treinadores é usar métodos de treino apropriados e perceberem quando devem priorizar o desenvolvimento técnico ou quando dar maior relevância ao treino do “skill”; o grande problema reside na forte fixação do treinador em aprimorar a técnica em vez de procurar o equilíbrio adequado e o desenvolvimento dos “skills” em ambiente competitivo.












