Em março de 2000 foi criado o Comité Nacional de Minibásquete. A sua composição, conforme já mencionado no artigo de 31/12/24. “Celebrar a vida”, era a seguinte:

Presidente
Hugo dos Santos

Adjunto do presidente
Carlos Roque Vieira

Vice-Presidente | Área do Masculino
Dr. Pires Antunes

Vice-Presidente | Área do feminino
Drª Isabel Ferreira

Área do Marketing
António Carlos

Área da arbitragem
Virgílio Paula

Neste meu propósito de dar contributos para a história do minibásquete, agora chegou o momento mais difícil para mim. Até ao ano de 2000 tentei reunir dados e factos para esse desígnio, contudo a partir de março de 2000, quando por sugestão do Prof. Manuel Fernandes fui convidado pelo General Hugo dos Santos, para ser Diretor Técnico do Minibásquete, muito do que aconteceu na história do minibásquete desde então passou pelo meu contributo. Tudo o que foi feito para tirar o minibásquete do marasmo em que tinha caído nos anos 90, nunca seria possível sem a ajuda e o envolvimento de muitas pessoas e a quem, quero desde já, publicamente agradecer. Muitas serão mencionadas, outras às quais peço desde já as minhas desculpas, não serão referidas, mas as minhas memórias não dão para tudo.

Numa fase inicial, quando sempre em “part-time”, tomei conta do minibásquete, tenho de referir duas pessoas, que dentro da federação, desde o início muito me ajudaram, a Drª Helena Cunha Oliveira e o Prof. António Lopes. Mais à frente, na medida que for narrando a história do minibásquete desde 2000, falarei dos seus contributos.

Contudo, muito mais do que relatar factos e a evolução do minibásquete a partir de 2000, penso ser importante expor a lógica das opções, que fui tomando e aos poucos fui pondo em prática. Transcrevo agora passagens de um documento que elaborei em 2000 expondo a missão e os objetivos do CNMB, que tinham como ação primordial a massificação do minibásquete e colocar o tema do minibásquete na atenção do universo da modalidade. No documento Projeto Plano de Ação Desenvolvimento do Minibásquete – Multiplicar 2000 estavam definidas a missão e os objetivos.

Missão

• Definir as linhas orientadoras da atividade do minibásquete e elaborar o Plano de Atividades do CNMB.
• Apoiar a criação e desenvolvimento dos Comités Regionais de Minibásquete.
• Desenvolver e apoiar projetos que conduzam à melhoria quantitativa e qualitativa do minibásquete

Objetivos

1. Introduzir e aumentar significativamente a importância social e desportiva do minibásquete em todos os concelhos, através dum salto quantitativo e qualitativo dos seus agentes: praticantes, treinadores, monitores, animadores, dirigentes e árbitros (amigos).
2. Demonstrar às diversas entidades, organismos oficiais, câmaras, empresas e comunicação social as potencialidades desta atividade e a capacidade e qualidade organizativa do CNMB.
3. Levar a todos os concelhos, dando expressão nacional à prática regular, sistemática e contínua do minibásquete no país.

Para elaborar este documento falei com várias pessoas, e quem me sugeriu o terceiro objetivo, foi o amigo Jorge Adelino.

No intuito de tentar pôr em prática este objetivo resolvi fazer o levantamento de quantos habitantes e crianças, dos 6 aos 12 anos o universo alvo do minibásquete, havia por concelho. Os números obtidos deram logo para entender muitas coisas.

1. O universo alvo do minibásquete nesse tempo em que só havia inscrições a partir dos 6 anos feitos, era de 700 786 crianças dos 6 aos 12 anos.
2. Este dado representa que 6,7% da população em Portugal eram crianças dos 6 aos 12 anos.
3. Esta informação permitia verificar quais eram os concelhos envelhecidos e os concelhos com população mais jovem, lembro-me que nesse ano o concelho mais jovem em que esta percentagem estava acima dos média do país e era a mais elevada era Braga. O concelho de Lisboa, sendo, como ainda hoje, o concelho mais populoso do país estava uns furos abaixo da média nacional. A população jovem no distrito de Lisboa residia sobretudo nos concelhos limítrofes da cidade.
4. O concelho com menos crianças dos 6 aos 12 era o concelho de Barrancos com 126 crianças.

Este levantamento deu para entender que o objetivo de existir minibásquete em todos os concelhos seria um pouco difícil. Estes dados e a minha experiência, fruto de ter percorrido o país inteiro, deu para entender, que não era fácil haver minibásquete em concelhos com menos de 15.000 habitantes.

Nos 16 anos que estive na federação, sem contar as deslocações que fiz em comboio e as viagens que fiz às Associações das regiões autónomas dos Açores e Madeira, percorri nos no meu carro mais de 450.000 kms e marquei presença em 161 dos 308 concelhos do país.

O motivo pelo qual era muito ambicioso o desígnio de ter pelo menos um núcleo de minibásquete em todos os concelhos do país é facilmente explicável. A título de exemplo, se conseguíssemos uma equipa de minibásquete com 12, 13 praticantes incluindo crianças dos 6 aos 12 anos e de ambos os géneros em Barrancos, ou seja, uma equipa mista incluindo Minis-8, 10 e 12 estamos a falar de 10% da população universo de Barrancos. Se quiséssemos ter por género e por escalão uma equipa de minis nesse concelho não havia crianças suficientes. Se extrapolarmos os 10% para o universo global do país estaríamos a falar, incluindo ambos os géneros e os três escalões Mini-8, Mini-10 e Mini-12, mais 70.000 a praticar minibásquete incluído ambos os géneros e os 3 escalões mencionados.

Talvez fosse interessante fazer um levantamento da realidade atual, e de que modo poderia o minibásquete contribuir para a integração do número de crianças estrangeiras que certamente cresceu desde o princípio do século.